A copa acabou, e ninguém apresentou um futebol revolucionário
A França foi, merecidamente, campeã do mundo pela segunda vez. Se
a Croácia fosse campeã, não seria nada de absurdo. Seria o primeiro título mundial de uma
seleção que era cotada, antes da competição, como uma equipe média. Sempre
achei isso estranho, já que é frequente em todo o mundo um time médio, ou até pequeno, ganhar um torneio curto com jogos eliminatórios, como a Copa do
Brasil.
Quando a Croácia era melhor no jogo, a França
fez dois gols ocasionais, de bolas paradas. Um, após uma falta que não existiu.
O outro foi por meio de um pênalti corretamente marcado, porém, protegido por uma regra
que talvez não seja a mais adequada.
O acaso também entrou em campo. O terceiro
gol foi magistral, pelo passe inicial de Pogba, uma chicotada com o lado
esquerdo do pé, da intermediária da França, pela habilidade e velocidade de Mbappé, pela
ajeitada de Griezmann e pela finalização perfeita de Pogba, da entrada da área. Pogba deu uma aula nesse lance, de como deve jogar um meio-campista,
principalmente para os brasileiros, que só pensam no “camisa 10”, como um meia
driblador e veloz. Os grandes meio-campistas, que jogam de uma intermediária à
outra, são fundamentais também.
A França, apesar de Giroud, foi campeã da
copa do mundo com louvor, principalmente, por ter cinco jogadores que estão
entre os melhores do mundo em suas posições (Varane, Pogba, Kanté, Mbappé e
Griezmann). É a união de um jogo coletivo, pragmático, com qualidades individuais que aparecem nas horas certas. Não é apenas um craque que ganha um título mundial.
Confesso que fiquei um pouco frustrado por não identificar
nada muito inovador neste mundial, não houve uma grande novidade, a não ser o
VAR, que veio para ficar. Como podemos observar, nos tempos de hoje os jogadores
e equipes são conhecidos entre eles, nos mínimos detalhes, isso faz com que
diminua os espaços para grandes surpresas.
Na história, houve muitas seleções
brilhantes, mas foram poucas as revolucionárias, que mudaram a maneira de
jogar. Cito quatro: A Inglesa de 1966, por
ter sido o início da marcação com duas linhas de quatro; a Brasileira de 1970,
por ser a primeira a fazer um detalhado planejamento científico; a Holanda de 1974, - laranja
mecânica - a primeira a marcar por pressão; e a Espanha de 2010, inspirada no
Barcelona dirigido pelo gênio Pep Guardiola, que influenciou o futebol de todo
o mundo com o toque de bola.
As transformações no futebol ocorrem aos
poucos e passam despercebidas. De repente, enxergamos o óbvio, que muitas
coisas estão diferentes, como nos últimos 15 anos, e que, no Brasil, só se deu
importância após os 7 a 1. Assim ocorre também na história e na vida. Quando
olhamos no espelho, levamos um susto ao constatarmos que envelhecemos e que
temos de correr atrás da vida, antes que ela acabe.
Créditos da imagem: Portal de notícias DN Sul
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