Estudar ou jogar futebol?
Se fizermos uma
rápida pesquisa no Brasil, perguntando as pessoas se estudar é importante,
certamente a grande maioria irá dizer que sim. O grau de escolaridade da
população brasileira tem aumentado ao longo dos anos, os pais, que antigamente
tinham dificuldades de acesso à educação, têm cobrado e apoiado os seus filhos
a estudar. Mas, se perguntássemos a essas mesmas pessoas, se para um jogador de
futebol estudar é importante, o que diriam? E se fizermos essa mesma pesquisa
entre os jogadores de futebol daqui, como seriam as respostas?
Apesar do
reconhecimento de que, estudar é necessário e importante, essa opinião parece enfraquecer
quando olhamos para os “atletas especiais”, aqueles que a vida deu um belo
sorriso largo e generoso. Existe um pensamento fantasmagórico de que, todos os
jogadores de futebol são milionários, têm casas luxuosas, carros, muito
dinheiro, condição para sustentar suas famílias, amigos e por aí vai...
Estamos
enganados. Para a grande maioria dos atletas que alcançam o futebol
profissional no Brasil, essa não é a realidade. Segundo dados divulgados pela
CBF, 83,3% dos jogadores com registro profissional no Brasil ganham até mil
reais por mês e por volta de 4% apenas dos jogadores de futebol ganham mais de
5 mil reais. Esses números causam muita estranheza, porque estamos acostumados
a considerar apenas os grandes jogadores dos clubes da série A, mas eles são a
exceção, e não a regra.
O poeta Gabriel Pensador já
dizia: No país do futebol, o sol nasce para todos, mas só brilha para poucos!
Sonhar é
permitido, e não sou eu que vou colocar água no Chopp de ninguém, mas
analisando a “grosso modo”, a probabilidade de sucesso estudando e seguindo
carreira na área escolhida, é muito maior do que tornar um jogador de futebol
profissional.
Na faculdade,
estudei sobre a tese de doutorado do filósofo Mário Sérgio Cortella (A escola
do futuro). Ele fala sobre o pessimismo ingênuo que ocorre nos dias
de hoje, é uma concepção que defende a ideia de que a função da escola é apenas
servir ao poder e não atuar no desenvolvimento da sociedade, uma ideologia
dominante e formatada, ou seja, o professor/educador seria um mero funcionário
das elites. Partindo deste ponto de vista, a escola não teria autonomia, sendo
manipulada pelas classes dominantes da sociedade. O pessimismo dessa vertente
vem da desvalorização da sua capacidade como mecanismo, sem poder usar métodos
como massa de manobra para conquistar um equilíbrio social.
Obviamente que, para ser um atleta
profissional aqui no Brasil, não importa o desempenho escolar, no entanto; deveríamos
entender e compreender que a educação é um bem por si só, e não somente uma
“escada” para conseguir algum benefício ou um emprego melhor. A educação por si
só não transforma a sociedade, entretanto, transforma o ser humano, que é capaz
de transformar a sociedade.
Referências: CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 15ª edição. São Paulo: Cortez, 2016.
Nenhum comentário