America's Game VI: The World's Game
"With the 199 overall pick in the 2000 NFL Draft, the New England Patriots selects: Tom Brady, querterback, Michigan". Uma temporada depois de Mike Ditka ter feito o pior Draft de todos os tempos trocando TODAS as escolhas do New Orleans Saints naquele ano (#12, #71, #107, #144, #179 e #218) e duas escolhas do ano seguinte (#2 e #64) para subir oito posições e selecionar o running back Ricky Williams de Texas, os Patriots encontraram uma pérola em meio a lama. Brady havia tido um grande senior year com Michigan Wolverines, inclusive batendo Alabama no Orange Bowl de forma impressionante, mas não estava nos planos de literalmente nenhuma equipe. Torcedor declarado do San Francisco 49ers e fã incondicional de Joe Montana, o garoto da Bay Area sonhava em atuar pela equipe do coração. Porém, os 49ers decidiram por escolher Giovanni Carmazzi, prospecto oriundo de Hofstra University - um programa que sequer existe atualmente. De acordo com Steve Mariucci, Head Coach de San Francisco na época, nada no Combine de Brady mostrava que ele poderia ser o rosto da franquia. Para o desapontamento de Tom os 49ers não o escolheram. Ninguém o fez nas primeiras cinco rodadas de escolhas. Até que as palavras do início do texto foram ditas. Brady tinha um time que acreditava nele e faria de tudo para corresponder.
O próximo Joe Montana sob os olhos do original
Depois de ler as primeiras cinco partes dessa série eu sei que você já tem em mente o que eu vou repetir, correndo o risco de parecer exaustivamente repetitivo: a história adora ironias. E que gigante ironia da vida o primeiro jogo de Brady e de Carmazzi ser exatamente entre si. Mais que isso: O fã de Montana e a esperança da antiga equipe de Joe Cool se encontraram em uma cerimônia preparada para ele. O quarterback seria induzido ao Hall of Fame e a NFL colocou frente-a-frente San Francisco 49ers e New England Patriots no tradicional Hall of Fame Game. Carmazzi sucumbiu. Em uma tarde onde nada deu certo o prospectivo futuro da franquia teve apenas três passes completados para dezenove jardas e uma vergonhosa derrota por 20x0. Carmazzi acabou nunca jogando um snap sequer na NFL enquanto Brady rumava para a glória. Porém, Brady não seria o primeiro general de ataque selecionado em 2000 a ganhar um anel de campeão. Chris Redman teve a honra, como reserva, de fazer parte do elenco vencedor pelo Baltimore Ravens, título esse que foi como uma punhalada nas costas dos fãs do Cleveland Browns.
Os Patriots tinham um quarterback titular, e não era qualquer jogador. Drew Bledsoe já havia jogado um Super Bowl, e muito bem, apesar de derrotado, além de ser presença constante no Pro Bowl. Então, em um jogo contra os Jets em setembro de 2001, a grande chance de Brady apareceu. De quase cortado do roster, Brady agora seria titular devido a uma lesão de Bledsoe. Liderando a equipe da Nova Inglaterra até o Super Bowl, Brady conseguiu o que Bledsoe havia falhado em fazer em 1996: vencer o Lombardi Trophy. O adversário seria o Saint Louis Rams, campeão de dois anos antes. O jogo estava empatado em 17x17 com 1:21 para o término e nenhum timeout para solicitar quando a estrela renegada chamou a responsabilidade, caminhou 53 jardas e deu a Adam Vinatieri a chance do chute decisivo. Se o rival de divisão Bills havia perdido seu primeiro Super Bowl em um chute mal feito, os Patriots venciam o seu primeiro em um chute perfeito.

No Divisional Round de 2001 um lance poderia ter mudado para sempre o destino de Brady: um fumble forçado e recuperado pela defesa dos Raiders teria eliminado New England da luta pelo Super Bowl. Após a revisão os árbitros voltaram atrás, percebendo que a bola estava em movimento para frente, revertendo a jogada em passe incompleto. Essa reviravolta deu mais uma chance aos Patriots que na anotaram o touchdown e eliminaram os Raiders. E no ano em que houve a última grande mudança da NFL, os Raiders tiveram sua oportunidade da sonhada conquista que não vinha desde 1980.

No Divisional Round de 2001 um lance poderia ter mudado para sempre o destino de Brady: um fumble forçado e recuperado pela defesa dos Raiders teria eliminado New England da luta pelo Super Bowl. Após a revisão os árbitros voltaram atrás, percebendo que a bola estava em movimento para frente, revertendo a jogada em passe incompleto. Essa reviravolta deu mais uma chance aos Patriots que na anotaram o touchdown e eliminaram os Raiders. E no ano em que houve a última grande mudança da NFL, os Raiders tiveram sua oportunidade da sonhada conquista que não vinha desde 1980.
"Houston, we have a problem!"
A frase emblemática nas ficções espaciais vem bem a calhar em nossa consideração. No ano de 2002 a cidade de Houston voltava à NFL apenas seis anos depois da mudança dos Oilers para o Tennessee. Mas isso trazia um problema. Com as entradas de franquias de expansão como Jaguars e Panthers e a mudança dos Browns para Baltimore, a Liga passou a ter trinta equipes divididas em seis divisões com cinco cada. Porém, uma cláusula da aprovação da mudança de sede da franquia de Cleveland implicava na criação de uma nova equipe em Ohio, que viria a ser o novo Browns. Por isso, a AFC Central passou a contar com seis times, deixando o calendário problemático e a briga pelos playoffs um tanto quanto bizarra. É neste cenário que nascem os Texans, para acabar com os problemas. A NFL decide redesenhar as divisões, propondo a criação de dois novos grupos de times. AFC e NFC Central passaram a se chamar AFC e NFC North e as novas divisões se tornaram AFC e NFC South, como visível no esquema abaixo:
Para o realocamento a NFL usou dois critérios básicos: localização geográfica e respeito às rivalidades. Por conta da rivalidade forte entre as franquias de Pittsburgh e Cleveland, aliado ao fato dos Ravens serem na prática o antigo Browns de Art Modell e os Bengals terem sido criados por Paul Brown, ex-dono dos Browns, a Liga achou por bem manter as quatro equipes juntas. Seattle estava longe de ser uma equipe de sucesso, bem ao contrário de seus companheiros de AFC West. Sempre à sombra dos rivais tradicionais, Tampa Bay precisava cruzar o país para ir a Green Bay, Chicago, Detroit e Minneapolis. Enquanto Giants, Redskins e Eagles são sediados em cidades próximas, os Cowboys alimentaram uma rivalidade de décadas no leste. E enquanto Charlotte, Atlanta e New Orleans são situadas no sudeste da América, San Francisco fica na Costa Oeste, enquanto Saint Louis graciosamente observava as mudanças no coração do país. E Indianapolis era a cidade mais afastada entre as franquias da AFC East. Aplicando todos esses fatores, a NFL promoveu uma dança das cadeiras que incluiu uma mudança inter-conferências no caso dos Seahawks.
Existe um ditado bastante conhecido em nosso país que diz: "casa nova, vida nova". Para os Buccaneers, a "nova vida" se transformou em uma conquista inédita. Com Jon Gruden em sua primeira temporada na posição de treinador principal (tendo vindo exatamente de Oakland por meio de uma troca que envolveu quatro escolhas de Draft) os Buccs se tornaram os primeiros campeões da NFC South, garantindo a vaga nos playoffs. No outro lado do chaveamento os Patriots, atuais campeões não conseguiram ir a pós-temporada perdendo o título da AFC East para os Jets, enquanto os Raiders faziam a melhor campanha geral da conferência. Depois de bater os 49ers no Divisional Round jogando na California, coube aos Buccaneers irem até a Philadelphia e enfrentar os Eagles no Championship Game. Vitória por 27x10 e classificação ao Super Bowl assegurada para Jon Gruden que viu o seu antigo time se dirigir a San Diego por derrotar os Titans. Conhecendo cada centímetro do elenco de Oakland, Gruden preparou sua equipe para explorar as fraquezas. E conseguiu. Considerados "zebras" nas casas de apostas, os Buccs mostraram sua força e venceram por 48x21, mostrando ao proprietário dos Raiders, Al Davis que ele havia cometido um grande erro.

Contudo, a temporada de Cinderela de Tampa Bay chegou ao fim. 2002 marcou a penúltima vez em que ambas equipes que chegaram ao Super Bowl falharam em ir aos playoffs no ano seguinte - Broncos e Panthers repetiram a dose em 2016. E por falar em Panthers, foi exatamente a franquia da Carolina do Norte que sentiria novamente a fúria do furacão da sexta rodada.
Os Panthers se classificaram aos playoffs com a terceira seed e foram até a Philadelphia tentando repetir o feito dos Buccaneers um ano antes. E assim o fizeram. Os Eagles amargaram a segunda temporada consecutiva sendo derrotado na final da NFC jogando em seus domínios, e novamente por uma equipe da recém-criada NFC South. Mas no Super Bowl as coisas não foram tão bem para a franquia de Charlotte.
Os Patriots de Brady chegavam ao Super Bowl depois de derrubar os Colts de Peyton Manning no Championship Game e eram favoritos por sete pontos. A partida estava empatada em 19x19 e a bola na mão do camisa doze com 1:08 para o final. E repetindo o cenário de 2001, coube a Vinatieri chutar para longe as esperanças dos Panthers. Mais um winning drive de Brady seguido de um Field Goal preciso. E os Patriots eram os mais novos bi-campeões mundiais!
Depois de dois anos de eliminações em casa, os Eagles finalmente conquistaram a vaga na grande decisão. E o terceiro Lombardi Trophy de New England veio novamente com uma diferença de três pontos, desta vez sem tanta emoção. Brady se tornava o mais jovem quarterback tri-campeão da NFL e os Patriots a mais nova dinastia.
O Draft de 2004
No Draft de 2004 três quarterbacks foram escolhidos na primeira rodada: #1 Eli Manning pelo San Diego Chargers, #4 Philip Rivers pelo New York Giants e #11 Ben Roethlisberger pelo Pittsburgh Steelers. Manning, porém, não tinha absolutamente nenhum desejo de atuar na franquia californiana. Então os Chargers propuseram uma troca que consistia em enviar Manning aos Giants em troca de Rivers, uma escolha de terceira rodada do mesmo ano, além da primeira e quinta escolhas de New York em 2005. Mas quem realmente teve sucesso em seu primeiro ano foi um homem que seria chamado de Big.
"Big Ben" levou os Steelers ao Wild Card com a pior campanha entre os classificados. Na primeira rodada houve o confronto contra o rival Bengals, vencido com certa tranquilidade. No Divisional Round o adversário seria o Indianapolis Colts de Peyton Manning, irmão do personagem pivô do Draft de 2004. Ao derrubar o melhor time da conferência os Steelers se credenciavam a disputar o título da AFC em Denver. Novo triunfo dos metaleiros que enfrentariam os Seahawks no Super Bowl, donos da melhor campanha da NFC. E foi então que Roethlisberger colocou seu nome na história ao liderar o primeiro título conquistado depois de fazer três ou mais partidas fora de casa, contra equipes de melhor campanha.
Se 2004 foi o ano de um membro da família Manning estar nos holofotes, 2006 viu a glória do outro. Peyton finalmente conquistou o título que tanto buscara e que insistia em escapar dele ao vencer o Chicago Bears depois de eliminar os Patriots de Tom Brady na final da AFC. Essa conquista também foi significativa para Vinatieri - o quarto do kicker.
Se Peyton foi o grande vencedor em 2006, coube a Eli manter o nome da família Manning no topo do mundo em 2007, e com um contorno mágico. Apenas os Dolphins de 1972 conseguiram ser campeões invictos, como já comentado anteriormente nesta série. Os Patriots de 2007 poderiam ter repetido a dose de Miami se não fosse por Eli Manning. New England vencia por 14x10 até a marca dos trinta e cinco segundos finais, quando Eli encontrou o wide receiver Burress para anotar o touchdown da vitória. E a saga da classe de 2004 continuaria em 2008 quando Cardinals e Steelers, antigos membros da fusão que gerou o Card-Pitt se encontraram em Tampa Bay para decidir qual era a melhor equipe da NFL naquele ano. E assim como no ano anterior, a decisão se deu por trinta e cinco segundos. Arizona vencia por três pontos quando Big Ben encontra Santonio Holmes com uma recepção monstruosa para a vitória. Os garotos-prodígio de 2004 agora ostentavam três conquistas em cinco anos desde suas seleções. Mas no ano seguinte quem fez a festa foi um veterano.

O voo da Fênix e o ataque do Diabo Loiro
Drew Brees era o quarterback dos Chargers quando Manning e Rivers foram draftados. Com uma lesão grave no ombro, seu retorno era incerto e a qualidade de seus jogos mais ainda. Mas, New Orleans, uma cidade em reconstrução após o Katrina, resolveu assumir o risco. Em uma das mais belas histórias de superação dos esportes americanos, Brees fez como a fênix e renasceu das cinzas para a glória. Você pode ler em mais detalhes como a cidade de New Orleans e Drew Brees auxiliaram no renascimento um do outro no artigo A Fênix Negra clicando aqui.

Se o Draft de 2004 já havia rendido três Super Bowls àquela altura, os de 2005 e 2009 também seriam fundamentais para o que se veria em 2010. Os Packers já haviam selecionado Aaron Rodgers em 2005, mas apenas em 2008 ele se tornaria titular da equipe com a aposentadoria de Brett Favre. A primeira temporada de Rodgers no comando do ataque de Green Bay rendeu apenas seis vitórias e a terceira colocação na NFC North. Essa campanha deu aos Packers também o direito de ter a nona escolha geral do Draft de 2009, usada para selecionar B. J. Raji. Mais tarde os Packers enviaram três escolhas aos Patriots em troca da #26 overall para draftar Clay Matthews. Raji e Matthews se tornaram dois pilares da defesa dos cabeças de queijo e tiveram papel fundamental nos playoffs. O defensive tackle garantiu a vitória no Championship Game contra os Bears com uma pick six - exatamente no ano em que George Halas passou a nomear o troféu da Conferência Nacional, enquanto que o linebacker foi responsável por 13,5 sacks. A conquista de Green Bay sobre os Steelers marcou também o encontro do maior campeão do futebol americano profissional e do maior campeão da era Super Bowl. Os Packers chegaram ao seu décimo terceiro título, aumentando a vantagem sobre o Chicago Bears para quatro.

O ano seguinte poderia ser a chance de Brady e os Patriots se vingarem de Manning e dos Giants pela derrota na perfect season. Mas Manning, como se possuísse a kryptonita do camisa doze repetiu a conquista anterior e levou os Giants ao seu oitavo título da NFL. E por falar em explorar as fraquezas, não podemos deixar de fazer uma menção mais que honrosa a Tom Coughlin. Parte da comissão técnica de Bill Parcells na vitória dos Giants sobre os Bills em 1990, ele bateu seu antigo colega Bill Belichick que também fazia parte do staff de New York.

The Harbaugh Bowl e o último Manning
2012 marcou um novo episódio curioso na história do Super Bowl: pela primeira vez os dois head coaches das equipes que brigavam pelo troféu eram irmãos. Jim Harbaugh, o irmão mais novo dirigia o San Francisco 49ers. John, o mais velho segue até hoje no comando do Baltimore Ravens. Nessa disputa familiar, melhor para o primogênito. Apesar da revolução que Colin Kaepernick vinha instaurando na Liga, foi Joe Flacco que saiu com um anel.

O Seattle Seahawks talvez tenha sido a equipe que mais se beneficiou com um realinhamento de divisões em todos os tempos da National Football League. Desde que saiu da Conferência Americana para a Nacional a equipe geograficamente mais afastada da Liga se fez presente em três Super Bowls. Após a derrota para os Steelers em 2005, Matt Hasselbeck ainda jogou em Seattle até 2010. Porém, o Draft de 2012 daria aos fãs dos Seahawks a conquista que tanto queriam. Russell Wilson, quarterback de Wisconsin foi escolhido na terceira rodada e se transformou no maior nome da franquia. Já em 2013 Wilson liderou os Seahawks à glória ao bater os favoritos Broncos de Peyton Manning por humilhantes 43x8. No ano seguinte, os atuais campeões estavam sendo eliminados pelo Green Bay Packers em casa até que Brandon Bostick fez a jogada mais famosa de sua carreira: falhando em segurar um onside kick o tight end deu sobrevida aos Seahawks que venceram na prorrogação. Poderia ser o surgimento de uma nova dinastia, mas o que se viu foi o renascimento de uma antiga. Os Patriots de Tom Brady venciam o jogo, mas os Seahawks estavam a apenas uma jarda da conquista. Enquanto o mundo esperava uma jogada corrida de Marshawn Lynch, Seattle resolveu inovar e foi para o passe. Malcolm Butler interceptou a jogada e deu números finais à partida. New England ganhava o maior jogo da Terra pela quarta vez.

Depois do fiasco de 2013 e em sua última temporada como profissional, era óbvio que Peyton Manning queria ganhar seu segundo Super Bowl, até porque Eli já havia ganho dois. Por outro lado, os Panthers ainda não haviam tido a sensação de segurar o Lombardi Trophy e tinham o MVP da temporada, Cam Newton. Mas o que se viu não foi um show de nenhum deles. Von Miller foi o grande nome da partida. Em um jogo marcado pela força defensiva, Denver deu a um dos melhores jogadores de todos os tempos (e me permitam dizer, o melhor que tive o prazer de ver jogar) uma aposentadoria no topo do mundo.

Se 2015 e o Super Bowl 50 foi das defesas, o ano seguinte foi para encher os olhos dos amantes do jogo ofensivo e mitificou ainda mais a figura de Tom Brady. Os Falcons venciam por 28x3 faltando pouco mais de três minutos para o final do terceiro quarto. E foi aí que Brady começou a fazer mágica. Com três campanhas para touchdown e uma para field goal os Patriots empatavam a partida e deixavam ensandecidos os espectadores. Na prorrogação o lado mental falou mais alto e New England venceu. A maior virada de todos os tempos, para tornar até o mais cético fã da NFL em um crente de que o impossível é real.
Carson Wentz fazia uma temporada de gênio até se lesionar. Nick Foles assumiu a condição de titular sob desconfiança. Poderia um backup quarterback finalmente acabar com o jejum dos Eagles? Foles tratou de responder a essas perguntas de uma maneira toda especial. Ou melhor, special. A jogada se tornou o símbolo daquele Super Bowl e deu ao torcedor dos Eagles não apenas o sabor de ser os campeões mundiais mas também de se vingar do próprio New England Patriots e de Tom Brady, algozes em 2004.

2018 foi a vez dos Patriots reencontrarem outro velho conhecido em um Super Bowl: os Rams. Agora de volta em Los Angeles, Jared Goff e companhia queriam devolver a um dos maiores mercados consumidores da NFL a alegria de sediarem o melhor time do mundo. Mas o grannde ataque de Sean McVay foi magistralmente anulado pela genialidade defensiva de Belichick e os Patriots ganharam sua sexta conquista em menos de vinte anos, algo que os Steelers levaram mais que o dobro do período para construir. E enquanto uma dinastia se afirmava ainda mais, uma nova poderia estar nascendo.
Na final da Conferência Americana de 2018 os Patriots venceram o Kansas City Chiefs de Patrick Mahomes na prorrogação em um jogo polêmico. Em 2019 foi a vez de Mahomes se afirmar como o mais novo prodígio a imperador da NFL. Brilhantemente conduzindo os Chiefs a três viradas magníficas, ele colocou seu nome na história se tornando o mais jovem quarterback a ser MVP da Temporada Regular, campeão e MVP do Super Bowl. E a data não poderia ser mais significativa. Cinquenta anos depois da AFL de Lamar Hunt se unir a NFL, os Chiefs, fundados por Hunt bateram os 49ers e ostentaram o patch da antiga Liga Nacional para os holofotes do mundo.

Um jogo mundial
O futebol americano segue se popularizando ano a ano, e os rankings de audiência provam isso. O Brasil já é o segundo país que mais consome o esporte fora dos Estados Unidos, atrás apenas do México. Tratativas para trazer jogos da NFL para solo tupiniquim já estão sendo feitos e a chance cresce a cada ano. Porém, nem só do esporte americano vive o Brasil.
Já faz onze anos desde que houve o primeiro jogo full pads de futebol americano no Brasil. Nos últimos dez tivemos o privilégio de ver campeonatos nacionais surgirem, se desenvolverem e crescerem. Na última temporada, pela primeira vez desde a dissolução do Torneio Touchdown, a final nacional foi transmitida em rede nacional. Ao passo que o America's Game vai se difundindo em cada jarda do universo, ele também vai se tornando tão brasileiro quanto um outro futebol gringo se tornou.

Após esta viagem pelos últimos 150 anos da bola oval, veja como ficou o ranking de títulos da NFL e também do futebol americano brasileiro:
Confira aqui os demais textos dessa série:
America's Game I: A Doutrina do Destino Manifesto e o orgulho patriótico cria o mais americano de todos os esportes
America's Game II: NCAA: como um bando de jovens e uma atração turística de inverno transformaram o país
America's Game I: A Doutrina do Destino Manifesto e o orgulho patriótico cria o mais americano de todos os esportes
America's Game IV: Se não pode vencê-lo, junte-se a ele
America's Game V: Ascensão e queda de impérios
America's Game V: Ascensão e queda de impérios
America's Game VI: The World's Game
- Matheus Pereira de Pinho
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