Real Madrid foi mais uma vez financeiramente impecável
O Real Madrid vem ano após ano provando que a grandeza esportiva deve estar diretamente ligada ao compromisso de gestão. O último balanço financeiro do clube da capital espanhola confirma essa necessidade. Os clubes brasileiros não conseguem, por conta de décadas de más administrações, entender como as coisas funcionam.
Apesar de ter caído para a segunda colocação no ranking de maior faturamento do futebol mundial, ainda assim acumulando um crescimento de 1%, a equipe do presidente Florentino Pérez deu um show na condução das finanças da instituição. O clube consegue se proteger da dependência econômica sobre qualquer um dos quatro pilares de arrecadação definidos por seus gestores: direitos de transmissão, Santiago Bernabéu, Marketing e ações comerciais em pré-temporada. Dos 757 milhões de euros de faturamento total em 2018/2019, 22% (€166,54M) corresponderam ao seu estádio; 23%(€174,11M) foram direitos de transmissão; 39% (€295,23M) ações de Marketing e 15% em ações comerciais de pré-temporada. Os números do balanço, conforme orientação de economistas, não são somados os valores obtidos com a venda de atletas.
Na imagem abaixo também podemos perceber a evolução do trabalho nos últimos 20 anos. Na temporada 1999/2000 o Real Madrid faturou 118 milhões de euros, sendo 39% (€46,02M) correspondentes à direitos de transmissão. É mais de 1/3 da arrecadação nas mãos das competições e suas emissoras oficiais, um risco que grandes clubes fogem cada vez mais. A redução para 23% em 2019 é uma vitoria a mais para Florentino. Hoje o Marketing, que tem nas mãos o maior ativo da instituição que é a sua imagem, carrega 39% da responsabilidade da arrecadação, enquanto no ano 2000 esse número não chegava aos 30%.
Foto da demonstração da divisão da arrecadação total: Management Report & Financial Statements 2018-2019 |
Dívidas, despesas e lucros
A ideia de que clubes europeus não tem dívidas é uma grande utopia. Eles tem sim, e são bem grandes. O total de passivos do Real Madrid chegou, em junho de 2019, aos 606 milhões de euros. No entanto, os clubes na Espanha não possuem dividas fiscais, pois toda a dedução é feita diretamente na fonte. Outra ponto importante, é saber que essas contas estão em dia, não existem juros por atraso e reparcelamentos. Em 2019 a direção pagou 174 milhões em dívidas, sendo 50 milhões em empréstimos bancários e 124 milhões referentes a investimentos de infraestrutura e parcelamento de jogadores. Esses investimentos acontecem todo ano, a diferença é que são feitos de acordo com a possibilidade de pagamento baseada no fluxo de caixa de cada ano fiscal. Quem não investe, não cresce.
Fonte: Management Report & Financial Statements 2018-2019 |
O maior custo operacional está, obviamente, no futebol. Só em salários para a equipe principal o clube desembolsa €431 milhões por ano, quase 57% da arrecadação total. Apesar de altíssimo, ainda é um número muito mais saudável do que apresenta o maior rival Barcelona, por exemplo, que deixa na conta de seus jogadores quase 65% do faturamento (€841 milhões em 2018/19). O lucro bruto da instituição foi de 52 milhões de euros em 2019, tirando os imposto sobre o lucro (37%), soma um lucro liquido de €32 milhões.
Levando em conta o alto valor operacional de um clube desse tamanho, que chegou aos 705 milhões de euros na temporada passada, é simplesmente impressionante a apresentação de um lucro líquido de 4,8% ao final do ano fiscal. Para se ter uma ideia, só com esse número positivo de 2019, a instituição consegueria pagar todo o custo previsto com o basquete para 2020-2021. Uma aula de gestão digna de aplausos!
Fonte: balanco oficial Real Madrid CF
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