elclasico-removebg-preview

News

Como têm sido tratados os "Garotos Problema" da NFL?






Muitos dizem que os playoffs desta temporada tem sido os mais emocionantes, sem contar que a corrida por novos HC’s e contratação do staff tem nos mantido, não apenas entretidos, mas ansiosos e preocupados pelo futuro de nossos respectivos times. Todavia, temos, além disso tudo, o mais novo dramalhão da NFL, trazido a vocês por ninguém mais ninguém menos que Antonio Brown. 

No mais recente capítulo, fomos surpreendidos com uma boa e velha troca de farpas via twitter entre AB, Emmanuel Sanders e Bruce Arians. Para maiores detalhes sugiro que acompanhem os tweets dos próprios para saberem mais sobre este imbróglio. O sentido deste texto não é detalhar as confusões, mas discutir o comportamento de alguns jogadores que, de grandes talentos, tornaram-se grandes problemas. 

A título de informação, este texto não terá nenhuma menção a Colin Keapernick, visto que a questão que o envolve é bem mais complexa e, por esta razão, dediquei um artigo especificamente à esta enorme polêmica. Sendo assim, tratarei apenas de questões envolvendo comportamentos, no mínimo inadequados, de jogadores, e o que os times e a liga tem feito a respeito. 

Sim, Antonio Brown é o mais recente caso de um grande jogador que se tornou uma “diva” e foi adjetivado de narcisista, dentre outras alcunhas do gênero. Contudo este não é nem de longe o pior caso, não é o primeiro, e não será o último. Terrel Owens, por exemplo, tem tantos casos de desentendimentos em razão de comentários feitos pelo mesmo que fica difícil escolher um. Em razão de suas falas controversas envolvendo colegas de time, após a derrota do Super Bowl XXXIX, o jogador foi suspenso indefinidamente do Eagles e “liberado” do time um ano depois. 

Problemas com a polícia também não são incomuns no futebol americano, desde o College Football até a liga profissional. A Netflix explorou as histórias de superação - e algumas de volta às más praticas - na série Last Chance U, a qual recomendo fortemente. A principal questão é: o que tem sido feito em relação a estes casos? Quando o problema é com a lei, o jogador é rapidamente afastado e perde seu lugar no time e, no caso do College, sua bolsa na faculdade e sua chance de ir para a NFL. Mas e quando a questão comportamental não passa de uma “língua grande” ou “excesso de ego”? 

Há anos ouço que o esporte é a melhor forma de educar uma criança ou de recuperar um adolescente ou adulto. Dizem os especialistas que a disciplina, somada ao gasto de energia e o pensamento lógico que a prática esportiva exige, aguça a inteligência e é capaz de transformar a vida de alguém. Não discordo, tanto que a supramencionada série o demonstra brilhantemente, contudo ainda há casos, inclusive retratados em Last Chance U, em que faz-se necessário um acompanhamento psicológico intenso, a fim de tratar os traumas do passado e trazer uma clareza ao jovem ou adulto acerca de seus atos, das conseqüências legais e emocionais, para o mesmo e para os que o rodeiam. 

Para muitos, o esporte é a única maneira pela qual pode haver uma mudança de vida não só para o atleta, mas para toda sua parentela. Não são poucas as histórias de crianças cujo pai jamais esteve presente, cujas mães trabalharam incessantemente a fim de que nada faltasse, muitos viveram cercados pelo crime nas esquinas de suas ruas e viram, desde muito cedo, cenas inimaginavelmente traumatizantes. Por esta razão, um acompanhamento cuidadoso é imprescindível para que haja uma real mudança na maneira de ver o mundo e, consequentemente, de agir e reagir aos acontecimentos cotidianos. 

Reafirmo, não são poucos os casos de problemas comportamentais, desde pessoas que tem imensa dificuldade nas relações interpessoais, até aquelas que se envolvem em situações legalmente sérias. Contudo vejo, com frequência entristecedora, a responsabilidade pela ajuda psicológica e até mesmo legal, ser transferida sucessivamente, até que ninguém mais seja responsável por nada. 

Tenho consciência de que é impossível mudarmos a qualquer outro ser humano, bem como do quanto nos custa mudarmos nosso próprio comportamento. No entanto, acredito que grandes talentos não podem ser desperdiçados em razão da “falta de tempo” ou qualquer outra resposta pronta que se possa pensar. Há pessoas que, infelizmente, desistiram de si mesmas e necessitam urgentemente de que alguém acredite nelas para que tenham alguma força para recomeçar. 

Cabe lembrar que existem milhões de pessoas ao redor do mundo que tem imenso prazer em senta-se frente à televisão para ver grandes jogos, marcados por momentos inesquecíveis os quais jamais existiriam sem os jogadores. Por tanto, acredito que aqueles que se dedicam tanto e que conseguem provocar as mais diversas reações em pessoas as quais jamais conhecerão, merecem mais cuidado, mais respeito e muito mais atenção. Afinal, eles são a fonte das milionárias receitas obtidas através deste esporte. Acredito que o tema comportamental dos jogadores devem ser tratados, pela liga, pelos times e pela imprensa, de forma mais humana, tendo em mente que as histórias de cada um, apesar de não justificarem seus erros, os explicam.


Referência: 
Para mais detalhes sobre Terrell Owens e outros casos de jogadores com problemas comportamentais, legais ou não, acesse: https://bleacherreport.com/articles/795744-the-top-troublemakers-in-the-nfl#slide4

A foto utilizada neste artigo foi editada, a versão original pode ser encontrada em: https://www.parcelpending.com/wp-content/uploads/2018/08/607801602-640x640.jpg

Nenhum comentário