Barcelona e Real Madrid nas semifinais da Copa do Rei: quem venceu mais por essa competição?

A Copa do Rei talvez não seja a competição mais importante do calendário dos grandes clubes espanhóis, e, de fato, não é. Entretanto, na última sexta-feira (01) ela ganhou um novo significado para Real Madrid e Barcelona: como uma linda obra do destino, o sorteio cruzou os caminhos dos dois gigantes do país nas semifinais.  

O que uma eliminatória como essa pode comprometer em termos de temporada? Muita coisa. A Copa do Rei e sua pouca importância, se converte no foco principal quando o assunto é o "El Clásico", pois uma derrota de qualquer lado pode atrair uma pressão extra que ninguém precisa para decorrer de um ano tão importante. Por isso, os dois times começam a se preparar com extremo foco para a partida de ida, que ocorrerá na próxima quarta-feira, às 18 horas, no Camp Nou. 

Para celebrarmos - apesar de o Brasil não ter nenhuma emissora detentora da transmissão, vamos trazer as estatísticas completas de cada ano em que essas duas potências do futebol se enfrentaram pelas segunda maior competição do futebol espanhol. Como terminaram cada temporada após se enfrentarem pela Copa do Rei? LaLiga, campeonatos europeus... um apanhado geral e o mais completo possível dentro das informações encontradas. 

Real Madrid,  1916.

A primeira vez que eles se enfrentaram a Copa do Rei ainda não tinha esse nome, chamava-se Copa do Generalismo. As competições nacionais ainda não tinham tanta relevância, o foco eram os torneios regionais, pois os prêmios eram melhores e os custos muito mais baixos. No entanto, o Real Madrid conquistara essa primeira vitória: 4 a 2 em jogo desempate disputado no antigo estádio chamartín. Naquela época a rivalidade não era tão grande, portanto, o efeito sobre a temporada era minimo.

Barcelona, 1926.

Em 1926, um time arrasador do Barcelona passou por cima do Real Madrid, também nas semifinais. Os culés venceriam aquela edição da Copa do Generalismo, assim conhecida na época, tirando do rival a última chance de troféu daquela temporada. O Barça venceu no estádio Les Corts por 5 a 1, e depois no Chamartín, em Madrid, por 3 a 0. 

Real Madrid, 1936. 

Mais 10 anos se passaram, e Real e Barça voltariam a se cruzar, dessa vez, na grande final. O Barcelona eliminara o Osasuña nas semifinais, enquanto os merengues eliminariam o Hércules. Os blaugranas haviam vencido o campeonato catalão no início de 1936, e o Real Madrid via na Copa do Rei a grande chance de conquista do ano. No final, os blancos foram superiores, vencendo aquela final disputada em Valencia pelo placar de 2 a 1. 

Real Madrid, 1943.

Bom, aqui um capítulo difícil de se entender nessa rica história do maior clássico do futebol. Em um período onde o franquismo passava a controlar as ações do Real Madrid, os clubes bascos e catalães tinham sérios problemas para enfrentar o time da capital em igualdade de forças. O Barcelona de 43 foi um dos grandes times da história do clube, e na ida das semifinais contra o Real, a equipe fez um jogo sólido, quase perfeito - segundo jornalistas da época - e venceu por 3 a 0. A história contada por ex-jogadores do Barça é que após a partida na Catalunha, as ameaças começaram de maneira veemente, piorando após a chegada do time em Madrid. Segundo contou o zagueiro MontSerrat alguns anos depois, soldados ameaçavam machucar as famílias dos atletas caso o Real Madrid não conquistasse a classificação para a final. Resultado: 11 a 1 para os merengues no jogo decisivo. Tudo o que se conta é história, verídica ou não, é difícil saber, pois os protagonistas em sua maioria já não estão mais aqui. No entanto, é muito claro que normal aquele jogo não foi. Difícil acreditar que um time que venceu a ida por 3 a 0, perderia por 11 a 1 o jogo de volta. Ninguém baixa tanto o nível em alguns dias. No final daquela temporada, nem Madrid nem Barça levantaram troféus. 

Barcelona, 1954.

O ano de 1954 chegou, coincidentemente, 11 anos depois do fatídico 11 a 1. Ali iniciava-se o auge do Real Madrid, que pouco tempo antes contratara Alfredo Di Stéfano e começava a montar um esquadrão imbatível. No Barça, Kubala comandava um grande time também, que seguia em pleno crescimento naqueles anos. As semifinais juntaram os dois novamente, dessa vez, em dois jogos mais apertados. Em Madrid, vitória dos donos da casa por 1 a 0. Porém, em Barcelona, a história foi diferente, e Kubala comandou a vitória culé por 3 a 1, garantindo assim vaga na final. O Barcelona perderia a final para o Valencia, 3 a  0. O Real Madrid terminou aquele ano como campeão espanhol, o primeiro de uma séria de 4 consecutivos. 

Barcelona, 1957.

Com o Real Madrid pensando em Copa da Europa, o Barcelona buscava com todas as forças os torneios domésticos, pois via ali a chance de seguir crescendo. As quartas de finais de 1957, ano em que os merengues conquistariam o bicampeonato europeu, acabou sendo lograda pelos culés de maneira surpreendentemente tranquila: empate em 2 a 2 no Bernabéu, e vitória blaugrana por 6 a 1 no Camp Nou. Na final, o Barcelona venceria o Espanyol por 1 a 0. O Real Madrid venceria a Liga e a Copa da Europa naquele mesmo ano. 

Barcelona, 1959. 

Em 59 a história se repetiu: o Real Madrid chegou na eliminatória contra o Barça pensando em competições europeias, que na época tinham um tiro curto, e o FC Barcelona precisando demais da Copa nacional. Claro, a pressão para que o Madrid vencesse o Barcelona era gigantesca, pois o fato de um time catalão eliminar um representante da capital de qualquer competição era visto de maneira muito ruim por quem comandava o futebol. No entanto, com vitória nos dois jogos (2-4 e 3-1), o Barça eliminou os campeões continentais mais uma vez. Os merengues levantariam a liga e a Copa do Europa, enquanto o Barça celebrara a copa do Rei vencendo o Granada na final. 

Real Madrid, 1962. 

Após cinco títulos consecutivos da Copa da Europa, o Real Madrid chegava em 1962 disposto a derrubar o Barcelona após perder as duas eliminatórias anteriores para o maior rival. Já com Puskas no elenco, o Real mostrou força, e depois de perder no Bernabéu por 1 a 0, remontou no Camp Nou com vitória por 3 a 1. Aquela derrota custou caro ao Barcelona, que terminou a temporada sem nenhum título conquistado. O Madrid, terminou mais uma vez como campeão espanhol, além ter conquistado a Copa do Rei. 

Barcelona, 1968. 

A rivalidade já atingia um pico absurdo, cada partida era encarada como um guerra. O Real Madrid pós ditadura militar se convertera em uma potência temível (como nos dias de hoje), e qualquer um que jogasse contra os blancos sabia das suas forças. O Barcelona se reconstruía de um período pós Kubala, um tempo que deixou um gostinho de "dava pra ter sido melhor". Para coroar um fim de temporada 1967/68, o 'el clásico' protagonizava a grande decisão da Copa do Rei da Espanha, era apenas a segunda envolvendo esses dois gigantes. Os merengues também começavam uma reformulação após a saída de Di Stéfano, o que deixou o jogo menos atrativo, porém, não menos interessante. O Barça terminou vencendo o confronto por 1 a 0, empatando nas estatísticas de finais. O time da capital terminaria a temporada com mais um título da Liga espanhola, e o Barça com a conquista da copa nacional. 

Real Madrid, 1970.

Nas quartas de finais de 1970 o Real Madrid, que seria campeão daquela edição, eliminou o Barcelona. Foi a primeira temporada que os jogos foram transmitidos pela TV à cores, dando um pouco mais brilho a um confronto tão especial. Com vitória no Santiago Bernabéu por 2 a 0 e empate no Camp Nou em1 a 1, os merengues pavimentavam com sucesso a estrada do único título do ano. O Barça, por outro lado, ficou na saudade em 1969/70.

Real Madrid, 1974.

Em 1974 o 'El Clásico' mais uma vez foi a grande atração na final da competição e, assim como seis anos antes, foi sediada em Madrid. O estádio Vicente Calderón lotado assistiu a uma apresentação de gala dos madridistas, que aplicaram um sonoro 4 a 0 sobre um apático Barça de Johan Cruyff. Naquela temporada os culés já haviam vencido os merengues no Bernabéu por 5 a 0, e a vingança, para a alegria blanca, não tardou muito. O título da Copa do Rei foi o único título do Real na temporada, enquanto o Barça levantara o troféu do campeonato espanhol. 

Barcelona, 1983.

Nove anos se passaram, a história seguia sendo escrita. O Barcelona vivia um período pós Johan Cruyff, enquando os merengues tentavam reencontrar a força pedida após os anos 50 e 60. Após deixarem Sporting Gijón (Real) e Real Sociedad (Barça) para trás nas semifinais, os dois maiores clubes da Espanha se enfrentariam mais uma vez na decisão, na ocasião disputada em Zaragoza. E o Barça voltaria a bater o rival na competição 15 anos após o último triunfo: 2 a 1 em jogo muito disputado. O Real acabaria aquele ano sem nenhuma conquista. Por outro lado, os blaugranas além do título da copa nacional, comemoravam o triunfo máximo na extinta copa da liga espanhola. 

Barcelona, 1990.

Em 1987 o Barcelona iniciou a montagem do Dream Team, o time dos sonhos, que contava com nomes como Laudrup, Stoichkov, Koeman, entre outros. O Real Madrid não ficara atrás, e tinha em seu elenco nomes consagrados, como Butragueño, Losada e Hugo Sánchez. E com bela exibição em Valência, o Barcelona venceu por 2 a 0, evitando assim o doblete do rival, que na mesma temporada conquistara o pentacampeonato da Laliga. Essa foi a última decisão de copa do Rei vencida pelo Barça frente ao maior rival. 

Real Madrid, 1993.

Após se encontrarem em finais nas edições de 1974, 1983 e 1990, outra vez o confronto decidiria uma vaga para a decisão. O Barça havia sido campeão europeu pela primeira em 1992, e tinha um elenco recheado de craques. O Real também tinha o seu poderio, e conseguiu eliminar o Barça do técnico Johan Cuyff nas semifinais do torneio: empate em 1 a 1 no Bernabéu e vitória merengue no Camp Nou por 2 a 1. Em 1992/93 o Barcelona conquistaria o tricampeonato consecutivo da Liga, e o Madrid comemorou muito o título da copa do Rei.

Barcelona, 1997.

Em uma temporada onde uma aberração chamada Ronaldo Nazario chegava ao futebol espanhol, Real Madrid e Barcelona se enfrentavam pela primeira vez nas oitavas de finais da Copa do Rei. Todos tinham o mesmo sentimento: era um pena ver um dos dois gigantes sendo eliminados tão precocemente da copa nacional. O Barça levou a melhor após vencer por 3 a 2 no Camp Nou e empatar em 1 a 1 no Bermabéu. Os culés venceram apenas essa competição em 1996/97, enquanto os merengues levantaram a taça da Laliga e supercopa da Espanha.

Real Madrid, 2011. 

A Era Cristiano Ronaldo e Messi teve o seu primeiro encontro pela copa nacional na temporada 2010-2011, em um mês parecido com o que teremos em 2019. Na ocasião, eles se enfrentaram quatro vezes em um intervalo de 30 dias, incluindo dois jogos de semifinal de Champions League. Dessa vez, teremos três clássicos nesse intervalo. A final disputada em Valencia seria resolvida na prorrogação com gol de cabeça de Cristiano Ronaldo, vingando a eliminação na Liga dos campeões. Naquela temporada o Barça terminou com o título de Liga, Champions e Supercopa da Espanha; e o Real com a conquista da Copa do Rei frente ao maior rival. 

Barcelona, 2012.

Em 2012 o encontro mais uma vez seria nas quartas de final, e o Barça de Messi e companhia levaria a melhor. O grande clássico do futebol mundial vivia tempos de rivalidade extrema, alimentada pelo treinador merengue José Mourinho. Aquela era a última temporada de Pep Guardiola no comando do Barça, o que dava um sabor especial em cada encontro. O 'Special One' foi batido pelo adversário na oportunidade: vitória culé por 2 a 1 em Madrid e empate por 2 a 2 no Camp Nou. O campeonato espanhol daquela temporada foi o único conquistado por Mourinho no comando do Real. E o Barça, via a passagem de Guardiola como técnico do clube terminar com o título da Copa do Rei e da Supercopa da Espanha. 

Real Madrid, 2013.

Pela terceira temporada consecutiva o 'El Clásico' seria atração na Copa do Rei e, nas três ocasiões, em  fases diferentes. As semifinais daquele ano trazem uma amarga lembrança ao clube azul e grená, que após arrancar um empate no Santiago Bernabéu (1-1), viu os merengues atropelarem em Barcelona (3-1). A última temporada de José Mourinho no Bernabéu poderia ser coroada com o título da Copa nacional, já que nas outras competições a equipe não conseguiu triunfar. Mas o Atlético de Madrid acabou batendo o time do CR7 e companhia na final: 2 a 1, em partida decidida na prorrogação. O Barcelona conquistou de novo o campeonato espanhol e a Supercopa a Espanha. O Madrid, com o perdão do trocadilho, passou o ano em branco. 

Real Madrid, 2014. 

O último encontro entre eles desempatou a estatística em finais. Mais uma vez o Mestalla foi o palco escolhido para receber o maior jogo do planeta em uma decisão. A falta de CR7 deixava o Real Madrid mais enfraquecido. O Barça, por sua vez, tentava evitar que o Madrid, já classificado para a final da Liga dos campeões, pudesse acabar com mais títulos a temporada. No entanto, as performances de Di Maria e Gareth Bale decidiram o confronto. O galês, por sinal, fez um dos gols mais fantásticos da história da competição (o gol do título). O Barcelona terminou 2013/14 com o título da Laliga, enquanto os merengues comemoraram demais as conquistas da Champions League e da Copa do Rei. 

Somatória de triunfos: o Real Madrid levou a melhor em 6 eliminatórias, mesmo número de triunfos do Barcelona. Portanto, em mata-mata o equilíbrio é total: 6 a 6. Em finais os merengues levaram vantagem em 4, dos 7 encontros, tendo assim pequena superioridade sobre o rival no quesito: 4 a 3.

Nota final: 

O confronto dessa temporada fatalmente desempatará a história no quesito mata-mata, o que de forma alguma apagará o incrível equilíbrio. 

Na atual campanha, os dois gigantes vivem momentos diferentes em termos de resultados, onde o Barça leva ligeira vantagem. Entretanto, ambos sofrem com um nível de futebol abaixo do habitual. O Real faz uma das temporadas mais discutíveis dos últimos 10 anos, justamente na primeira após a saída de Cristiano Ronaldo. Mas isso não quer dizer nada, pois outra vez o time dá sinais de recuperação nos momentos importantes. Benzema passou a ser decisivo, assumindo a responsabilidade quando o elenco mais precisava. 

O Barcelona tem em Messi a sua válvula de espape, mas causa muita preocupação no seu torcedor, pois o astro argentino nem sempre poderá salvar as péssimas partidas realizadas pela equipe. Apesar da remontada sobre o Sevilla nas quartas da Copa do Rei com uma atuação brilhante, o Barcelona terá que jogar muito mais do que jogou até aqui se quiser se classificar para a final em Sevilha.  

O jogo de ida será no dia 03 de fevereiro, às 18:00 (Brasília), no Camp Nou. A volta se disputará no dia 27 desse mesmo mês, às 18 horas (Brasília), no Santiago Bernabéu. As partidas não terão transmissão na TV brasileira. 

Fonte das informações: zerozero.pt
Fonte das imagens: *todas as imagens tem como fonte primária o site oficial da Laliga