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Neymar Vs Coutinho: números e desempenho



A esperança de um torcedor é alimentada pela sua imaginação. Quem compraria um ingresso para o show do Paul McCartney, esperando ver o guitarrista da banda se destacar? Isso não é uma possibilidade. Assim foi antes do mundial. Ninguém falava em outro nome para a seleção brasileira. Era "Neymar' pra lá", "Neymar pra cá", "essa é a copa do menino Ney", e por aí vai... De fato, o camisa '10' do PSG apresentou uma lista de boas referências para que pensássemos dessa maneira. As atuações pelo clube francês foram - apesar das polêmicas - de encher os olhos; fantásticas em alguns momentos. Por isso, como não lembrar da lesão que tirou o craque da Uefa Champions League a 4 meses da copa? A comoção, misturada com tamanha preocupação, atingiram proporções inimagináveis, ocupando a primeira página por jornais do mundo inteiro. 

Enquanto isso, um jogador que se arriscou trocando de clube a 6 meses da competição mais importante da carreira, corria por fora. Coutinho não teve vida fácil desde que chegou ao Barcelona, um estilo de jogo muito diferente ao que o jogador criado pela base do  Vasco estava acostumado. De cara, a pressão de ser colocado por muitos como o possível substituto de Andrés Iniesta, que seguiu ao para o futebol japonês. Depois, foi deixado no banco de reservas em vários jogos, mesmo não podendo jogar a Liga dos Campeões. A coragem foi recompensada. Aos poucos, o novo camisa '14' do clube catalão foi mostrando as credenciais que o fizeram o jogador mais caro da história de um dos maiores clubes do futebol mundial. 

Chegamos na Rússia: Contra a Suíça, um Neymar que parecia buscar os holofotes e uma boa encrenca para mostrar que ali, naquelas veias, corria um "sangue quente verde e amarelo". Porém, na humilde opinião desse que vos escreve, atrapalhou assustadoramente o time. No mesmo jogo, um tal camisa '11' fez o que se espera do camisa '10'; conduziu a seleção durante o jogo mais difícil da primeira fase. Fez um lindo gol, e se apresentou muito bem ao ataque. Buscou durante todo o jogo uma aproximação com Neymar, sem sucesso, na maioria das vezes o nosso grande craque estava atirado ao piso. 

Contra a Costa Rica, mais uma vez Neymar não foi capaz de ser o grande jogador que todos sabemos que é. Irritado, xingou a arbitragem, o adversário e a vida por ser "tão dura com ele". Em uma cena bizarra, sofreu um penalti que só se marca a olho nu e com o lance rápido. O que o "menino Ney" esqueceu, é que o sistema de vídeo chegou ao futebol. E chegou para tirar a razão do astro. E no meio disso tudo, Coutinho outra vez conduziu a seleção, finalizando pela primeira vez logo aos 7 minutos. Mais solto, por ter feito uma boa partida, se apresentou mais, arriscou mais, e marcou um gol salvador aos 46 minutos da segunda etapa. Não podemos esquecer que Neymar também marcou seu gol 6 minutos depois; pra descarregar a tensão. O camisa '11' foi - pela segunda vez - eleito o melhor em campo, mas quem roubou a cena foi o camisa '10', que se derramou em lágrimas ao apito final. Manchetes garantidas! 

Não estou aqui pra detonar Neymar, muito pelo contrário, espero muito dele. E talvez tenha começado uma fase mais afável para alguém de tanto talento, que  às vezes parece esquecer quem é. A Sérvia já enfrentou uma versão mais perigosa de Ney. Mais objetivo, mais agudo e, por mais incrível que isso possa parecer;  que se manteve  de pé por boa parte do confronto. No entanto, sem querer ser repetitivo, Philippe Coutinho chamou de novo pra sí a responsabilidade. Velocidade pelo meio, tabela com Neymar pelas pontas, apresentando-se na intermediária pra bater e organizando o meio campo canarinho. Sem contar a linda assistência que resultou no gol de Paulinho. Quem poderia dizer que essa é só a primeira Copa do 'pequeno Mago'? Quanta personalidade! 

Termos alguém tomando as rédeas de uma equipe que já tinha um nome eleito para ser o destaque a 4 anos atrás, é algo ruim? obviamente que não! Mostrar que não sofremos com a famosa "Neymar-dependência", é a afirmação de um trabalho conduzido de maneira magistral pelo Seu Adenor, que deu vida a uma seleção que vinha sendo destruída nas mãos de Dunga. Enquanto a Argentina se arrasta se Messi não é genial, Portugal se converte em 'nada além de qualquer coisa' sem Cristiano Ronaldo; o Brasil continua sendo o Brasil "sem" Neymar. Isso é demais, afinal, esse é um esporte coletivo. 

Pra terminar, deixo um gráfico que comprova a frieza dos números. É um comparativo entre Neymar e Coutinho, que assim como nos números da camisa, que dentro do imaginário do torcedor a '10' tem que ser vestida pelo grande nome do time, as estatísticas não mostram o enorme abismo que há entre as atuações dos dois jogadores. Assim me despeço, com a esperança de ver Neymar sendo mais Neymar, e Coutinho cada vez mais... Coutinho. 




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