Byra Bello - Fortalecer a base é a chave do sucesso
Byra Bello é professor universitário, ensinando seus alunos nas salas de aula (quadras), mas também todos nós, quando está comentando jogos de Basquete pela Televisão.
![]() |
Rio Campeão Petizes 1967 - De pé: Romoaldo (roupeiro), Alemão, Paulo, Marquinhos, Marcão, Mourão, Claudio, Telúrio (Técnico); Agachados: Zé, Álamo, Byra Bello, Kafuri, Murilo, Nino. |
Assim, ninguém melhor do que Byra Bello para falar sobre NBA e sobre o futuro da modalidade no país.
Agradeço muito a ele pela oportunidade e a
paciência de conversar conosco, para o El Clasico Sports foi um grande prazer.
1 – O que esperar da temporada
2018/2019 da NBA?
A NBA é tão boa que tem até basquete. Eu
costumo falar muito isso, tem show, tem espetáculos.
São 30 equipes que são 30 empresas que visam lucro no final da temporada.
Essa temporada não vai ser diferente; algumas
mudanças foram feitas, contratações e a mais impactante foi a saída do Lebron
James do Cleveland para os Lakers, que ganha um
jogador espetacular, hoje, na minha opinião, o melhor jogador
da NBA, mas não será suficiente para bater o Golden State.
Os Warriors têm um timaço
que continua com um time fantásticos e, com mais reforços, pode realmente
chegar ao título mais uma vez.
Eu acho que a Conferência Oeste continua sendo
a conferência muito forte, com o Houston duelando com o Golden State pela
melhor campanha da temporada; os Lakers devem
subir na temporada 2018/2019, deve, ir para os Playoffs com a presença do
Lebron James e a sua presença motiva todo mundo; as TVs vão passar muito mais Lakers nessa
temporada do que as outras equipes.
Já na Conferência Leste, Boston e Toronto Raptors
vão continuar brigando pelos primeiros lugares.
2 – Quem é o melhor jogador
brasileiro na NBA?
Eu acho que o Nenê fica um pouco à frente de
todos os outros. Não só do Leandrinho... apesar de não ter um título ainda da
NBA. O Splinter foi campeão, o Leandrinho foi campeão e na época do Phoenix foi
eleito “sexto homem”; o Anderson Varejão foi campeão, mas o Nenê sempre manteve
a regularidade, jogando muito bem em praticamente todas as temporadas.
O Nenê foi o primeiro dessa leva de
brasileiros e ainda está lá. Ele não tem nenhum título, mas outros grandes
jogadores também não tiveram títulos e isso acontece muito em uma Liga muito
organizada e com profissionais altamente qualificados.
3 – Por que anualmente diminui
a participação de atletas brasileiros na NBA?
Eu acompanho NBA há
bastante tempo, desde a década de
70/80, quando eu jogava ainda e você não tinha muitos
estrangeiros na NBA. Talvez, cinco ou dez seja até um número
exagerado. A NBA teve um “gap” muito grande depois das Olimpíadas de
Barcelona onde os jogadores da NBA participaram pela primeira vez como
profissionais, mas logo depois a maioria foi parando de
jogar e a NBA sofreu um golpe de audiência.
A partir disso, passaram a globalizar a NBA,
levaram para todos os continentes e aumentaram o número de estrangeiros,
inclusive muitos brasileiros. No momento, temos poucos brasileiros, Nenê,
Raulzinho, Caboclo, Felício, Lucas Nogueira... eu espero que tenha
mais jogadores lá, pois existe o interesse da NBA de
ter mais brasileiros, porque é um mercado bom e
a Liga é altamente profissional, visa o lucro e está interessada em vender seus
produtos.
4 – Oscar teria sido um dos
maiores da NBA?
Oscar é um foi um grande arremessador, um
jogador espetacular. Eu acho que iria sim se destacar na NBA, porque foram 13
anos na Europa com destaque, sempre jogando muito bem na Seleção Brasileira na
NBA não seria diferente.
Oscar faria diferença e seria destaque, porque
é um grande jogador, sendo o maior cestinha da história do basquetebol
brasileiro, um cara alucinado pelo basquete, pelo treinamento e com trabalho
que conseguiu alcançar o sucesso na sua profissão.
5 – Por que não alcançamos
resultados melhores no Basquete Masculino nos últimos 10 anos mesmo com uma
geração talentosa?
O basquetebol masculino não sobe ao pódio em
uma competição de peso desde 1978. Eu considero competição de peso, o Mundial,
hoje Copa do Mundo e as Olímpiadas.
Já são 40 anos daquela medalha de bronze no
Mundial nas Filipinas, conquistada com aquela cesta do Marcel fantástica no
meio da quadra contra a equipe da Itália.
Precisamos de um trabalho
de base mais forte, a gente precisa expandir mais o basquetebol pelo Brasil.
Nossa base é muito pequena, não só no masculino, no feminino nem se fala.
![]() |
Rio Campeão Juvenil 1970 em Penápolis (SP). Girafa, Ronaldinho, Marquinhos, Washington, Byra Bello. |
Acho que isso é um conjunto de problemas que o Esporte de modo geral vem encontrando. A Educação Física nas escolas é completamente diferente do que era antigamente - estão até querendo acabar com a educação física na escola, tudo isso vai se somando e faz com que a gente não alcance resultados nos esportes e basquete vai sofrendo muito com isso, é claro!
6 – Como foi cobrir seis
Olimpíadas?
Cobrir seis Olímpiadas foi
um negócio espetacular. É
uma coisa que eu me orgulho muito na minha vida de ter participado e comentado seis
Olimpíadas.
A primeira foi em 1996 em Atlanta. Comentei
a maioria delas no Rio de Janeiro fazendo off-tube (fazendo
estúdio) e a que eu comentei ‘in
loco” foi em Londres em 2012,
que foi super organizada.
O Brasil foi muito bem,
ficando em quinto lugar.
Perdemos um jogo incrível contra a equipe da Rússia e
ali a gente poderia ter avançado um
pouco mais. Foi um Jogos Olímpicos muito
bacana e que me orgulhei muito de participar.
Fiz também a Rio-2016 e espero que não seja a
última... então foram seis Olimpíadas e com muitas
histórias, muita coisa bacana.
Eu aproveitei bastante
os Jogos de Londres. Eu já tinha estado duas vezes em Londres
antes dos Jogos. Passeei muito, além de comentar bastante quase todos os jogos,
eu vi quase 100% dos jogos e até o Milton Leite me perguntou se eu ia ver mais
aquele jogo que não tinha expressão e eu respondi ‘Claro que eu vou!”, foi
muito bacana Londres-2012.
A gente tem um Paulistano que está muito bem e
deve chegar forte para o NBB tentando mais um título. A gente tem o Bauru,
Mogi, Franca... as equipes de São Paulo vêm fortes, porque o Campeonato
Paulista é muito disputado, prepara muito bem as equipes para o campeonato
nacional.
Têm também as equipes dos outros estados, o
Brasília, o Flamengo, o Botafogo, até o Vasco aos trancos e barrancos, um clube
com tradição...
Eu me orgulho muito de ter jogado no Vasco da
Gama por mais de 15 anos com 13 títulos como técnico e como jogador... enfim, a
NBB vem muito forte!
8 - O que esperar do Basquete
Masculino brasileiro nos próximos anos?
Tem uma geração boa vindo aí. Eu não gosto de
citar nomes, porque às vezes você esquece de um
ou outro, mas tem uma garotada boa que recentemente foi campeã do Sul-americano/sub-21
na Argentina, vencendo as donas da casa duas vezes.
É uma garotada de valor e eu acho que vale a
pena investir, continuar trabalhando forte com esse pessoal, intensificar o
trabalho da base.
Na base, no meu entender,
o técnico formador tem que se preocupar com três coisas
fundamentais: trabalhar o controle do corpo,
manejo de bola e o jogar pensando.
É na medida em que você começa a trabalhar e
insisto nessas três coisas, o manejo de bola, o controle o corpo e jogar
pensando, você vai formar atletas que possam chegar lá em cima (adulto) e
defender bem o país num alto nível.
![]() |
Rio Tri-Campeão Estudantil, Curitiba/1970. De pé: Carlos Jorge (Técnico), Claudio,Boleta, Marquinhos, Nelson. Agachados: Bial, Byra Bello, Ronaldinho, Washington, Huck, Nino. |
9 - E o Basquete Feminino? Por
que chegamos nesta situação?
O basquete feminino tem poucas meninas
praticando basquete. aquela época de Hortência
Paula e Janeth... o Brasil foi campeão mundial em 1994, já começou em 1991 com
o ouro no Pan-americano de Cuba. Depois 1994, Brasil foi campeão mundial, 1996 com
a medalha de prata em Atlanta e depois em 2000 com medalha de bronze em Sydney.
Eu participei de todas as transmissões nessas
competições, foi uma geração fantástica brasileira, mas acabou e não foi feita
uma renovação. Não se aproveitou essa década fantástica do Basquete
feminino para promover a modalidade no Brasil.
Era para levar essas meninas em todos os
lugares do Brasil, divulgando e incentivando a prática do basquetebol feminino
e simplesmente o basquetebol feminino não é mais procurado pelas meninas, que
procuram o voleibol, porque o voleibol ganha tudo e o basquete não ganha nada.
Infelizmente, estamos fora da próxima Copa do
Mundo na Espanha e vai ter que refazer todo o trabalho para daqui uns 20 anos,
talvez, chegar numa situação em que essas meninas chegaram na década de 90.
10 – O que o Byra faz quando
não está comentando jogos de Basquete na Televisão?
Eu sou professor de Educação
Física, sou professor universitário,
dou aula em duas universidades no momento,
Universidade Estácio de Sá e Universidade Federal do Rio de
Janeiro.
Já dei aula também na
Universidade Gama Filho, que infelizmente acabou
– Universidade acabar no Brasil é uma coisa incrível - mas
acabou. Eu dava aula também na
Universidade Católica de Petrópolis.
Então,
eu trabalho com essa parte acadêmica,
gosto muito de malhar, porque fui atleta,
vou academia, corro,
jogo basquete,
enfim, me mantenho
ativo, cuidando da saúde e,
claro, quando tem jogos
para comentar, comente e vibro muito com basquetebol. O
basquetebol está muito na minha na minha vida e, exatamente, é
isso que eu faço quando não estou comentando jogos de basquetebol.
SIGA NOSSAS REDES SOCIAIS:
Imagens - Acervo Pessoal
Obs.: A foto da equipe do Vasco da Gama foi obtida em http://esportescabofrio.blogspot.com/2014/04/historias-e-conquistas-do-esporte_23.html (Agachados à esquerda Miguel Ângelo da Luz (Campeão Mundial no feminino 1994) e à direita Byra Bello)
Obs.: A foto da equipe do Vasco da Gama foi obtida em http://esportescabofrio.blogspot.com/2014/04/historias-e-conquistas-do-esporte_23.html (Agachados à esquerda Miguel Ângelo da Luz (Campeão Mundial no feminino 1994) e à direita Byra Bello)
Nenhum comentário