America's Game III: O ciclo da vida não perdoa nem mesmo a NFL
Sem dúvida você já ouviu falar no "Ciclo da Vida". Nele o indivíduo nasce, cresce, se reproduz, envelhece e eventualmente morre. Ao longo de toda a história humana jamais houve uma pessoa que não tenha experimentado ao menos alguma dessas facetas. E nos primórdios da National Football League a situação não era diferente. Como qualquer Ciclo da Vida, nossa história começa antes do nascimento - na concepção.
Concepção
Não, eu não falarei sobre biologia, afinal todos conhecem o processo biológico da concepção. Mas, paralelamente a isso, a NFL também passou por um período de concepção. Já existiam ligas profissionais de futebol americano no começo do século XX. Podemos destacar a Ohio League, a Western Pennsylvania Professional Football Circuit e a New York Pro Football League. Porém, essas ligas tinham regras próprias, o que gerava um pandemônio generalizado. Equipes de uma liga frequentemente assinavam contratos com jogadores de outra liga, o que evidentemente causava um mau-estar político e desfalcava os times. Finalmente se decidiu que o melhor era criar uma liga nacional e uma reunião para este fim foi marcada para 20 de agosto de 1920.
De todos os "pais" da Liga atualmente só restam duas equipes: Arizona Cardinals e Chicago Bears, ambos na época em cidades diferentes das que estamos acostumados a vê-los (o Portsmouth Spartans que depois viria a se tornar o Detroit Lions fazia parte da Ohio League mas não se juntou a APFA nesse primeiro momento). Os Cardinals nasceram em Chicago onde ficaram até 1960 e se mudaram posteriormente para Saint Louis, Missouri até finalmente se dirigir ao deserto e se tornar a paixão de Phoenix. Aliás, nos primeiros anos atuando no Arizona a equipe usava o Sun Devil Stadium, o mesmo estádio usado à época para a realização do Fiesta Bowl como vimos na parte dois desta série. Já a história dos Bears conta com menos mudanças de cidade, mas uma mudança radical no apelido da franquia. Fundado como Decatur Staleys por Gene Staley (sim, o apelido da franquia homenageava o nome de seu fundador que era dono de uma empresa alimentícia chamada A. E. Staley Manufacturing Company). A equipe tinha como jogadores os próprios funcionários da empresa. Um destes funcionários se destaca até os dias de hoje: George Stanley Halas. O homem que carrega no seu nome o DNA de uma das mais tradicionais e vencedoras equipes de todos os tempos. Halas acumulava os cargos de jogador e head coach da equipe e tinha uma relação muito próxima com Gene Staley - tanto que Staley consultou Halas sobre levar a equipe para Chicago, cidade distante cerca de 290km de Decatur. Foi Halas também quem sugeriu adotar o nome Bears em homenagem ao Chicago Cubs da MLB. Permita-me explicar: a palavra "cub" é usada para definir um filhote de urso, de maneira similar ao uso da palavra "puppie" para citar um filhote de cachorro. Ao chamar a equipe de Chicago Bears Halas estava fazendo referência à maior paixão de Chicago na época, o seu time de beisebol. Halas também foi quem deu a ideia de usar azul escuro, branco e laranja, cores dos Illinois Fighting Illini, a equipe da Universidade de Illinois onde ele estudou. E ter toda essa influência fez com que Halas tivesse o privilégio de representar os Bears na reunião que mudaria para sempre a história do futebol americano.
Nascimento
Após a concepção e a confirmação da gravidez, os agora pais aguardam ansiosamente pelo momento do nascimento de seu filho. Na reunião que culminou na criação da American Professional Football Association (APFA) ficaram estabelecidas que nenhum jogador sob contrato poderia ser contrato por outra equipe e que haveria salary cap/teto salarial. Jim Thorpe, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Estocolmo em 1912 no decatlo e no pentatlo e jogador do Canton Bulldogs foi escolhido presidente da recém formada Liga. Participaram da temporada inaugural as seguintes equipes:
O Akron Pros se tornou o primeiro campeão do que se tornaria a NFL ao fazer uma campanha invicta com oito vitórias e três empates. Levando em consideração que as regras de cem anos atrás não contabilizavam os empates, a equipe de Akron acabou ficando com 100% de aproveitamento na classificação final. É importante comentar também que a NFL não tinha playoffs até a década de 1930, como veremos mais para frente.

Começam as polêmicas
A segunda temporada da liga recém-formada trouxe a adição de novas equipes. Oito times se juntaram e o Chicago Tigers deixou o campeonato. Entre esses novos times, um deles se destaca: depois de duas temporadas jogando de forma independente contra outras equipes independentes e conquistando 19 vitórias, 1 empate e apenas 2 derrotas nessas partidas, o Green Bay Packers se juntava a APFA. Porém, quem fez a festa foi aquele que se tornaria o maior rival do time de Wisconsin. Com uma campanha praticamente perfeita o agora Chicago Staleys se coroava campeão nacional, o primeiro dos nove campeonatos que a equipe viria a ganhar no decorrer das décadas. 1920 marcou também o primeiro confronto dessa rivalidade centenária com a equipe de Chicago batendo Green Bay por 20x0. Nesta temporada também tivemos a primeira grande controvérsia da Liga: o Buffalo All-Americans venceu o Chicago Staleys pelo placar de 7x6. Chicago então solicitou a realização de um segundo jogo. Buffalo aceitou, desde que o jogo contasse como amistoso e não fosse considerado na classificação. Nesse rematch os Staleys bateram os All-Americans por 10x7. O grande problema é que a organização da liga considerou o segundo jogo como válido para a classificação, deixando ambas equipes com recorde 9V-1D dividindo a liderança. Então, acontece a polêmica. A Liga decide que o critério de desempate a ser adotado era dar mais peso ao segundo jogo que ao primeiro. Por conta disso a equipe de Chicago foi beneficiada e acabou declarada campeã com protestos de Buffalo que pedia a exclusão do jogo. O episódio ficou conhecido como "Staley Swindle" e é a primeira manobra conhecida no mundo do futebol americano profissional.

No ano seguinte aconteceu mais uma mudança significativa na Liga: O Chicago Bears adotava o nome que ostenta até os dias atuais. Nos próximos três anos o que se veria seria uma soberania de Canton Bulldogs - no terceiro ano a equipe jogou em Cleveland após o dono dos Indians comprar os Bulldogs. Os títulos consecutivos da equipe de Ohio impediram o que poderia ser o começo de uma dinastia dos Bears.
Chega então 1925 e com ele uma nova franquia começa a se estabelecer: The New York Football Giants. A quarta equipe mais antiga ainda em atividade na NFL não foi nada mal em sua primeira temporada, mas não o suficiente para brigar pelo título. Aliás, o título daquele ano foi a segunda grande polêmica da infância da National Football League. O Chicago Cardinals é reconhecido de forma contestada o campeão da temporada. A confusão começou quando a equipe de Pottsville Maroons marcou um jogo contra um time de All-Stars da Notre Dame University. O problema é que Pottsville fica na região da Philadelphia a exemplo de Frankford, onde era situado o Frankford Yellow Jackets. Os Yellow Jackets tinham um jogo marcado para o mesmo dia do amistoso entre Maroons e Notre Dame. Por entender que este segundo jogo iria atrapalhar o interesse popular na partida dos Jackets, Frankford entrou com um protesto formal na Liga contra Pottsville. Por sua vez, os Maroons afirmaram que haviam recebido autorização para agendar a partida para aquele dia e insistiram em jogar. O impasse só foi resolvido quando o então presidente da Liga, John Carr suspendeu os Maroons do campeonato. A suspensão teve impacto direto na classificação final. Pottsville havia vencido os Cardinals, principal concorrente ao título e caminhava para ser coroado melhor time da temporada. Porém, a suspensão deu aos Cardinals a chance de superar o rival na tabela de classificação, garantindo o título. A polêmica seguiu até recentemente. Em 2003 a NFL propôs uma votação visando rever o título dos Cardinals. O projeto acabou sendo rechaçado pela maioria das equipes. Apenas Philadelphia Eagles e Pittsburgh Steelers, equipes da Pennsylvania foram favoráveis a revisão e a conquista dos Cardinals foi mantida.
Pivôs da confusão de 1925, os Yellow Jackets conquistaram em 1926 o seu primeiro e único título. Contudo, a temporada ficou de fato conhecida pela entrada dos Los Angeles Buccaneers, primeira equipe da costa oeste a competir na Liga. Mas seria 1927 que traria um marco em forma de campeão inédito.
Chega então 1925 e com ele uma nova franquia começa a se estabelecer: The New York Football Giants. A quarta equipe mais antiga ainda em atividade na NFL não foi nada mal em sua primeira temporada, mas não o suficiente para brigar pelo título. Aliás, o título daquele ano foi a segunda grande polêmica da infância da National Football League. O Chicago Cardinals é reconhecido de forma contestada o campeão da temporada. A confusão começou quando a equipe de Pottsville Maroons marcou um jogo contra um time de All-Stars da Notre Dame University. O problema é que Pottsville fica na região da Philadelphia a exemplo de Frankford, onde era situado o Frankford Yellow Jackets. Os Yellow Jackets tinham um jogo marcado para o mesmo dia do amistoso entre Maroons e Notre Dame. Por entender que este segundo jogo iria atrapalhar o interesse popular na partida dos Jackets, Frankford entrou com um protesto formal na Liga contra Pottsville. Por sua vez, os Maroons afirmaram que haviam recebido autorização para agendar a partida para aquele dia e insistiram em jogar. O impasse só foi resolvido quando o então presidente da Liga, John Carr suspendeu os Maroons do campeonato. A suspensão teve impacto direto na classificação final. Pottsville havia vencido os Cardinals, principal concorrente ao título e caminhava para ser coroado melhor time da temporada. Porém, a suspensão deu aos Cardinals a chance de superar o rival na tabela de classificação, garantindo o título. A polêmica seguiu até recentemente. Em 2003 a NFL propôs uma votação visando rever o título dos Cardinals. O projeto acabou sendo rechaçado pela maioria das equipes. Apenas Philadelphia Eagles e Pittsburgh Steelers, equipes da Pennsylvania foram favoráveis a revisão e a conquista dos Cardinals foi mantida.
Pivôs da confusão de 1925, os Yellow Jackets conquistaram em 1926 o seu primeiro e único título. Contudo, a temporada ficou de fato conhecida pela entrada dos Los Angeles Buccaneers, primeira equipe da costa oeste a competir na Liga. Mas seria 1927 que traria um marco em forma de campeão inédito.
Futuros gigantes começam a crescer
Enquanto a liga sofria uma drástica diminuição em seus participantes, o New York Giants entrava em sua terceira temporada, ainda sem fazer jus ao seu apelido de gigante. Mas foi aí que as coisas começaram a mudar. Com uma bela campanha que incluiu bater o Chicago Bears no jogo que mudaria os rumos da temporada, a franquia nova-iorquina conquistava seu primeiro título na NFL.

O título do Providence Steam Roller em 1928 foi seguido da primeira conquista daquele que se tornaria o maior vencedor de todos os tempos, ostentando orgulhosamente o mais honroso dos apelidos em sua cidade: The Titletown. Uma década depois de entrar na Liga finalmente chegou o momento do Green Bay Packers brilhar. Com uma campanha invicta que incluiu uma vitória sobre os Giants em New York - a única derrota da equipe da Big Apple na competição - os comandados de Curly Lambeau levaram para Wisconsin a alegria dos campeões e imortalizaram um uniforme vez por outra utilizado até os dias de hoje.

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Green Bay Packers e suas throwback jerseys: uma tradição anual que resiste à passagem do tempo |
A década de 1930 chega e com ela a maior recessão financeira que o mudo já vira. A Grande Depressão começou em 1929 e obrigou a NFL a cancelar as ajudas financeiras aos clubes. O impacto desta decisão foi a diminuição de 26 para apenas 12 equipes na Liga, um corte de 54%. A medida que a crise avançava e deixava a América em situação de alerta, a NFL também vivia dias incertos. E é neste cenário que mais um "dinossauro" da Liga se junta. Como citamos anteriormente, a Ohio League tinha entre seus participantes o Portsmouth Spartans que decidiu não entrar na novíssima APFA no primeiro momento. Pois bem, 1930 marcou este momento. A equipe que viria posteriormente a se tornar o Detroit Lions debutou na NFL com uma campanha condizente com a realidade da equipe até hoje, oitenta anos depois: 5V-6D-3E, terminando apenas na oitava colocação entre os onze times que disputaram o campeonato - O Pottsville Maroons, o Dayton Triangles e o Buffalo Bisons haviam se retirado no ano anterior, enquanto Spartans e Brooklyn Dodgers adentraram. Apesar da campanha irregular, os Spartans deram uma grande contribuição histórica naquele ano: em 24 de setembro de 1930 foi realizado o primeiro jogo noturno da NFL com vitória de Portsmouth sobre o próprio Brooklyn Dodgers pelo placar de 12x0. O Green Bay Packers foi novamente o campeão, fato que se repetiria também em 1931 tornando a equipe de Wisconsin a primeira equipe de fato tri-campeã consecutiva da NFL (como comentamos anteriormente, Canton Bulldogs foi bi-campeão antes de ser vendido e se fundir com o Cleveland Indians, conquistando seu terceiro título como Cleveland Bulldogs). Porém, a maior contribuição histórica dos Spartans viria no ano seguinte.
A igualdade que fez a diferença
1932 marcou a entrada de mais uma equipe que chegaria até os nossos dias: O Boston Braves se juntava a NFL. Não reconheceu o nome? No ano seguinte os Braves começariam a jogar no Fenway Park, estádio dos Boston Red Sox da MLB e precisavam assumir um novo nome que fizesse referência ao irmão de alocação, mas que ao mesmo tempo não tornasse necessário uma mudança nos uniformes que já haviam sido confeccionados. A solução foi manter o nome em raízes indígenas. Nascia assim os Boston Redskins (Red Sox + Skins em alusão à pele avermelhada dos nativos americanos). Aquele ano também marcou outra entrada que mudaria o futebol americano profissional. Não foi uma nova franquia ou um super atleta, longe disso. Chicago Bears e Portsmouth Spartans empataram na classificação final e precisavam de um método de definir o campeão. Toda a polêmica envolvendo Bears e All-Americans anteriormente acabava por aumentar a carga de pressão sob uma decisão justa. E ela veio. A NFL decidiu colocar as duas equipes frente a frente em um jogo desempate que acabou sendo realizado em Chicago. Os Bears bateram os Spartans e conquistaram novamente a hegemonia da Liga e quebraram a sequência de Green Bay. Esse jogo desempate acabou chamando tanto a atenção do grande público que em 1933 houve mais uma alteração no sistema do campeonato no sentido de se aproximar da realidade atual.
Leste e Oeste
A NFL se destaca por ser uma Liga em constante mudança e que sempre mantém seus olhos bem abertos a aquilo que o mercado consumidor está lhe dizendo. Depois do sucesso que foi o jogo desempate de 1932 nada fazia mais sentido que promover um jogo anual pela glória. As dez equipes - agora com a adição de Philadelphia Eagles e Pittsburgh Pirates, atual Steelers - foram divididas em duas divisões, Leste e Oeste, e ficou definido que os campeões de cada uma se enfrentariam na grande final. A estrutura da Liga passou a ficar desta maneira:
Divulgação oficial do primeiro playoff oficial da NFL entre Chicago Bears e New York Giants |
Os Bears venceriam a partida pelo placar de 23x21 e se sagrariam novamente campeões mundiais. O troco viria no ano seguinte quando os Giants tiveram o privilégio de sediar a grande final e bateram os Bears por 30x13 se tornando os mais novos bi-campeões da Liga. 1934 também marcou a mudança de cidade do então Portsmouth Spartans. Comprado por George Richards a equipe se dirigiu a Detroit e se tornou o Detroit Lions. Com experiência e influência em emissoras de rádio, Richards enxergou uma oportunidade de aumentar a popularidade de sua nova equipe e decidiu marcar uma partida no Dia de Ação de Graças contra o Chicago Bears. Os Bears bateram os rivais por 12x0 e fizeram uma campanha perfeita de 13-0 se classificando para o Championship Game, onde como já comentamos, seriam derrotados.
O fim do ciclo
Até este momento, equipes nasciam e morriam anualmente. Muitas vezes acontecia de uma franquia ser extinta e voltar logo depois com o mesmo nome e mantendo sua história. Finalmente, em 1936 são dados passos rumo a solidificação da Liga. Pela primeira vez não houveram falências de franquias em meio a temporada, e a maior parte das equipes que estiveram na disputa daquele ano ainda existem. 1936 também ficou marcado pelo primeiro NFL Draft. Jay Berwanger, halfback da Universidade de Chicago e ganhador do Heisman Trophy de 1935 teve o privilégio de ser o primeiro jogador selecionado. Porém, ele decidiu não aceitar a oferta salarial do Philadelphia Eagles que decidiu trocá-lo com o Chicago Bears. Irredutível, Berwanger também considerou a proposta dos Bears como insuficiente e jamais entrou em campo na National Football League. Aliás, dos 81 jogadores draftados naquele ano, apenas 24 se tornaram jogadores profissionais. O título da temporada foi para Green Bay que bateu os Redskins por 21x6.
Surge no horizonte o ano de 1937. Os Redskins que acabaram de se mudar para Washington DC draftaram o quarterback Sammy Baugh da Texas Christian University, futuro Hall of Famer e Top 100 All-Time. Sob comando de Baugh os Redskins garantiram o título da divisão e foram a Chicago enfrentar os Bears no Championship Game. Sem tomar conhecimento dos favoritos, os Redskins venceram por 28x21 e garantiram a primeira conquista. Esta temporada também marcou a entrada do Cleveland Rams na NFL. A franquia que continuaria ativa até 1942, suspenderia atividades em 1943 e voltaria a ativa em 1944 antes de finalmente rumar para a costa oeste e fixar residência em Los Angeles amargou a pior campanha geral do campeonato com apenas uma vitória.

Os Giants voltariam a ter a hegemonia da Liga em 1938 quando bateram os Packers por 23x17 na grande decisão. A revanche veio em 1939. Jogando em Milwaukee os Packers recuperaram o topo do futebol americano profissional ao baterem os rivais nova-iorquinos por 27x0. Mas o grande fato importante desta temporada não ocorreu em campo: pela primeira vez uma partida foi televisionada. Philadelphia Eagles e Brooklyn Dodgers tiveram a honraria de duelar ao vivo na NBC. Em meio ao início do que se tornaria a Segunda Guerra Mundial, os Dodgers bateram os Eagles por 23x14. Mas a verdadeira artilharia pesada se veria na temporada seguinte. Os Bears voltariam a estar no topo do planeta ao massacrar os Redskins no Championship Game de 1940: 73x0 jogando em Washington. Este seria o penúltimo ano da Liga antes de jogadores e membros da comissão técnica se afundarem na Guerra. Mas 1941 ainda traria mais uma inovação.
Sete de dezembro de 1941. O dia que ficou conhecido pelo ataque japonês à base de Pearl Harbor, no Havaí, também viu uma das grandes reações dos esportes americanos. Os Packers haviam terminado a temporada com uma campanha de 10-1, tendo uma vitória e uma derrota contra os Bears que estavam 9-1 e enfrentariam os Cardinals, seus rivais citadinos na última rodada. Os Cardinals abriram 14x0 e Green Bay estava se classificando para a grande decisão. Foi aí que os ursos começaram a atacar. Com uma impressionante reação os Bears viraram o jogo e conquistaram sua décima vitória na temporada. Com o empate duplo, o representante do oeste na grande decisão ficou incerto. Foi então que nasceu o que até hoje é conhecido como "Divisional Round", a rodada dos playoffs que sucede o Wild Card. Nessa primeira edição de Divisional Round os Bears receberam os Packers em Chicago e triunfaram por 33x14, ganhando o direito de disputar a final, também em Chicago. O adversário era um velho conhecido: os Giants. Mostrando sua força os Bears não se intimidaram e conquistaram mais uma vez o campeonato com autoridade: 37x9.
Enquanto o mundo se dilacerava na Guerra, a NFL tentava se manter na base da resiliência. Doente, a Liga se recusava a falecer. E não faleceu. Sobrevivente aos percalços continua até hoje a nos agraciar com grandes jogos e histórias sublimes. A maior síntese desses pontos será o assunto principal da Parte IV de nossa série: o Super Bowl. Concebido até certo ponto de forma política, o maior evento do esporte estadunidense emergiu de uma guerra, não de sangue e armas, mas de poder e autoridade. Mas antes de adentrarmos nesse assunto, relembre os campeões dos primórdios da National Football League:
America's Game III: O ciclo da vida não perdoa nem mesmo a NFL
Surge no horizonte o ano de 1937. Os Redskins que acabaram de se mudar para Washington DC draftaram o quarterback Sammy Baugh da Texas Christian University, futuro Hall of Famer e Top 100 All-Time. Sob comando de Baugh os Redskins garantiram o título da divisão e foram a Chicago enfrentar os Bears no Championship Game. Sem tomar conhecimento dos favoritos, os Redskins venceram por 28x21 e garantiram a primeira conquista. Esta temporada também marcou a entrada do Cleveland Rams na NFL. A franquia que continuaria ativa até 1942, suspenderia atividades em 1943 e voltaria a ativa em 1944 antes de finalmente rumar para a costa oeste e fixar residência em Los Angeles amargou a pior campanha geral do campeonato com apenas uma vitória.

Os Giants voltariam a ter a hegemonia da Liga em 1938 quando bateram os Packers por 23x17 na grande decisão. A revanche veio em 1939. Jogando em Milwaukee os Packers recuperaram o topo do futebol americano profissional ao baterem os rivais nova-iorquinos por 27x0. Mas o grande fato importante desta temporada não ocorreu em campo: pela primeira vez uma partida foi televisionada. Philadelphia Eagles e Brooklyn Dodgers tiveram a honraria de duelar ao vivo na NBC. Em meio ao início do que se tornaria a Segunda Guerra Mundial, os Dodgers bateram os Eagles por 23x14. Mas a verdadeira artilharia pesada se veria na temporada seguinte. Os Bears voltariam a estar no topo do planeta ao massacrar os Redskins no Championship Game de 1940: 73x0 jogando em Washington. Este seria o penúltimo ano da Liga antes de jogadores e membros da comissão técnica se afundarem na Guerra. Mas 1941 ainda traria mais uma inovação.
Sete de dezembro de 1941. O dia que ficou conhecido pelo ataque japonês à base de Pearl Harbor, no Havaí, também viu uma das grandes reações dos esportes americanos. Os Packers haviam terminado a temporada com uma campanha de 10-1, tendo uma vitória e uma derrota contra os Bears que estavam 9-1 e enfrentariam os Cardinals, seus rivais citadinos na última rodada. Os Cardinals abriram 14x0 e Green Bay estava se classificando para a grande decisão. Foi aí que os ursos começaram a atacar. Com uma impressionante reação os Bears viraram o jogo e conquistaram sua décima vitória na temporada. Com o empate duplo, o representante do oeste na grande decisão ficou incerto. Foi então que nasceu o que até hoje é conhecido como "Divisional Round", a rodada dos playoffs que sucede o Wild Card. Nessa primeira edição de Divisional Round os Bears receberam os Packers em Chicago e triunfaram por 33x14, ganhando o direito de disputar a final, também em Chicago. O adversário era um velho conhecido: os Giants. Mostrando sua força os Bears não se intimidaram e conquistaram mais uma vez o campeonato com autoridade: 37x9.
Enquanto o mundo se dilacerava na Guerra, a NFL tentava se manter na base da resiliência. Doente, a Liga se recusava a falecer. E não faleceu. Sobrevivente aos percalços continua até hoje a nos agraciar com grandes jogos e histórias sublimes. A maior síntese desses pontos será o assunto principal da Parte IV de nossa série: o Super Bowl. Concebido até certo ponto de forma política, o maior evento do esporte estadunidense emergiu de uma guerra, não de sangue e armas, mas de poder e autoridade. Mas antes de adentrarmos nesse assunto, relembre os campeões dos primórdios da National Football League:
Confira aqui os demais textos dessa série:
America's Game I: A Doutrina do Destino Manifesto e o orgulho patriótico cria o mais americano de todos os esportes
America's Game II: NCAA: como um bando de jovens e uma atração turística de inverno transformaram o país
America's Game I: A Doutrina do Destino Manifesto e o orgulho patriótico cria o mais americano de todos os esportes
America's Game III: O ciclo da vida não perdoa nem mesmo a NFL
America's Game IV: Se não pode vencê-lo, junte-se a ele
America's Game V: Ascensão e queda de impérios
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