Números reais apontam: O Barça fechou 2019 no vermelho
Seguindo uma tendência tipicamente brasileira, o Barcelona passou a complementar sua demonstração financeira para evitar que a instituição fechasse os dois últimos anos fiscais no vermelho. A venda de jogadores, que normalmente não é apresentada no balanço anual de clubes europeus, fez com que Josep María Bartomeu conseguisse entregar um pequeno lucro a seus sócios.
Os pilares que concentram o balanço barcelonista são: Estádio, Mídia (direitos de transmissão), Marketing Comercial, Transferências e Empréstimos de Atletas e Reversão de Prejuízos. O clube faturou na temporada 2018/2019, sem as transferências, 876 milhões de euros, a maior arrecadação do futebol mundial no período. Contudo, as contas do Barcelona passaram definitivamente dos limites aconselhados pela FIFA. Por esse motivo, a direção financeira adicionou ao documento os valores recebidos pelo clube com venda e empréstimos de jogadores, que foi de 114 milhões de euros até junho de 2019, apresentando assim um faturamento total de €990 milhões. A ação repete o que já havia sido feito em 2018.
A principal forma de arrecadação é com o Marketing, quesito que o clube sempre se mostrou ligado às tendências de mercado. Dos 990 milhões de euros totais, €325 milhões correspondem a esse pilar, ou seja, cerca de 32,8%. Os direitos de transmissão também tem um papel importante no balanço, chegando aos 298 milhões de euros (30,1%). Estádio (€212M - 21,5%), Transferências (€114M - 11,5%) e Reversão (€41M - 4,1%) completam a lista.
Confira abaixo a demonstração oficial:
Destaques em despesas:
Em 2019, o custo operacional do clube subiu de €882 milhões para 973 milhões de euros, um salto de 14% (€90M). Os salários desportivos correspondem a 671 milhões de euros (68%) - contando todas as modalidades. No documento, a diretoria afirma que o aumento de 5% na folha dos atletas de um ano para o outro, é por conta da incorporação das novas contratações da equipe principal de futebol e que, sem isso, se repetiria os €639 milhões da temporada anterior. Os vencimentos dos demais funcionários e executivos representou 51 milhões de euros (5%) no período, subindo cerca de 19%. Os gastos com a gestão é o mais impactante depois dos salários, chegando a estratosféricos €200 milhões (21%) em 2019, um aumento de 27% em comparação com 2018. E o pior: a projeção para 2020 era de um aumento de 12% no quesito. O investimento em reformas estruturais custou €51 milhões (5%), fechando assim o montante de 973 milhões de euros.
Confia a demonstração oficial:
Especialistas em finanças no esporte demonstraram preocupação com os números apresentados pela direção do FC Barcelona em 2019, pois sem a adição dos €114 milhões referentes à venda de jogadores, o Barça fecharia o ano fiscal europeu com um déficit de 97 milhões de euros. Levando em consideração as práticas adotadas - acertadamente - por 90% dos clubes do velho continente, os catalães tiveram um retrocesso de pelos menos 15 anos ao adicionar números que deveriam representar lucratividade, afim de cobrir a excessividade de gastos.
Mesmo com todo esse cenário montado para demonstrar mínima solidez financeira, o fechamento é decepcionante. Enquanto o início do balanço apresenta uma histórica arrecadação, a lucratividade, mesmo sendo fabricada, é preocupante. O clube apresentou um lucro bruto de 17 milhões de euros, cerca de 1,7% do total arrecadado. Como foram usadas receitas oriundas de venda e empréstimos de jogadores, a dedução fiscal é ainda mais dura. Com isso, o lucro líquido do Barcelona foi de apenas 0,46%; totalizando 4,5 milhões de euros.
Revisamos também a projeção apresentada pelo clube para o exercício 2019/2020. Encontramos, sem analisar muito, um problema crônico de clubes brasileiros. O Barça projetava faturar 124 milhões de euros com a venda de atletas, enquanto esperava arrecadar ao todo €1,047 bilhão. Além disso, os gastos também previam aumento, passando para €1,007 bilhão. Sendo assim, se as vendas esperadas não acontecessem, o déficit seria inevitável. Erros graves que colocaram grandes clubes do nosso futebol à beira da falência, sendo repetidos pela maior potência de arrecadação do futebol mundial.
As projeções, claro, não cabem mais, considerando os efeitos da pandemia do novo Coronavírus.
Projeção exercício 2019/2020:
Fonte: documento oficial de balanço financeiro FCBarcelona.com
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