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Hóquei sobre a grama: A luta, a entrega e a superação dos atletas brasileiros em um esporte desconhecido no país






  • Goleiros: Rodrigo Faustino e Thiago Dantas;
  • Defensores: Bruno Mendonça, McPherson, Rost-Onnes, Marcos Pasin, Vehrle Smith e Yuri Van Der Heidjen;
  • Meias: André Patrocínio, Imer, Patrick Van Der Heidjen e Paulo Batista;
  • Atacantes: Bruno Paes, Bruno Souza, Joaquin, Lucas Paixão, Matheus Borges e Rodrigo Steimbach.


O que poderia tranquilamente ser a lista de dezoito relacionados para uma partida internacional de futebol, como as da Taça Libertadores da América ou da Copa Sul-Americana, é na verdade a lista dos dezoito heróis brasileiros responsáveis por levar o Brasil pela primeira vez a uma Olimpíada, ao conquistar o quarto lugar no Pan-Americano de Toronto em 2015. Entretanto, como era de se esperar, a equipe não foi bem. Diante das onze melhores equipes do mundo, o Brasil sucumbiu e terminou com a pior campanha do torneio, sem um ponto sequer. Foram 5 jogos e 5 derrotas. Na estreia, uma goleada pelo placar de 7x0 contra a Espanha, seleção número #9 do mundo. No jogo seguinte, 12x0 para a seleção da Bélgica, quinta colocada no ranking da FIH. O terceiro jogo era contra os britânicos, atualmente na 7ª colocação no Ranking Mundial e criadores desse esporte bicentenário. O Brasil, 23º melhor do mundo, já esperava uma goleada. E ela veio por humilhantes e esmagadores 9x1. A partida seguinte reservava aos anfitriões os neozelandeses, atuais número 8 do mundo. Outro passeio dos adversários em pleno Centro Olímpico: 9x0 para a equipe da Oceania. Restava ao Brasil a despedida contra os australianos, que repetindo o escore alcançado pelos seus vizinhos continentais neozelandeses impuseram aos tupiniquins um novo 9x0. Encerrava-se ali o sonho olímpico aos brasileiros, com um gol marcado, cinco derrotas e um aprendizado: falta um longo caminho ser trilhado até que esse desporto possa trazer aos brasileiros a alegria e a emoção de vibrar com vitórias e medalhas, assim como outro esporte nascido na Inglaterra, cuja bola esférica rola pelos gramados do planeta já nos trouxe.

Como já dito acima, contra a seleção da Grã-Bretanha, Stephane Vehrle-Smith marcou um gol histórico, o único marcado pelos verde-amarelos no certame. A vitória foi dos europeus pelo escore de 9x1, sua única vitória nessa edição dos Jogos Olímpicos. Mas, afinal, quem se importa com o placar e com o vencedor? O esporte é muito mais que só resultados, e o gol de Smith nos lembra disso. O gol marcado por ele foi o primeiro, mas certamente, não o último do Brasil nessa modalidade. Um gol que vale muito mais que a mudança no placar, mas sim no espírito dos amantes e praticantes do desporto e dá uma nova concepção ao esporte. Pois, o que seria de uma modalidade olímpica, de uma medalha, de uma prova, ou mesmo de uma simples partida se não houvesse aqueles que nelas acreditassem e nelas investissem seu tempo, esforços e dedicação? O futebol é o esporte mais praticado e amado do Brasil. Mas, se Charles Miller não o tivesse trazido em 1894, talvez esse fosse um jogo desconhecido, como é o Hóquei na Grama. E esse é o porquê de, no inicio do texto, aqueles dezoito jogadores, sendo seis estrangeiros naturalizados, terem sido chamados de heróis. Assim como Hércules na mitologia grega (base para as modernas Olimpíadas) fora incumbido de realizar doze impossíveis trabalhos, esses dezoito rapazes com nada mais que um stick em mãos e um sonho no coração também receberam uma tarefa impossível, digna de uma Odisseia que daria inveja até mesmo em Ulisses. O já referido sonho pode para muitos parecer tão distante de se tornar real quanto é a diferença de visibilidade entre o futebol e o hóquei. Porém, como supracitado anteriormente, tornar real o impossível e o inimaginável é o trabalho de um verdadeiro herói, assim como Hércules e os dezoito rapazes de ouro que ficaram sem medalhas se mostraram ser. O título olímpico masculino pode ter ficado com os argentinos que bateram os belgas na final pelo placar de 4x2, e o feminino com as britânicas ao vencer a Holanda nos pênaltis após um empate por 3x3, mas a festa foi brasileira, pintada em verde-limão e com o estridente som do silêncio dos bravos brasileiros que carregam orgulhosamente a alcunha de 'Samba Sticks'. E por falar em verde, não é exatamente o verde a cor da esperança?


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