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Roda da burrice: entra treinador, sai treinador, e o nosso futebol é cada vez menos interessante




E a mesmice do futebol brasileiro segue assustadora. Mais um ano em que o trabalho é condicionado a alguns resultados negativos. Após quase oito meses no cargo, Roger Machado foi demitido pelo Palmeiras após a derrota para o Fluminense na noite de ontem, pela 15ª rodada do campeonato brasileiro. 

Agora, o verdão terá que começar de novo: com um novo técnico, que não fez pré-temporada e nem tampouco ajudou na montagem do elenco, e que terá que reerguer o time em questão de resultados em no máximo três jogos. Caso contrário, será o próximo desempregado.

Roger foi anunciado pelo clube ao final do brasileirão de 2017, tendo a missão de comandar o elenco mais caro do país. Foram 44 jogos a frente da equipe: com 27 vitórias, 9 empates, 8 derrotas e 62% de aproveitamento; um percentual bem acima da média nacional, que é de 48%. A pergunta que fica é: Por que? 

O Palmeiras teve a melhor campanha da fase de grupos da Libertadores, com 5 vitórias e 1 empate. Foi finalista do campeonato paulista, onde cometeu o "crime" de perder para o Corinthians na final. Sabe a quanto tempo o Palmeiras não é campeão paulista? A oito longos anos. Será mesmo que é culpa do Roger? 

No brasileirão são 23 pontos em 15 rodadas, o time está na 6ª colocação, a oito pontos do líder Flamengo. Jesus, é apenas a 15ª rodada, e a diretoria alviverde acredita que o momento é propício para a demissão de um treinador com números melhores aos de Cuca, que em 2016 a essa altura tinha 54,9% de aproveitamento, e terminou o ano campeão brasileiro. Sou obrigado a oferecer os meus mais sinceros parabéns aos envolvidos! 

Observações pessoais:

Em uma conversa com um amigo na noite de ontem, logo após o anuncio da demissão do técnico do Palmeiras, eu me deparei com uma situação bastante interessante: o conformismo. 

O grande problema não é o fato de o nosso futebol não ter continuidade de trabalho, ou não ter um estilo de jogo que chame a atenção, dentre outras coisas; a grande 'merda' é que estamos conformados e, realmente crendo que isso é a coisa certa a ser feita. 

Ao enviar um áudio demonstrando toda a minha indignação com a atitude da direção 'palestrina', recebi uma resposta que de fato não esperava: "Mano, mas sei lá, tem casos e casos, já foi pior aqui no Brasil, os treinadores ficavam no cargo por - sei lá - média de 4, 5 jogos, agora aumentou um pouquinho..." E vale ressaltar que estou falando de alguém que entende de futebol, que sabe o que fala, no entanto, é conformado e aceita as sandices do nosso futebol de maneira a se encaixar nela. 

Os treinadores antes "ficavam 4, 5 jogos no cargo", agora eles duram 30, 40, em uma temporada que chega a ter 70 partidas. A coisa segue feia, e  é cada vez mais entediante assistir uma partida do futebol brasileiro. A pressão que é feita é baseada no chutão pra dentro da área. Zagueiro sair trocando passes? Coisa rara! E quando acontece são criticados por "excesso de preciosismo". 

Roger Machado é um dos técnicos que tenta mudar isso. Muito do Grêmio que se viu encantando o país ao demonstrar um estilo de jogo envolvente - que já é praticado a anos na Europa -, tem o dedo de Roger, que iniciou algo diferente. Claro, em um determinado momento, com a falta de resultados relevantes, caiu na "malha fina do futebol brasileiro".  Renato Gaúcho assumiu o tricolor, e foi muito inteligente ao dar continuidade no estilo, claro, com pitadas de "irresponsabilidades" que acabaram funcionando. 

Continuidade: é disso que precisamos. Em 2017 Roger foi demitido do Atlético Mineiro exatamente após uma derrota na 15ª rodada. No galo, foram 43 partidas; com 23 vitórias, 9 empates, 11 derrotas e 52% de aproveitamento. Continuidade? A gente não vê por aqui! 

Como o Atlético-MG terminou o brasileirão do ano passado? Em 9º lugar, sem sequer conseguir uma vaga na banalizada Libertadores da América. Resolveu alguma coisa? Óbvio que não! Esse tipo de decisão beira o 'chutômetro'. E  é assim que o nosso futebol é administrado, na base do "vamos fazer e ver no que vai dar", o importante é dar uma resposta para torcida e imprensa. 

Deixo abaixo uma entrevista dada por Roger Machado após a 14ª rodada do campeonato brasileiro do ano passado, onde suas palavras expressam bem o que penso dessa palhaçada. 

"Essa pressão pelo cargo, o treinador está sempre pressionado, basta um ou dois insucessos... No segundo clássico do ano, perdemos pela segunda vez e já havia pressão. Hoje foi a 42ª partida e já fui pressionado outras vezes. A figura a ser questionada sou eu, não vejo problemas. Além do mais, trabalhamos em um futebol onde não existe longo prazo." Roger Machado, em entrevista ao UOL.COM, em julho de 2017.   

Créditos da imagem: globoesporte.com

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