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Byra Bello - Fortalecer a base é a chave do sucesso




Byra Bello é professor universitário, ensinando seus alunos nas salas de aula (quadras), mas também todos nós, quando está comentando jogos de Basquete pela Televisão.

Profissional do Esporte há anos – não vamos mencionar quantos para não entregar a idade, Byra foi atleta, começando a jogar aos 11 anos no Riachuelo Tênis Clube. “Profissionalmente”, jogou pelo Vasco da Gama até os 33 anos, onde foi campeão de tudo. Depois, tornou-se treinador das categorias de base e da equipe adulta Cruz-Maltina e outros.

Rio Campeão Petizes 1967 - De pé: Romoaldo (roupeiro), Alemão, Paulo,
Marquinhos, Marcão, Mourão, Claudio, Telúrio (Técnico); Agachados: Zé, Álamo, Byra Bello, Kafuri, Murilo, Nino.

Assim, ninguém melhor do que Byra Bello para falar sobre NBA e sobre o futuro da modalidade no país.

Agradeço muito a ele pela oportunidade e a paciência de conversar conosco, para o El Clasico Sports foi um grande prazer.


1 – O que esperar da temporada 2018/2019 da NBA?
A NBA é tão boa que tem até basquete. Eu costumo falar muito isso, tem show, tem espetáculos. São 30 equipes que são 30 empresas que visam lucro no final da temporada.

Essa temporada não vai ser diferente; algumas mudanças foram feitas, contratações e a mais impactante foi a saída do Lebron James do Cleveland para os Lakers, que ganha um jogador espetacular, hoje, na minha opinião, o melhor jogador da NBA, mas não será suficiente para bater o Golden State.

Os Warriors têm um timaço que continua com um time fantásticos e, com mais reforços, pode realmente chegar ao título mais uma vez.

Eu acho que a Conferência Oeste continua sendo a conferência muito forte, com o Houston duelando com o Golden State pela melhor campanha da temporada; os Lakers devem subir na temporada 2018/2019, deve, ir para os Playoffs com a presença do Lebron James e a sua presença motiva todo mundo; as TVs vão passar muito mais Lakers nessa temporada do que as outras equipes.

Já na Conferência Leste, Boston e Toronto Raptors vão continuar brigando pelos primeiros lugares.


2 – Quem é o melhor jogador brasileiro na NBA?
Eu acho que o Nenê fica um pouco à frente de todos os outros. Não só do Leandrinho... apesar de não ter um título ainda da NBA. O Splinter foi campeão, o Leandrinho foi campeão e na época do Phoenix foi eleito “sexto homem”; o Anderson Varejão foi campeão, mas o Nenê sempre manteve a regularidade, jogando muito bem em praticamente todas as temporadas.

O Nenê foi o primeiro dessa leva de brasileiros e ainda está lá. Ele não tem nenhum título, mas outros grandes jogadores também não tiveram títulos e isso acontece muito em uma Liga muito organizada e com profissionais altamente qualificados.




3 – Por que anualmente diminui a participação de atletas brasileiros na NBA?
Eu acompanho NBA há bastante tempo, desde a década de 70/80, quando eu jogava ainda e você não tinha muitos estrangeiros na NBA. Talvez, cinco ou dez seja até um número exagerado. A NBA teve um “gap” muito grande depois das Olimpíadas de Barcelona onde os jogadores da NBA participaram pela primeira vez como profissionais, mas logo depois a maioria foi parando de jogar e a NBA sofreu um golpe de audiência.

A partir disso, passaram a globalizar a NBA, levaram para todos os continentes e aumentaram o número de estrangeiros, inclusive muitos brasileiros. No momento, temos poucos brasileiros, Nenê, Raulzinho, Caboclo, Felício, Lucas Nogueira... eu espero que tenha mais jogadores lá, pois existe o interesse da NBA de ter mais brasileiros, porque é um mercado bom e a Liga é altamente profissional, visa o lucro e está interessada em vender seus produtos.


4 – Oscar teria sido um dos maiores da NBA?
Oscar é um foi um grande arremessador, um jogador espetacular. Eu acho que iria sim se destacar na NBA, porque foram 13 anos na Europa com destaque, sempre jogando muito bem na Seleção Brasileira na NBA não seria diferente.

Oscar faria diferença e seria destaque, porque é um grande jogador, sendo o maior cestinha da história do basquetebol brasileiro, um cara alucinado pelo basquete, pelo treinamento e com trabalho que conseguiu alcançar o sucesso na sua profissão.


5 – Por que não alcançamos resultados melhores no Basquete Masculino nos últimos 10 anos mesmo com uma geração talentosa?
O basquetebol masculino não sobe ao pódio em uma competição de peso desde 1978. Eu considero competição de peso, o Mundial, hoje Copa do Mundo e as Olímpiadas.

Já são 40 anos daquela medalha de bronze no Mundial nas Filipinas, conquistada com aquela cesta do Marcel fantástica no meio da quadra contra a equipe da Itália.

Precisamos de um trabalho de base mais forte, a gente precisa expandir mais o basquetebol pelo Brasil. Nossa base é muito pequena, não só no masculino, no feminino nem se fala.

São poucas meninas que praticam basquete, mas a gente precisa expandir mais a base, ter mais gente praticando basquete e levar os nossos ídolos a locais onde se pratica o basquete para incentivar a garotada a praticar o Esporte,

Rio Campeão Juvenil 1970 em Penápolis (SP).
Girafa, Ronaldinho, Marquinhos, Washington, Byra Bello.

Acho que isso é um conjunto de problemas que o Esporte de modo geral vem encontrando. A Educação Física nas escolas é completamente diferente do que era antigamente - estão até querendo acabar com a educação física na escola, tudo isso vai se somando e faz com que a gente não alcance resultados nos esportes e basquete vai sofrendo muito com isso, é claro!



6 – Como foi cobrir seis Olimpíadas?
Cobrir seis Olímpiadas foi um negócio espetacular. É uma coisa que eu me orgulho muito na minha vida de ter participado e comentado seis Olimpíadas.

A primeira foi em 1996 em Atlanta. Comentei a maioria delas no Rio de Janeiro fazendo off-tube (fazendo estúdio) e a que eu comentei ‘in loco” foi em Londres em 2012, que foi super organizada. O Brasil foi muito bem, ficando em quinto lugar. Perdemos um jogo incrível contra a equipe da Rússia e ali a gente poderia ter avançado um pouco mais. Foi um Jogos Olímpicos muito bacana e que me orgulhei muito de participar.

Fiz também a Rio-2016 e espero que não seja a última... então foram seis Olimpíadas e com muitas histórias, muita coisa bacana.

Eu aproveitei bastante os Jogos de Londres. Eu já tinha estado duas vezes em Londres antes dos Jogos. Passeei muito, além de comentar bastante quase todos os jogos, eu vi quase 100% dos jogos e até o Milton Leite me perguntou se eu ia ver mais aquele jogo que não tinha expressão e eu respondi ‘Claro que eu vou!”, foi muito bacana Londres-2012.


7 – O que esperar da temporada 2018/2018 da NBB?
A gente tem um Paulistano que está muito bem e deve chegar forte para o NBB tentando mais um título. A gente tem o Bauru, Mogi, Franca... as equipes de São Paulo vêm fortes, porque o Campeonato Paulista é muito disputado, prepara muito bem as equipes para o campeonato nacional.

Têm também as equipes dos outros estados, o Brasília, o Flamengo, o Botafogo, até o Vasco aos trancos e barrancos, um clube com tradição...

Eu me orgulho muito de ter jogado no Vasco da Gama por mais de 15 anos com 13 títulos como técnico e como jogador... enfim, a NBB vem muito forte!


8 - O que esperar do Basquete Masculino brasileiro nos próximos anos?
Tem uma geração boa vindo aí. Eu não gosto de citar nomes, porque às vezes você esquece de um ou outro, mas tem uma garotada boa que recentemente foi campeã do Sul-americano/sub-21 na Argentina, vencendo as donas da casa duas vezes.

É uma garotada de valor e eu acho que vale a pena investir, continuar trabalhando forte com esse pessoal, intensificar o trabalho da base.

Na base, no meu entender, o técnico formador tem que se preocupar com três coisas fundamentais: trabalhar o controle do corpo, manejo de bola e o jogar pensando.

É na medida em que você começa a trabalhar e insisto nessas três coisas, o manejo de bola, o controle o corpo e jogar pensando, você vai formar atletas que possam chegar lá em cima (adulto) e defender bem o país num alto nível.

Rio Tri-Campeão Estudantil, Curitiba/1970.
De pé: Carlos Jorge (Técnico), Claudio,Boleta, Marquinhos, Nelson.
Agachados: Bial, Byra Bello, Ronaldinho, Washington, Huck, Nino.


9 - E o Basquete Feminino? Por que chegamos nesta situação?
O basquete feminino tem poucas meninas praticando basquete. aquela época de Hortência Paula e Janeth... o Brasil foi campeão mundial em 1994, já começou em 1991 com o ouro no Pan-americano de Cuba. Depois 1994, Brasil foi campeão mundial, 1996 com a medalha de prata em Atlanta e depois em 2000 com medalha de bronze em Sydney.

Eu participei de todas as transmissões nessas competições, foi uma geração fantástica brasileira, mas acabou e não foi feita uma renovação. Não se aproveitou essa década fantástica do Basquete feminino para promover a modalidade no Brasil.

Era para levar essas meninas em todos os lugares do Brasil, divulgando e incentivando a prática do basquetebol feminino e simplesmente o basquetebol feminino não é mais procurado pelas meninas, que procuram o voleibol, porque o voleibol ganha tudo e o basquete não ganha nada.

Infelizmente, estamos fora da próxima Copa do Mundo na Espanha e vai ter que refazer todo o trabalho para daqui uns 20 anos, talvez, chegar numa situação em que essas meninas chegaram na década de 90.


10 – O que o Byra faz quando não está comentando jogos de Basquete na Televisão?
Eu sou professor de Educação Física, sou professor universitário, dou aula em duas universidades no momento, Universidade Estácio de Sá e Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Já dei aula também na Universidade Gama Filho, que infelizmente acabou – Universidade acabar no Brasil é uma coisa incrível - mas acabou. Eu dava aula também na Universidade Católica de Petrópolis.

Então, eu trabalho com essa parte acadêmica, gosto muito de malhar, porque fui atleta, vou academia, corro, jogo basquete, enfim, me mantenho ativo, cuidando da saúde e, claro, quando tem jogos para comentar, comente e vibro muito com basquetebol. O basquetebol está muito na minha na minha vida e, exatamente, é isso que eu faço quando não estou comentando jogos de basquetebol.


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Imagens - Acervo Pessoal 
Obs.: A foto da equipe do Vasco da Gama foi obtida em http://esportescabofrio.blogspot.com/2014/04/historias-e-conquistas-do-esporte_23.html (Agachados à esquerda Miguel Ângelo da Luz (Campeão Mundial no feminino 1994) e à direita Byra Bello)




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