Raio X da NBA - Oeste
Uma temporada simplesmente surpreendente. Ao contrário do
que a maioria dos fãs de NBA imaginava, o ano até aqui está repleto de
narrativas interessantes. Times descreditados mostrando boas atuações,
evoluindo seus jovens talentos e dando muito trabalho a equipes mais
estabilizadas e talentosas. Por outro lado, verdadeiras potências sofrendo com
problemas internos, lesões e falta de entrosamento. Jovens estrelas mostrando
que serão referência em pouquíssimo tempo e alguns “busts” que ficaram evidentes.
Diante disso, segue uma breve análise do que cada franquia
produziu até aqui e o que podem mostrar de diferente. Assim como os objetivos de cada um e
um palpite de até onde podem chegar. Sabendo que a parada para o All- Star e a
Trade Deadline se aproximam e podem mudar os rumos do campeonato, vale a pena
apontar os méritos e defeitos das 30 franquias passada a primeira metade da
temporada.
Conferência Oeste
1º - Golden State Warriors
Campanha: 36V/14D
A máquina de jogar basquete enfim está completa. De Marcus
Cousins estreou contra os Clippers e com menos de 20 minutos em quadra já
mostrou estar recuperado. A Dub Nation deixou claro aos concorrentes que será
quase impossível batê-los em 7 jogos, embora alguns problemas internos no meio
do caminho até dessem esperanças aos rivais de que o próprio núcleo sabotaria o
processo. Mas, aparentemente, passados quase 50 jogos da temporada, os bastidores
apresentam um ambiente melhor.
O grande trunfo dos Warriors, por mais óbvio que possa
parecer, é justamente o excesso de talento. Curry não precisa marcar 60 pontos
em todos os jogos. Klay Thompson não tem que matar bolas de 3 à rodo. Durant não tem que definir todos os lances nos
últimos dois minutos e tampouco Cousins tem a tarefa de carregar o piano como
em Sacramento. As coisas acontecem naturalmente. E apesar da queda no nível do
banco de reservas, quase todas as rotações possíveis deixam ao menos 1 All- Star
em quadra. Bizarro.
A partida contra os Nuggets foi uma amostra desse monstro
que é o Golden State: 51 pontos no 1º Quarto, 60% em aproveitamento de quadra,
53% em arremessos de 3 pontos e 50 rebotes, sendo 12 ofensivos. Para quem
assistiu à partida, ficou a sensação de que o Denver, então líder de
Conferência, parecia um time de G-League.
Aceitar que os Warriors são um dos maiores times da história
não é fácil, sobretudo pela maneira estranha que este time foi montado. Durant
deixou uma rivalidade que poderia ser histórica para transformar uma equipe em
um mutante e Cousins basicamente rasgou dinheiro em troca de um anel de
campeão. Talvez o melhor a se fazer seja sentar e assistir o que eles juntos
podem fazer e testemunhar a história sendo escrita diante dos olhos. Por que é
bem possível que não se veja outra equipe com 5-All Stars juntos tão cedo.
Palpite: Campeão com sobras
2º Denver Nuggets
Campanha: 35V/15D
Nikola Jokic foi escolhido na 41ª Posição do Draft de 2014(!!!), e a sorte aparentemente sorriu para os
lados do Colorado. Basicamente um pivô que não enterra e tem melhor média de
assistências do que Stephen Curry e Damian Lilard, Jokic é protótipo perfeito de
um 5 Atual: Arremessa bem de média e longa distância, extremamente inteligente
com a bola nas mãos e dono de uma Work Ethic irretocável. Ao lado de Gary
Harris e Jamal Murray, Denver tem um núcleo jovem e capaz de carregar a
franquia por muitos anos. O sérvio foi uma aposta de segundo round que tem potencial
para ser o melhor pivô da NBA e um dos melhores estrangeiros da história. Harris
chegou em uma troca com o Chicago Bulls e Jamaal Murray foi um achado de sétima
escolha extremamente bem feito. É bem verdade que as renovações de Jokic e Will
Barton ultrapassaram o Sallary Cap e causaram movimentos como a não renovação
de Kenneth Faried e a perda de algumas escolhas de Draft, porém, construir um
alicerce em um time onde a Free Agency não é tão atrativa foi uma decisão
acertada. A chegada de Paul Millsap, veterano consagrado, e os contratos de
pechincha por Isaiah Thomas e Michael Porter Jr dizem muito do que Denver pensa
sobre si mesmo: um time que precisa ser constante e cirúrgico em seus
movimentos. Qualquer coisa que ambos tragam para a quadra será lucro.
A falta de melhores suplentes pode pesar contra na pós
temporada, e talvez os próprios torcedores tenham consciência de que este ainda
não é o ano de Denver. Ter paciência pra que seus jovens evoluam e sejam
verdadeiros Franchise Players é o mais correto e num cenário que não se sabia
muito bem para onde ir, as montanhas do Colorado parecem mais bonitas vistas de
cima.
Palpite: Semi- Finais de Conferência
3º - Oklahoma City Thunder
Campanha: 32V/ 18D
Paul George, Russell Westbrook e Steven Adams: um trio de
máximo respeito. Com tanto talento reunido, as vitórias inevitavelmente aparecem.
Ao libertar-se do fardo que era Carmelo Anthony, OKC deu a
PG13 a liberdade e o espaço necessários para que ele mostrasse o assombroso
jogador que é, fazendo provavelmente a melhor temporada de sua carreira. O entrosamento com Westbrook foi instantâneo
e melhorou demais na offseason. Paul divide o protagonismo e em muitos momentos
assume o controle como fazia nos Pacers. Russell segue sendo uma aberração
atlética e aparenta ter desenvolvido o
raciocínio de jogo que sempre lhe faltou; mais cadência e menos explosão. Mais
dono do time e menos individualista. Adams garante rebotes preciosos, tocos
imponentes e uma raça até rara de se ver
na liga.
A estranha folha salarial trava uma última troca em busca de
um encaixe que faça o Thunder ser um legítimo contender. OKC tem a segunda
maior folha salarial (atrás apenas do Heat) e paga mais de 40 milhões de
dólares em Luxury Tax. Os salários de
Andre Robertson, (um jogador que basicamente só defende), Dennis Schroeder (muito bom, porém reserva), Jerami Grant (idem ), Patrick Patterson e Alex
Abrines somam incríveis 45 milhões de dólares, o que equivale a um contrato de
All-Star ou de dois nomes muito bons.
A falta de mais uma peça titular que defenda bem e pontue
com consistência (como Tobias Harris) e a pouca produtividade dos suplentes (Raymond Felton, Kyle Singler e Timothe Luwawu fazem parte do elenco) não dão
boas esperanças de sucesso na pós temporada, porém a presença de um autêntico
Big 3 jamais pode ser subestimada.
Palpite: Semi- Finais de Conferência.
4º - Portland Trail Blazers
Campanha: 32V/20D
Um time que não costuma ser atrativo na Free Agency e tem a fama
de Drafts ruins (LaRue Martin em 72, deixando passar DR Julius Erving e Bob
McAdoo, Sam Bowie em 84, à frente de Michael Jordan e Charles Barkley, e Greg
Oden em 2007, preterindo Kevin Durant, Al Horford e Mike Conley), consegue se
manter estável e frequentando playoffs em 5 anos seguidos. Este é o Portland
Trail Blazers. O time parece estar batendo seu teto de produção, e muito disso
se deve ao ótimo trabalho de Terry Stotts como Head Coach. Tirando o máximo do
seu ótimo backcourt de Damien Lillard e CJ McCollum, as constantes idas à pós-
temporada mostram que o técnico é melhor do que parece e a equipe enquanto
conjunto não é tão boa quanto poderia. A estranha saída de Ed Davis é só um
exemplo de como o Front Office toma decisões equivocadas sem saber tirar vantagem em ter dois dos
melhores jogadores da conferência em seu time titular. Ainda que se diga que
Zach Collins e Jusuf Nurkic foram achados (e foram mesmo), falta ao Blazers uma
ambição de ser maior. Aparentemente ir aos Playoffs está de bom tamanho e num
curto prazo de tempo esse comodismo pode custar a saída de suas estrelas.
Os contratos absurdos de Moe Harkless, Meyers Leonard e Evan
Turner causam uma inoperância em trocas e impedem tanto um salto de qualidade
quanto uma reconstrução que se aproxima cada vez mais.
Assim como outros times
de mercados menores, os Blazers são o tipo de franquia que não pode se
dar ao luxo de cometer erros, e a julgar pelas decisões recentes e passadas de
seus GMs, cair na vala da mediocridade pode custar caro à equipe do Oregon.
Palpite: Cai na 1ª rodada de Playoffs
5º - Houston Rockets
Campanha : 29V/21D
Monstruosa! Não há adjetivação melhor para definir a
temporada de James Harden. Incríveis 36.3 pontos de média. Ao seu modo, “The
Beard” carrega o piano e conduz uma equipe que parecia fadada ao sofrimento
após mais uma lesão de Chris Paul. As saídas de Trevor Ariza e Ryan Anderson (em menor escala) e o vexame de Carmelo Anthony colocavam um ponto de
interrogação na franquia texana. No
entanto, algumas alternativas mantém os Rockets como força neste banho de
sangue da Conferência Oeste. Clint Capela tornou-se um dos pivôs mais sólidos
da liga (double- double de média em pontos e rebotes), Eric Gordon permanece
como grande sexto homem, além das boas chegadas de Austin Rivers(!) e Kenneth
Faried.
Não fosse a grande fase de Harden, com épicos jogos seguidos
de mais de 50 pontos, é bem provável que a equipe corresse risco de ficar fora
dos Playoffs, mas diante do que está acontecendo a cada partida, embora a
distância para os Warriors tenha ficado grande na disputa pela Seed 1, um mando
de quadra já seria muito bem vindo.
Talvez o grande erro de Houston seja ter dado um caminhão de
dinheiro para Chris Paul. Já veterano e com histórico de lesões, há sempre o
risco de um dos melhores armadores do século deixar a equipe na mão como ano
passado. No entanto, diversos rumores cercam a franquia com a aproximação da
Trade Deadline, na busca de um último esforço para bater de frente com os
algozes de 2018. A eliminação para Golden State, da maneira que foi, deixou
feridas abertas. Os Rockets já se provaram capazes de encarar o desafio de
igual pra igual. Que seja com Chris Paul em quadra. Caso não seja, nunca é bom
apostar contra a Barba.
Palpite: Finais de Conferência
6º- San Antonio Spurs
Campanha: 30V/22D
Não se sabe até quando Greg Popovich estará no comando em
San Antonio, porém uma coisa é certa: Com ele na beira da quadra, a temporada
regular é mera formalidade. Um gênio que certamente terá um busto erguido ao
redor do AT&T Center e que com um elenco de alguns jogadores muito bons ,
coadjuvantes úteis e outros que teriam dificuldades na G-League é capaz de
competir contra qualquer adversário.
Mérito total para
Pop, que extrai o melhor de LaMarcus Aldridge (muito subestimado inclusive) e
DeMar DeRozan, que aos poucos vai esquecendo a mágoa de ter sido trocado. Outros nomes como Rudy Gay, Marco Belinelli e Patty Mills
alternam boas e más atuações e colaboram
em triunfos até certo ponto inesperados. Davis Bertans é a prova viva de que
com um técnico capaz o atleta rende mais do que esperado, e outros role players como Derrick White, Bryn Forbes e
Dante Cunningham são casos que somente a magia de um técnico explicam o fato de
estarem na liga.
De negativo, as lesões de DeJounte Murray e Loonie Walker IV,
minando a evolução de ambos como novas caras da franquia, e a preguiça/indolência de Paul Gasol e seu
salário pesado. Impressiona constatar que o espanhol é um mero ex-jogador em
atividade.
Com um futuro cheio de incertezas e um rebuilding batendo à
porta, de um jeito peculiar e louvável os Spurs vão se
remontando sem precisarem ser tão horríveis para tanto. Apressando algo
inesperado devido a novela Kawhi, o grande risco é dar contratos altos a
jogadores medianos e úteis somente a médio prazo.
Para um time que se acostumou a vencer recentemente, chegar
aos playoffs parece um objetivo raso demais, porém a famosa cultura de franquia
necessita ser mantida para o fim de uma Era que está para chegar em pouco
tempo. A grandeza de Popovich merece.
Palpite: Cai na 1ª rodada dos playoffs
7º - Utah Jazz
Campanha: 29V/23D
Após um início de temporada confuso, o Jazz parece ter
colocado as coisas nos eixos e, enfim, entrou na zona de classificação, de onde
não pretende mais sair. Muito desses
percalços iniciais se devem à ânsia de Donovan Mitchell em ser o Franchise
Player de Salt Lake City. É nítido que ao lado de Rudy Gobert o segundo anista
deve ser a cara do time de Quin Snyder por muito tempo, e até pelo basquete
grandioso mostrado em 2018, as expectativas da torcida e do próprio atleta não
levam em conta a inexperiência de um jovem de 22 anos. Um pouco de cautela em não forçar o crescimento
natural de Mitchell tem o dedo do técnico e relação direta na melhora de desempenho da equipe, que se não bastasse
a remontagem sensacional da franquia com a saída de Gordon Hayward, teve de dar
um jeito de arrumar o estilo de jogo após a lesão de Ricky Rubio. O que parecia
ser um problema deu resultados positivos e com bons desempenhos de jogadores
renegados em outros lugares aliado a um
basquete coletivo, solidário e de
posse de bola, o mês de Janeiro trouxe uma sequência de 11-3, curiosamente pouco
tempo depois da lesão de Rubio e a chegada de Kyle Korver, um dos melhores
gatilhos dos últimos anos. A tradicional inteligência de Joe Ingles, a calmaria
de “Spida” Mitchell, os bons nomes no elenco e a maestria de seu comandante
fazem do Jazz um adversário arisco nos playoffs, daqueles capazes de anular
completamente o que os adversários possuem de melhor.
Palpite: Semi finais de Conferência
8º - Los Angeles Clippers
Campanha: 28V/23D
Com um elenco de jogadores renegados e por muitas vezes
esquecidos por grande parte da mídia, os Clippers buscam uma remontagem após a
saída de suas estrelas. Apesar da presença constante em playoffs e os holofotes
voltados pra si, deixando o Lakers em segundo plano, os resultados concretos
não vieram. As seguidas lesões de Chris Paul e Blake Griffin minaram o sucesso
do primo pobre da cidade.
A reconstrução da equipe vem em um nível até acima do
esperado e grande parte do sucesso se deve a Doc Rivers, muito questionado como
um técnico de alto nível, criando alternativas para manter a equipe
competitiva. Tobias Harris possivelmente joga o melhor de sua carreira, Lou
Williams pontua como ninguém vindo do banco, Danilo Gallinari voltou à boa
forma dos tempos de Nuggets e Montrezl Harrell mostra uma surpreendente
solidez. A lamentar a falha no experimento Teodosic. Considerado (com justiça) o melhor atleta fora da NBA, o sérvio, apesar de craque, não
rendeu o esperado. A adaptação a um jogo muito mais físico e veloz que o
praticado na Europa definitivamente deu errado. Tivesse Milos chegado 5 anos
atrás, é bem possível que a história fosse diferente. O engano no timing da
contratação ficou evidente.
O engenho então parece tomar rumo em Shai Gilgeous-
Alexander. Armador moderno é compatível com o basquete do século 21, o
ex-Kentucky assusta pela versatilidade e
inteligência na tomada de decisões. Necessita melhorar alguns pontos de seu
jogo como arremessos de perímetro e assistências, mas certamente é um projeto
que fará Charlotte se arrepender de tê-lo trocado.
Com vitórias sobre equipes superiores e derrotas para
Atlanta e Memphis Grizzlies, os Clippers não são exatamente o time mais sólido
do Oeste, mas somente o fato de estar na briga por vaga na pós temporada é
muito acima das expectativas iniciais. Los Angeles sempre será um destino
atrativo para agentes livres. A era de estrelas voltará ao Staples Center no
ano que vem?
Palpite: Briga por playoffs
9º - Los Angeles
Lakers
Campanha: 26V/25D
LeBron James é sinônimo de finais e Magic Johnson pensou exatamente
assim ao trazer o King para uma equipe acostumada a grandes nomes. No entanto,
a montagem do elenco parece um tanto quanto confusa e dá a entender que o próximo passo tem de ser
dado. Rajon Rondo, JaVale McGee, Tyson Chandler, Lance Stephenson e Michael
Beasley não são exatamente o futuro de uma franquia, o que indica que o Lakers
quer ser um candidato forte em no máximo 2 anos, mesclando experiência e sangue
novo. Brandon Ingram alterna ótimos e péssimos jogos, Lonzo Ball tem um
potencial gigantesco (se melhorar o arremesso), Kyle Kuzma mostrou além do
esperado, e não se sabe exatamente qual o teto do jovem ala, e Ivica Zubac é uma grata surpresa.
A falta de peças de melhor encaixe salta aos olhos após a
lesão na virilha de James. Desde então, o time tem 6 vitórias e 11 derrotas.
Mais do que isso, o desempenho de alguns jogadores, a falta de ajustes e
rotações estranhas de Luke Walton deixam os torcedores com o pé atrás.
A bomba do pedido de troca feito por Anthony Davis anima os fãs, e imaginar o mono-celha ao lado de LeBron
faz Jack Nicholson esfregar as mãos. A confiança excessiva em fechar contratos
fez Magic perder Paul George e Kawhi Leonard, e ele não aparenta querer cometer o mesmo erro. Boston
tem um pacote muito interessante a oferecer assim que resolver o contrato de
Kyrie Irving, e a rivalidade histórica ganha mais um capítulo. Mas então, o
que fazer? Abrir mão de jovens promessas para ter o melhor pivô da liga? Caso
aconteça, Davis renovará em 2020? Esperar a offseason e confiar na persuasão de Magic Johnson
que já deu errado há pouco tempo? A chegada de Davis faz dos Lakers um
adversário à altura dos Warriors? Como LeBron voltará após uma lesão complicada
e já aos 34 anos? Muitas dúvidas pairam no ar californiano, assim como este
time do Lakers que segue sendo um grande ponto de interrogação.
Palpite: Semi finais de Conferência
Obs: O redator fechou a matéria antes da volta de LeBron contra os L.A Clippers na noite da última quarta-feira (31).
10º - Sacramento Kings
Campanha: 26V/25D
Enfim a capital da Califórnia tem um time pra chamar de seu.
Após anos desastrosos de más decisões, Vlade Divac vêm tirando coelhos da
cartola e, passados 50 jogos, o Kings já está a duas vitórias de igualar o
recorde de 2017/18. Um time jovem e agradável de assistir, que se remontou após
a saída conturbada de DeMarcus Cousins e tem alguns dos futuros grandes nomes
da liga .
É preciso pontuar que a chegada de Peja Stojakovic ao cargo
de GM assistente deu a Divac uma nova voz,
e pela relação próxima entre os dois (atuaram juntos naquele timaço do
início dos anos 2000), aparentemente as decisões estão sendo melhor tomadas em
conjunto. Tiros certos que antes eram raros, como a contratação de Bogdan
Bogdanovic pela bagatela de 8 milhões anuais, a lapidação de Willie
Cauley-Stein (como joga este rapaz) e Buddy Hield, um diamante bruto escondido
e pouco aproveitado nos Pelicans, e o maior de todos, DeAaron Fox, já comparado
a Russell Westbrook. Um armador jovem e maduro ao mesmo tempo, com quase um
Double-Double de média em seu segundo ano apenas. Marvin Bagley tem tudo para
ser um Power Forward de elite, e mesmo que se tenha preterido Luka Doncic no
Draft - Bagley foi a segunda escolha, o “erro” não será tão notado pela boa
evolução da equipe como um todo. Outros
nomes colaboram em menor proporção: os bons e ainda jovens Justin Jackson, Harry Giles, Frank Mason e
Skal Labissiere, produzem bem como reservas. Iman Shumpert voltou a ser útil
para o time, e Nemanja Bjelica tem
momentos de Klay Thompson.
Com o front Office enfim acertando a mão, criando uma cultura de vencer jogos e o
elenco repleto de jovens, o Kings aparece como um time competitivo no presente e
uma potencial força a médio prazo. Divac e Peja sabem o caminho das vitórias. O
futuro é animador. Tanto que passou a ser uma boa ideia acompanhar este time
mais de perto nas madrugadas da Costa Oeste.
Palpite: Briga por playoffs
11º- Minnessota Timberwolves
Campanha: 25V/ 26D
Um pivô jovem e promissor, uma primeira escolha de Draft, um All- Star estabelecido e um técnico calejado e experiente: Este era o
Minnesota Timberwolves no início da temporada. Após quebrar o jejum de
playoffs, a expectativa de evolução da equipe em ser presença constante entre
os oito primeiros do Oeste caiu por terra. Olhando de fora, o clima parece
estar turbulento e as diversas versões
do estopim Jimmy Butler/Tom Thibodeau foram espalhadas em diversos veículos. O
camisa 23, grande reforço no ano anterior, mostrou um lado até então
desconhecido de si, e disse a quem quisesse ouvir que os problemas de
Minneapolis vinham da falta de vontade de Karl Anthony Towns e Andrew Wiggins.
O armador definitivamente caminha para ser um bust gigante, o que é ainda mais
difícil de consertar após a fortuna despejada em seu novo contrato. Mais do que
a falta de evolução, chama a atenção a falta de sangue e gana de carregar, ou pelo menos ser peça importante de uma
franquia carente de ídolos desde Kevin Love. Chega a ser constrangedor notar
que Derrick Rose (saudades eternas), ainda que mutilado pelas mais de 20
lesões, tenha mais foco e pulso - para não dizer outra coisa - do que o jovem
canadense. Um oásis de luta em meio ao deserto de inanição. Thibs foi demitido por não acertar algo que não
tinha mais acerto. Butler chegou para
ser o homem do passo seguinte, não vingou e rumou à Philadelphia. O caso de Towns é um pouco mais obscuro por ter
a personalidade parecida com a de Butler - reservado e de poucas palavras. Os
bastidores com certeza tem as respostas para as dúvidas do que realmente
aconteceu no Target Center.
Algumas apostas em jogadores que fariam sentido na NBA há 15
anos também mostram não existir método nem ciência no que se deseja, ou alguém em sã consciência acredita que contratar
Luol Deng, Anthony Tolliver e Gorgui Dieng agrega e muda um time de patamar? Aparentemente os Wolves, sim.
De positivo apenas as chegadas de peças de qualidade como
Robert Covington e Dario Saric, jogadores que podem ser o recomeço de um lugar
um tanto quanto bagunçado. Após fazer um bom papel contra os Rockets e deixar
um fio de esperança na torcida, a crença cega em Wiggins pode levar os Wolves à
mediocridade em pouco tempo.
Palpite: Morre na praia
12º Dallas Mavericks
Campanha: 23V/ 27D
O futuro a Doncic pertence! Dallas e o mundo se renderam ao
jovem esloveno, subestimado e desdenhado na época do Draft. O já conhecido
orgulho americano deu as caras e naturalmente tanto Phoenix Suns como
Sacramento Kings e Atlanta Hawks (que pra piorar trocou pra baixo por Trae
Young) irão se arrepender por muito tempo. Dono de um talento imensurável, QI
de jogo extremo e poder de decisão altíssimo, o garoto de apenas 19 anos é uma
mistura de Steve Nash e Toni Kukoc, e tem
números parecidos com LeBron James em seu ano de calouro. Além disso, chegou ao
recrutamento como tricampeão da Liga ACB (campeonato espanhol), Campeão da
Euroliga e Campeão do Eurobasket com o Real Madrid. Um currículo invejável e muito acima de
qualquer outro prospecto da supostamente mais competitiva NCAA.
Com a perda de sua escolha de primeira rodada na troca por
Doncic, cabe a Dallas buscar os playoffs até onde for possível. As presenças de
Wesley Matthews e Harrison Barnes tornam a missão um pouco mais complicada. O
primeiro, felizmente, é agente livre irrestrito no próximo ano e com um pouco
de juízo não deve ter seu contrato estendido. Barnes tem mais um ano, caso
queira ficar (e seria bom que não quisesse). O caso DeAndre Jordan é mais
profundo. Alternando boas partidas e momentos que parece estar cansado de ser
atleta profissional, talvez valesse a pena buscar uma renegociação por um preço
compatível com sua idade e desempenho.
Alguns nomes interessante também terão seus contratos
encerrados e seria uma ótima ideia buscar renovações para ter um elenco
homogêneo - Dorian Finney-Smith, Maxi Kleber e Dwight Powell. A lesão de J.J
Barea foi um duro golpe para a franquia
texana, e Dennis Smith JR teve mesmo de produzir algo a mais para manter o time
brigando. Os rumores de troca esfriaram e os aparentes ciúmes de Doncic ficaram
no passado. Apesar de por vezes tomar decisões equivocadas e acelerar sem
necessidade o ritmo, é inegável o talento do jovem, e trocá-lo em seu segundo
ano não seria das coisas mais inteligentes.
A grande história do time, no entanto, é um velho conhecido:
Dirk Nowitzki, que faz provavelmente sua última temporada. Independente de torcer
para os Mavs ou os Spurs, vale a pena conferir o último ato de um dos maiores
jogadores que o mundo presenciou. Um atleta acima de qualquer vaidade,
carismático, genial e que colocou a lealdade como diretriz na carreira. Com o
sucessor do trono recém escolhido, a passagem de bastão não teria mãos melhores
para acontecer. A saudade de seus fade aways, da liderança pelo exemplo, das
recentes corridas arrastadas e dos mais de 30 mil pontos, se aproxima na parte
azul do Texas e de todos aqueles que testemunharam a trajetória de um gigante
em todos os sentidos. Divirta-se e presencie os poucos minutos que restam de
uma lenda viva. Não há como não amar Dirk Nowizki.
Palpite: Briga por playoffs
13º - New Orleans
Pelicans
Campanha: 23V/ 29D
Anthony Davis está de saída e não há nada que se possa dizer
contra ele. Motivos não faltam para o melhor pivô da liga estar farto de não
ter um time para chamar de seu, e se fosse outra grande estrela em New Orleans, é possível
que já tivesse abandonado o barco a mais tempo.
As bobagens do Front Office vêm de longa data: desde as
renovações exdrúxulas de Salomon Hill e E’Twaun Moore, passando pelas trocas
questionáveis envolvendo escolhas de 1
rodada (desde Davis em 2012, a única escolha de New Orleans em 1st round foi
Buddy Hield), e principalmente a teimosia em ter um pivô tradicional ao lado de
Davis. Foi assim com Robin Lopez, Omer Asik, e agora Jahlil Okafor. Na
contramão do estilo de jogo atual, o Pelicans parece estar no início do século.
É sabido que para ter sucesso em mercados menores na Nba, a
receita é simples: Acertar nos Drafts, obtendo futuras estrelas e acima de tudo
desenvolvê-las e oferecer uma equipe competitiva. A segunda etapa é mover-se
corretamente na free agency. Com a desvantagem de não ser atrativa aos
superstars, um time de porte inferior precisa ter a mira afiada pra peças que complementem e agreguem valor.
No caso do Pelicans, os grandes erros foram justamente não valorizar seu
principal ativo. Primeiro, dando um
overpaid temendo em Jrue Holiday mesmo sabendo que o mono-celha seria free agent
em 2020. Em segundo lugar e possivelmente a gota d’água para a decisão de sair
de Louisiana, a omissão total em não agendar sequer uma reunião com DeMarcus
Cousins para ao menos persuadi-lo em ficar por mais tempo - palavras do próprio
Cousins, simplesmente o deixando ir. Como se não bastassem todos estes erros grotescos
já citados, após o pedido formal da troca de Davis circulam informações de que
o Front Office está disposto a ouvir propostas por Nikola Mirotic e Julius
Randle, duas das pouquíssimas peças úteis que o time ainda tem. Inacreditável.
Por incrível que pareça, o cenário até que pode ser melhor
em pouco tempo. Pelo preço justo a equipe pode se reconstruir caso troque o
horrível GM que tem. O Lakers possui alguns jovens interessantes e,
desesperado que está por barulho, pode oferecer muita coisa. Boston tem um
pacote interessante que traria juventude e até New York está no páreo - que tal
uma escolha top 3 do Draft deste ano + Porzingis?
Para este ano, talvez o melhor a se fazer seja esperar a
proposta desejada e perder o máximo de partidas possível melhorando a posição
de escolhas. A reconstrução deve ser pesada e difícil para um time sem grandes
atrativos. Nas mãos de uma gerência competente a equipe poderia ser
incômoda em pós temporada, e mesmo que perdesse
um dos melhores Big Mans do século 21, o rebuilding seria feito de uma melhor
forma, o que com certeza não é o caso. Infelizmente, o New Orleans Pelicans não
merece Anthony Davis.
Palpite: Queda livre
14º - Memphis Grizzlies
Campanha: 20V/32D
A era Conley Gasol se aproxima do fim, e a bem da verdade é
necessário que Memphis pense mais em seu futuro e solte as amarras que o prendem
ao passado recente de boas recordações. O início de temporada até que foi bom e o Tanking do ano
passado parecia um mero acidente de percurso, porém, o desenrolar deixou exposto
algo que era meio que evidente: Por melhor que ambos fossem, não seria possível
carregar mais a equipe como faziam antes. Algumas escolhas duvidosas, como reencarnar
Joakim Noah e o contrato dado a Kyle Anderson, são exemplos do ambiente confuso
que ronda Tennessee. A âncora Chandler Parsons sequer foi trazida do fundo do
oceano, e então a solução que parece mais plausível é recomeçar do zero.
Trocar suas estrelas é um meio de dizer que o processo
chegou ao fim. Marc sem duvidas tem mais mercado em um contender, pois apesar
de seu contrato salgado ainda domina como poucos o garrafão, tem espírito de
equipe, um chute de fora que se tornou bastante confiável e se transformou ameaça
tanto pela pontuação em si, quanto pelo espaçamento que oferece, e se saudável, seria um upgrade e tanto para varias
equipes. Provavelmente o espanhol tenha consciência que ainda possui gasolina
no tanque e busque um anel para coroar sua bela carreira. Uma boa troca
poderia satisfazer ambas as partes .
O caso de Conley é mais complicado, pois os grandes times já
possuem grandes armadores, e além da sua remuneração de mais de 30 milhões de
dólares por alguns anos, assim como Gasol, Conley não é exatamente uma
potência física, se machucando frequentemente. Sequer faz sentido para equipes
como Celtics ou 76ers ter um atleta do nível de Mike no banco para atuar
míseros 15 minutos. A solução deve ser mesmo a sua permanência para ser uma
espécie de mentor dos jovens que surgirão no arranjo do time. A aposentadoria
de Conley, certamente com a camisa 11 retirada, seria um lindo desfecho para o
armador puro mais subestimado da liga ao lado de Kemba Walker.
A campanha negativa no ano passado trouxe uma recompensa:
Jaren Jackson Jr, ou para os mais
íntimos, Triple-J. Um ala de força talentosíssimo e de grande futuro, protege
bem o ato e tem uma inteligência defensiva acima da média. Embora falte força
física para boxouts, sobram envergadura e impulsão para fazer estragos na
transição ofensiva. Jaren é a primeira
peça na formação da nova geração de Memphis. O caminho é longo e certamente
árduo, porém sempre é bom pensar adiante e deixar o passado para trás .
Palpite: Boa escolha de Draft
15º - Phoenix Suns
Campanha: 11V/ 42D
Pela primeira vez em sua história o Phoenix Suns teve a
primeira escolha geral do Draft em 2018. Ao selecionar De Andre Ayton, a opção
mais midiática e menos inteligente, a franquia de Arizona perdeu a grande
chance de ter um backcourt talentosíssimo e capaz de impactar por pelo menos
meia década. Uma dupla com Doncic e Devin Booker, ambos com menos de 23 anos e
um potencial temendo de crescimento, seria capaz de mudar qualquer time de
patamar. Não que Ayton seja ruim, muito pelo contrário, o bahamense é o protótipo
perfeito de atleticismo: envergadura enorme, reboteiro inato e protetor de aro.
A defesa é o grande ponto fraco e a lentidão nas rotações preocupa. O hype em
torno de Ayton pode custar caro a longo prazo.
Josh Jackson é outro que ainda não se solidificou, e
notar que o ala foi escolhido antes de Jayson Tatum é outro motivo de
preocupação com o front office. Dragan Bender, também escolhido no topo do
Draft, por vezes sequer é relacionado para as partidas. Aliás, o clima entre
dono e fanbase não é nada amigável, inclusive com vazamento de descontentamento
do owner com a cidade e uma possível mudança de território. As chegadas de
Trevor Ariza e Jamal Crawford validam a provável esperança de que enfim o time deslanchasse. Ariza pouco
produziu e rapidamente voltou aos Wizards, em contrapartida do bom Kelly Oubre
Jr.
Outros jovens como Elie Okobo, De Anthony Melton e Mikal
Bridges, possuem talento apenas mediano e não são a resposta para que o Suns
volte ao protagonismo. TJ Warren é o que Booker tem de melhor para a longa
missão de dar alegrias a uma torcida já
sem paciência. Azar do jovem técnico Igor Kokoskov, de bom potencial mas que
pode sofrer com a pressa por resultados concretos.
Times ruins costumam perder suas estrelas. Assim como o New
Orleans, Phoenix é um lugar visto como bagunçado e sem projetos. Os recentes
fracassos em buscar nomes de peso como Kemba Walker, Damien Lillard e Terry
Rozier, indicam que na visão de diversos atletas, ir para os Suns representa um
passo atrás na carreira. O maior perigo
seria acontecer algo idêntico ao que ocorreu com o Pelicans: cansado de não ser
competititivo, a estrela busca novos ares. Caso aconteça (e não seria
impossível) , a perda de um pontuador inato e talentoso como poucos colocaria
uma pá de cal no pouco de esperança que resta nos sofridos e fanáticos
torcedores de Arizona.
Palpite: escolha top 3 do Draft
Crédito das imagens: nba.com
Nota: O texto foi produzido e finalizado pouco tempo antes da troca entre New York Knicks e Dallas Mavericks. Diante disso, a análise feita em relação aos Mavs fica comprometida e um tanto quanto desatualizada (assim como a abordagem sobre a equipe do Knicks publicada na última semana no Raio- X da conferência Leste). Infelizmente, não temos informações tão quentes quanto Adrian Wojnarowski, e fica aqui a promessa de um novo texto bem detalhado sobre a maior bomba da temporada até aqui - pelo menos por enquanto!
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