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Memória afetiva




Existem coisas na vida que são extremamente claras para quem entende minimamente a natureza humana. Sim, eu sei que as pessoas podem mudar, mas em curto prazo é quase inimaginável isso acontecer. Neymar trata o PSG com a mesma falta de profissionalismo que tratou o Barcelona há dois anos, algo que, sinceramente, eu já esperava. Quando deixou o Santos em 2013 também não foi respeitoso, pois deixou, sem um pingo de dúvidas, o clube que o criou sofrer um grande prejuízo financeiro ao esconder o real valor da transferência. 

A janela de verão europeia está bastante agitada para os torcedores culés, que já comemoram a chegada do holandês De Jong e o do francês Antoine Griezmann. Porém, o que mais tem provocado euforia é sem sombra de dúvidas o possível retorno do brasileiro, que tem no Barça uma espécie de memória afetiva, já que foi no Camp Nou, ao lado de Messi e Suárez, que o jogador viveu seus últimos grandes momentos na Europa. Mas, esse reencontro tende a ser muito complicado. 

O primeiro ponto é que o ex-camisa 11 blaugrana está afetando o orgulho do presidente do Paris Saint-Germain, Nasser Al Khalaif, que deixou claro que não vai facilitar em nada. E nem deveria mesmo, já que os 222 milhões de euros nem de longe se justificaram em duas temporadas. Outro ponto é que o Barcelona precisa urgentemente fazer caixa, já que investiu mais de 200 milhões de euros só na atual janela de transferências, deixando a FIFA atenta à todos os movimentos do time catalão. A movimentação em torno da negociação batizada como "operação Neymar" pela imprensa espanhola, tem deixado incomodados outros jogadores do elenco, como o brasileiro Philippe Coutinho e o francês Dembélé; que devem ter algumas interrogações sobre suas permanências ou não na Catalunha. 

O fato é que a direção do Barcelona tem sérias dificuldades quando o assunto é a condução de negociações importantes, costuma deixar 'correr solto', e isso representa um perigo enorme para a instituição. A opinião quase insignificante deste que vos escreve será apresentada agora, a opinião de um torcedor apaixonado, que assiste de longe com um olhar preocupado tudo o que acontece na capital catalã. 


Opinião do redator: 

Nunca, em hipótese alguma, um jogador pode ser maior do que um clube. Neymar, com o apoio incondicional do pai, acredita ser maior do que o PSG. Há quase dois anos exatos o mundo acompanhou uma novela dolorosa para nós barcelonistas, uma novela que se arrastou por largos dois meses, tendo um desfecho quase inacreditável. Inacreditável porque confiávamos que o nosso '11' seria o sucessor do maior de todos os tempos. Inacreditável porque não imaginávamos que alguém seria capaz de pagar uma cláusula tão estratosférica quanto àquela de 222 milhões de euros. Inimaginável porque no auge da nossa arrogância, acreditamos que a camisa valeria mais do que qualquer coisa, para qualquer jogador que buscasse a grandeza. Mas descobrimos da pior maneira que alguns buscam engrandecer o nome estampado nas costas, sem se importar com o escudo que carrega no peito. 

Neymar não quer voltar para a Espanha porque descobriu que o Barça é a sua casa e que jogar ao lado de Messi é mais valioso do que os 30 milhões líquidos que recebe por ano na França. Ele quer voltar porque acredita que só assim poderá recuperar o prestígio que perdeu, pois ser aceito de volta após um espetáculo tão patético quanto foi sua partida em 2017, seria a prova de que ele ainda tem jeito. Contudo, ele faz com o PSG o que fez com o próprio Barcelona pouco tempo atrás, força o rompimento, pois nem passa pela cabeça negociar como qualquer profissional normal. Vejo tentando regressar ao clube não um jogador que teve momentos memoráveis com a camisa azul e grená, mas sim o cidadão que cobrou 26 milhões de euros referentes a um bônus de renovação de um contrato não cumprido. Que nem sequer teve a decência de ao menos tentar negociar sua saída, ou seja, sair pela porta da frente. Os erros se repetem. 

Me divido entre o benefício de um retorno, pelo imenso talento que há por detrás de uma grande falta de conteúdo profissional, e a certeza de que o Barcelona definitivamente não precisa do Neymar. Há potencial técnico, no entanto, falta comprometimento e respeito. 

Manteria Coutinho, Dembélé e os demais, e deixaria o camisa '10' da seleção brasileiro viver o destino que escolhera. 

Foto: Yahoo Esportes

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