Tom Brady: amor e ódio

Em 2016, Dak Prescott foi escolhido na 4°rodada do draft pelo Dallas Cowboys, para ser reserva de Tony Romo. Mas na pré temporada ele foi apresentando boas atuações e ganhando cada vez mais admiradores, que viam nele um possível franchise quarterback para o futuro. Mas o destino lhe reservou outra narrativa. Romo se machuca na terceira semana de pré temporada, e  Dak acabou conquistando a posição.

Essa história não é tão comum de se acontecer, mas já aconteceu algumas vezes. A mais conhecida é provavelmente de um jogador que para muitos é o melhor da história; Tom Brady.

Ele foi escolha de 6°rodada do Draft de 2000, e com uma história semelhante envolvendo uma lesão do quarterback titular Drew Bledsoe. Brady assumiu a titularidade e passou a ser uma das peças fundamentais da franquia de New England, vencendo 5 Super Bowls.

Diferente de Dak, hoje vemos que Brady é o jogador mais polarizante da NFL, as pessoas o amam ou o odeiam. Mas qual a explicação para esse fato tão curioso?

Um dos motivos aqui no Brasil, acredito ser pelo esporte estar começando a cair no gosto popular a apenas alguns anos, e é natural que torçam o nariz para um time que vem dominando a liga e que sua estrela máxima vem batendo inúmeros recordes. Na vida pessoal, é casado com a modelo mais famosa do mundo, além de expor seu rigoroso cuidado com dietas e treinos para poder continuar atuando apesar da idade. Ele é aquele clássico exemplo de uma pessoa bem sucedida, e isso acaba atraindo empatia sim, mas também  uma certa antipatia.

Vamos fazer um exercício de imaginação: Imagine que a franquia dos Patriots não tenha nenhum título (como era em 2000), e que Brady fosse a escolha de número 199 (como realmente foi na época). Não teria como ele não cair no gosto popular do brasileiro, que gosta de narrativas assim, gosta do mais "fraco", tem carinho pelo diferente. Vimos isso durante essa Copa do Mundo que se encerrou, a grande maioria estava torcendo para Croácia na final, pois era uma seleção com pouca tradição, contra uma gigante no cenário do futebol.

Um outro fator que faz ele não ser bem visto até nos Estados Unidos, é o número de escândalos que envolveram New England nesses anos. 'Spygate' foi o primeiro a ser reportado e posteriormente o 'deflategate'.

O caso de espionagem ocorreu entre 2000 e 2007, apurado e comprovado pela NFL. Os Patriots colocavam funcionários disfarçados de jornalistas para gravarem as chamadas de jogadas dos adversários antes das partidas, além de invadirem os vestiários e pegarem os planos de jogo para poderem já entrar sabendo quais seriam as jogadas que os oponentes iriam utilizar.

Depois de comprovado os atos, a franquia foi multada e devidamente punida, mesmo assim não deixou de cair um peso enorme sobre a principal estrela do time. 

Aí vem os playooffs em 2015 e, novamente outro fato é investigado e comprovado. Na final de conferência entre Patriots e Colts disputada em Foxborough, o time da casa teria deliberadamente esvaziado as bolas do jogo. E nesse caso, o camisa 12 dos Patriots saiu ainda mais "queimado", por não cooperar com as investigações, inclusive, destruindo seu próprio celular no qual supostamente continha provas que comprovariam que esse fato realmente aconteceu e que era de conhecimento do astro.

Como resultado, ele foi suspenso por quatro jogos, mas entrou com um efeito suspensivo para disputar a temporada completa. Mas em 2016 ele perdeu em um novo julgamento e teve que cumprir esses quatro jogos de suspensão.

Depois de perder esses jogos, Brady voltou com "sangue nos olhos" e fez uma de suas melhores temporadas, terminando com a vitória no Super Bowl 51. Os Patriots protagonizaram a maior virada da história de um Super Bowl (liderados pelo seu camisa 12) após estarem perdendo de 28 a 3. 

E um último fator que ao meu ver pesa contra ele (mas tinha um sabor especial  para quem gosta de grandes confrontos), era a rivalidade dentro de campo entre ele e Peyton Manning. 

Manning, que ao contrário de Brady, era e continua sendo um cara bem visto por todos, devido a sua ética profissional, seu talento em campo e por carregar várias vezes equipes mais fracas nas costas. E como em todo enredo de um duelo tem que ter um mocinho e um vilão, adivinha quem era o vilão para a maioria dos torcedores das outras franquias?!

Thomas Edward Patrick Brady Jr: você pode ama-lo ou odia-lo, mas jamais ficará indiferente ao quarterback mais vezes campeão de Super Bowl, que viu 198 jogadores serem escolhidos antes dele, mudou a história de uma franquia e que com certeza será um Hall of Fame. 

Uma sugestão para vocês leitores; ele não deverá jogar por muito mais tempo, não pelo seu desempenho e sim pela idade que já é avançada. Então aproveite cada jogo dele, pois provavelmente não veremos outro jogador tão impactante na NFL.


Créditos da imagem: David J. Philip/Associated Press