Por você, pai
"Eu sabia que meu pai iria querer que eu jogasse. Eu amo muito ele e este jogo. É uma excelente opção para mim, para meu pai, para minha família, e eu não esperava uma performance deste tipo. Mas eu sabia que ele estava me assistindo esta noite."
Essas palavras foram ditas por Brett Favre logo após um Monday Night Footbal contra o Oakland Raiders no qual ele teve (o que muitos consideram) sua melhor atuação na carreira. Até aí não seria nada de incomum para um dos melhores jogadores que já passaram em um campo de futebol americano. Mas o contexto que torna esse jogo tão especial talvez não seja a sua grande performance, e sim o fato de ter sido um dia após o falecimento de seu pai.
Provavelmente o que mais me atrai no esporte é o lado humano. Aquelas histórias que vão muito além de um confronto em si: superação, ascensão, declínio, todo esse contexto é extremamente importante para que você possa assistir a um jogo com um olhar diferente.
Há uns anos atrás, acredito que tenha tido um de meus primeiros contatos com o futebol americano, quando vi um senhor com uma camisa '4' verde e amarela. Mas não era da nossa seleção brasileira, e sim, de um esporte até então desconhecido para mim. Lembro como se fosse hoje, o quanto aquele nome nas costas me chamou a atenção por ser diferente; Favre.
Anos depois, quando passei a entender e amar esse esporte, procurei pesquisar histórias da liga, suas franquias e seus grandes jogadores. E olha que novamente aquela camisa 4 com o nome engraçado me aparece. Brett Favre era um grande jogador com inúmeros recordes, vencedor de Super Bowl e futuro Hall da Fama (hoje ele já entrou nesse seleto grupo).
Não sei se foi o fato de seu nome ter ficado gravado em minha memória, mas ele se tornou um de meus jogadores favoritos. Suas atuações, seus recordes, sua maneira ousada de jogar me chamaram a atenção. Então no auge de minha curiosidade e sede por conhecimento, me deparo com uma das histórias mais fantásticas que vi no esporte.
Era 22 de Dezembro de 2003, o natal se aproximava e aconteceria o jogo mais importante da rodada na época, um Monday Night Footbal entre Green Bay Packers e Oakland Raiders em Oakland. Mas um dia antes, Irving Favre, pai da estrela dos Packers, veio a falecer. Seria natural e mais sensato que ele não atuasse nesse jogo, devido ao forte relacionamento que Brett tinha com seu pai. Ele tomou uma decisão, iria jogar. Talvez porque no campo ele encontraria conforto em um momento tão difícil.
Mas ele não se contentou em apenas entrar em campo. Fez uma das maiores atuações individuais já vistas na NFL. Terminou o primeiro tempo com 15 passes completos de 18 tentados, incríveis 311 jardas lançadas além de um rating de 158.3 (pontuação para avaliar a performance de um quarterback, sendo que o máximo possível é justamente 158.3) e 4 touchdowns. No segundo tempo não precisou se esforçar mais, pois a vitória já estava garantida, mesmo assim ele terminou o jogo com 22 passes completos de 30 tentados, 4 touchdowns, 399 jardas e um rating de 154.9.
Foi emocionante ao término da partida todos indo cumprimentá-lo, inclusive os adversários. Talvez todos tenham na verdade lhe dado os parabéns, não só pela incrível atuação, mas também pela força mostrada em um momento tão difícil na vida pessoal.
Existem várias maneiras de honrarmos nossos entes queridos. Brett escolheu faze-lo da maneira que melhor sabia, jogando futebol americano. Como ele mesmo disse: "seu pai estava assistindo lá de cima" e, com certeza, ficou muito orgulhoso do filho.
Sobre aquele senhor com a camisa '4' verde amarela com um nome diferente?! Ele dificilmente sabia o que aquele nome representara para o esporte. Assim como também não sabe que esse primeiro contato que tive com o futebol americano me marcou bastante. Sendo assim sou grato a ele por ter colocado esse nome em meu subconsciente. O esporte tem dessas coisas; às vezes serve para nos divertir, para nos marcar ou mesmo nos consolar.
Créditos da imagem: FOX Sports (fotógrafo não divulgado)
Top hein, otimas informações sobre os icones do esporte, parabens Renan Douglas
ResponderExcluirComigo aconteceu o mesmo quando me tornei torcedor do Packers. Torcedores mais antigos me diziam: Se acha o Rodgers o melhor quarterback precisava ver o Brett Favre
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