Tite não pode ser crucificado, nem glorificado. Nenhum treinador pode
Em um período do futebol brasileiro, dois tipos de jogadores eram muito elogiados e desejados pelos clubes. Um era o centroavante alto, forte, grosso, estático, que jogava por uma bola cruzada na área. Outro era o volante brucutu, também grosso, parado à frente da zaga. Desarmava, muitas vezes com falta, e demorava mil anos para dominar a bola, ajeitar o corpo e dar um passe errado de cinco metros.
O volante e o centroavante
continuam essenciais, desde que, em grandes times, tenham habilidade e
mobilidade. O centroavante, além de artilheiro, precisa ser também um
centroavante armador, que drible, troque passes e abra espaços.
O volante, além de marcar
bem, necessita ter um rápido e eficiente passe, curto e longo, de preferência
para frente, para o companheiro receber a bola com a defesa ainda desprotegida.
Há vários, como Casemiro. No São Paulo, ele já fazia isso, mas os
"entendidos" criticavam, diziam que ele era lento, marrento e que
queria fazer a função de meia. Oxalá se Casemiro estivesse em campo diante da
Bélgica.
O
treinador é responsável por comandar essa orquestra, pode ser o protagonista do
espetáculo a qualquer momento - isso nem sempre significa uma coisa boa.
Em
tempos de copa do mundo, é inevitável não falar da eliminação da nossa seleção.
Nosso “ainda” atual comandante Tite, ao contrário do que muitos pensam, não é o
melhor técnico do mundo. Ele fez um excelente trabalho e deve continuar em
minha opinião, mas não devemos chamá-lo de gênio nem achar que, com ele, o Brasil terá a sua melhor versão eternamente. Tudo tem o seu tempo, o futebol é muito dinâmico.
Todos
os grandes treinadores do mundo tiveram períodos próximos de sucesso e de
fracasso. Isso não significa que foram excepcionais nas vitórias e péssimos nas
derrotas. Há dezenas de fatores envolvidos nos resultados. Talvez seja uma
ilusão acharmos que os técnicos ganham ou perdem por uma tacada de mestre.
Diante de tantas informações e opções, qualquer
treinador, pode ficar indeciso e tomar decisões erradas. Eles não são
super-homens, nem magos, devemos compreender isso.
Temos o hábito de criticar muito os treinadores brasileiros e
de elogiar os da Europa. Isso é quase uma coisa cultural, é o complexo de vira-lata que habita dentro de todos
nós, brasileiros. É como diz aquele velho ditado: "O gramado do vizinho é sempre mais verde que o nosso".
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