O Legítimo Herdeiro do Trono: A jornada de Kawhi Leonard ao topo da NBA
Pela primeira vez em 15 anos, LeBron James faltou ao grande momento da
Temporada da NBA, isto é, os Playoffs. E sem o Rei para comandar o show,
assistimos a uma disputa pelo posto de melhor jogador da
Liga na última Pós-Temporada.
Giannis Antetokounmpo, James Harden, Kevin Durant, Kawhi Leonard e até Stephen
Curry chegaram aos últimos Playoffs como os principais candidatos a
herdar o trono. Contudo, apenas um deles sairia como o herdeiro legítimo, justamente aquele que destruiu
a dinastia do Warriors, fez toda a Liga esperar uma semana inteira por sua
decisão na Free Agency e deu início a uma nova era do basquete na terra do
Tio Sam. O homem que trouxe o equilíbrio à NBA.
- O Rei do Norte
Após praticamente um ano sem jogar, Kawhi Leonard, que já
possuía um prêmio de MVP das Finais e dois DPOY¹ em seu currículo, requisitou a
saída do San Antonio Spurs e foi trocado para o Toronto Raptors em uma
tentativa ousada de seu Presidente Masai Ujiri de levar a franquia ao próximo
degrau, ou seja, às Finais da NBA.
Sob a liderança do Klaw (“O Garra”, em português), a
equipe canadense fez história nos Playoffs ao bater Magic, 76ers, Bucks e a dinastia do Golden State Warriors para enfim sagrar-se campeã.
Em apenas um ano de franquia, Leonard foi o principal responsável pela maior campanha da história de mais de duas décadas do Raptors. Nem mesmo nomes como Vince Carter, Tracy McGrady, Chris Bosh e DeMar DeRozan, que lideraram a única franquia gringa da Liga por diversos anos, conseguiram conquistar aquilo que Kawhi conquistara em sua primeira e única temporada no Canadá.
Como se não bastasse, apenas algumas semanas depois de conquistar seu segundo título, chocou o Norte e mudou todo o cenário da NBA ao
escolher levar seus talentos para o Los Angeles Clippers e convencer Paul George
a acompanhá-lo, assumindo de vez as rédeas da maior liga de basquete do mundo.
Antes de se tornar o Rei do Norte e comandar o destino da Liga, todavia, o MVP das Finais de 2019 passou por muitos altos e baixos em sua vida, os quais certamente definiram a personalidade e o basquete daquele que vem se tornando um dos grandes nomes da história deste esporte.
- Garoto da Califórnia
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Young Kawhi (Pinterest.com) |
Nascido em Los Angeles no dia 29 de junho de 1991, Kawhi Anthony Leonard passou por uma infância difícil. Fã principalmente de futebol americano quando criança, o agora duas vezes campeão da NBA trabalhava com seu pai em um lava-jato por aproximadamente dez horas por dia. "O trabalho era duro, mas eu amava", teria dito o agora camisa 2 do Clippers quando perguntado sobre.
Durante o High School, apesar de seu pai preferir o futebol da bola oval, Kawhi escolheu focar de vez no basquete, mas foi o que aconteceria algum tempo depois que mudaria de vez sua vida e moldaria a personalidade única que hoje é uma das principais marcas do jogador.
Numa sexta-feira à noite, enquanto trabalhava lavando carros, Mark Leonard fora assassinado com um tiro na cabeça por um atirador
até hoje desconhecido. Kawhi ainda jogara no dia seguinte, mas, como era de se
esperar, a ausência de seu pai na arquibancada seria amplamente sentida. Após fazer 17
pontos em uma derrota, o garoto desabaria nos braços de sua mãe, descarregando todas
as emoções.
"O basquete é minha vida e eu queria ir lá e distrair a minha mente", ele disse, anos depois, sobre aquele dia. "Foi muito triste, pois era para o meu pai estar assistindo ao jogo".
Esse triste episódio seria fundamental na construção da personalidade de Leonard, que hoje é conhecido por dificilmente demonstrar emoções durante as partidas. Por meio do basquete, o Ala buscou forças para superar a maior tristeza de sua vida e já no ano seguinte ele se tornaria um California Mr. Basketball² e conseguiria uma bolsa na Universidade de San Diego.
Kawhi jogou por dois anos em San Diego State, onde foi campeão da Mountain West Conferece duas vezes, MVP do torneio uma vez (2010) e os liderou ao Sweet 16 da NCAA³, o que lhe rendeu uma seleção para o Second Team All-American antes de entrar para o Draft da NBA.
- Prospecto Subestimado
O garoto da Califórnia estava prestes a deixar o estado de vez - ou pelo menos por um bom tempo.
Os principais recrutadores na mídia listavam Leonard como um grande defensor e reboteiro, mas dono de um arremesso fraco e sem muito potencial ofensivo. De fato, estavam certos de que logo de cara ele não teria um grande impacto no lado mais glamouroso da quadra, mas mal sabíamos nós o quanto aquele garoto da Califórnia evoluiria...
Popovich sabia.
Ocorre que, com a 15ª escolha do Draft daquele ano, o Indiana Pacers hesitava em pegar um jogador da mesma posição que seu jovem Ala. Naquele tempo, inclusive, o próprio Paul George - quem diria - expressou preocupação com a possível disputa de posição com Kawhi. O Spurs, por outro lado, não hesitou.
Contra a vontade de boa parte da torcida e para o descontentamento - então - de Manu Ginobili, Greg Popovich e R.C. Buford (então técnico e General Manager da franquia texana, respectivamente), trocaram um bom armador e uma de suas principais promessas em George Hill pela escolha do Pacers para selecionar aquele que viria a ser o MVP das Finais apenas três anos depois.
À época, essa foi uma aposta muito arriscada por parte dos texanos, mas que ao fim, como sabemos, lhes renderia um pote altíssimo.
- De
Coadjuvante a MVP das Finais
Kawhi Leonard chegou ao Spurs como um ala defensivamente promissor e saiu, sete temporadas depois, como um dos três melhores jogadores do mundo.
Em seus primeiros anos vestindo preto e prata, o camisa 2 assumiu a titularidade e foi aos poucos ampliando sua capacidade técnica, ao ponto de já assumir um papel fundamental em suas primeiras Finais contra o Miami Heat, em 2013. Nesta série falhou, pois não conseguiu dificultar o trabalho de LeBron o suficiente e ainda desperdiçou dois lances livres decisivos que custaram o título. Só não sabíamos ainda o que o destino guardava para o ano seguinte desse jovem jogador, então com apenas 21 anos de idade.
Doze meses depois, em junho de 2014, lá estava Kawhi novamente vestido com o uniforme preto e prata e se preparando para marcar o Rei. Dessa vez, contudo, o resultado seria outro. Em apenas cinco jogos, o San Antonio Spurs venceu o Big Three do Miami Heat por uma margem recorde¹ de vitória após uma performance surpreendente de seu jovem Ala, que viria a conquistar o seu primeiro troféu de MVP das Finais. Para fazer jus ao prêmio, Leonard não só dificultou o trabalho do melhor do mundo, como também foi o diferencial ofensivo nos três jogos decisivos da série, em que terminou com médias de 17.8 pontos, 6.4 rebotes, 2 assistências, 1.6 roubo de bola e 1.2 toco ao converter incríveis 61% de suas tentativas, incluindo um aproveitamento impressionante nos arremessos de três pontos (58%) após cinco jogos.
E como se já não bastasse tamanha emoção, Kawhi tornara-se campeão e um dos mais jovens MVP's da história das Finais justamente no Dia dos Pais, aquele que é provavelmente o dia mais difícil de seu calendário. Naquele dia, contudo, ele poderia ter certeza que onde quer que estivera o Sr. Mark Leonard estava com um sorriso no rosto, orgulhoso do que seu filho havia conquistado.
- Nasce
Uma Estrela
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Kawhi Leonard 2016 NBA All-Star Game (nba.com) |
Só após o primeiro título é que Kawhi se transformou em um All-Star. O garoto, que até então arremessava, em média, apenas dez vezes por partida, foi escolhido por Popovich após o título de 2014 para se tornar a primeira opção do ataque texano. O papel que outrora fora do Almirante, depois de Tim Duncan, Manu Ginobili e por fim de Tony Parker, agora passava para Kawhi, escolhido para liderar o futuro de uma das franquias mais vitoriosas da Liga.
Ninguém esperava, contudo, que essa nova era do Spurs
duraria tão pouco. Ainda assim, nas poucas temporadas em que esteve com as chaves de San
Antonio, pode-se dizer que os resultados foram positivos. Só faltou o título.
Já em sua primeira temporada como Franchise Player (2014/15), ainda em transição, Kawhi elevou suas médias, que eram de 12.8pts,
6.2reb, 2.0ast, e 1.7stl em 57% FG, 38% 3PT e 80% FT na Temporada anterior,
para 16.5pts, 7.2reb, 2.5ast e 2.3stl em 48% FG, 35% 3PT e 80% FT. Ainda
não seria selecionado pelos fãs para o All-Star Game, mas foi premiado Defensor
do Ano pela Liga. Líder em roubos de bola, Leonard foi
o primeiro não-pivô a vencer o DPOY desde Metta World Peace - então ainda
chamado Ron Artest - em 2004. Nos Playoffs, voltou a dividir o protagonismo com
Tim Duncan, mas não passou da primeira fase.
No ano seguinte, elevou suas médias novamente e teve como
resultado sua primeira seleção para o Jogo das Estrelas. Assim, se juntaria a
Michael Jordan e Hakeem Olajuwon como os únicos jogadores com pelo menos um
All-Star Game, um MVP das Finais e um DPOY.
Com 21.2 pontos, 6.8 rebotes, 2.6 assistências e 1.8 roubos
por jogo, Kawhi esteve bem próximo do 50-40-90 club² (50% FG, 44% 3PT, 87% FT) e
liderou o Spurs ao maior recorde de sua história (67-15), ficou em 2º lugar na
disputa pelo MVP e compôs o 1st Team All-NBA ao lado de Curry, Westbrook, LeBron e DeAndre Jordan. Ademais, ainda seria escolhido pela segunda vez Defensor do Ano, feito que não era alcançado por um defensor de perímetro há mais de vinte anos, desde Sidney Moncrief, que vencera os dois
primeiros prêmios de DPOY, em 1983 e 1984.
Nos Playoffs, liderou a equipe ao lado de LaMarcus
Aldridge, mas ficou nas Semifinais da Conferência Oeste para o Oklahoma City
Thunder de Durant e Westbrook.
- The Klaw
Como se pode perceber, Leonard já começava a colocar seu nome entre os principais jogadores da NBA. Naquele momento, inclusive, apenas Curry, KD e LeBron seguiam à sua frente. Para que ele pudesse adentrar ao Top 3, ainda faltava uma performance diferenciada na Pós-Temporada.
E em 2017 ela veio, ainda que tenha sido tragicamente
interrompida.
Com a aposentadoria de Tim Duncan antes do início da
Temporada 2016/17, Kawhi tornou-se, de vez, a cara da franquia sul-texana. Aos 25
anos de idade e com um currículo invejável, já era a nova superestrela do Spurs.
Na Temporada Regular, The Klaw focou na parte ofensiva de seu jogo e
viu suas médias subirem para 25.5pts, 5.8reb, 3.5ast e 1.8stl enquanto
manteve os bons aproveitamentos de costume (48% FG, 38% 3PT, 88%FT). Por outro
lado, contudo, quebrou a sequência de DPOY's e ficou com “apenas” uma seleção para o
All-Defensive First Team para acompanhar o All-Star Game e a segunda seleção
para o All-NBA 1st Team.
Era tudo apenas uma preparação para “o verdadeiro
campeonato”, como Kawhi costuma dizer. Afinal, foi nos Playoffs de
2017 que ele mostrou que logo entraria na briga pelo posto de melhor jogador do
mundo.
De fato, ele vinha sendo o melhor jogador – disparado,
diga-se de passagem - de toda a Pós-Temporada daquele ano, até que “Zaza aconteceu”...
Era um domingo à noite, dia 14 de maio, e o Spurs enfrentava
o maior super-time da história da NBA em sua primeira temporada após a chegada
do Snake. O Warriors de Curry, Durant, Thompson, Green e Iguodala
jogava em casa, mas tinha Kawhi à sua frente. O garoto de So Cali liderava sua equipe em direção a uma vitória histórica em plena Oracle Arena. A apenas 7 minutos do fim do terceiro quarto, Kawhi, que se via no
melhor momento de sua carreira, estava com 26 pontos, a franquia texana já
liderava por mais de 20 e ele não dava nenhum sinal de redução de intensidade, mas
ao tentar um step back na zona morta viu Zaza Pachulia dar um passo
polêmico em sua direção, pousou sobre seu pé e caiu levando as mãos imediatamente
ao tornozelo.
Depois daquela queda, Kawhi nunca mais levantaria com o mesmo
vigor para vestir o uniforme preto e prata. A Pós-Temporada de 2017 chegava ao
fim e, sem que nenhum de nós soubesse, com ela iriam também todas as esperanças do torcedor do
Spurs, que até então parecia ter à sua frente mais uma grande era recheada de conquistas.
- O Fundo do Poço e o Recomeço
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Kawhi hits the gratest shot in NBA Playoff history vs PHI in the 2019 NBA Playoffs (instagram.com/kawhinot) |
Essa lesão mudaria completamente a carreira de Kawhi. Em sete temporadas na cidade de San Antonio, o camisa 2 saiu da base para o topo da montanha e, como que num piscar de olhos, despencou.
Fora do restante dos Playoffs após a lesão diante do
Warriors, Leonard entrou em reabilitação com esperanças de
estar saudável antes do início da temporada seguinte. Todavia, em meio às tentativas frustradas de retorno durante o training camp, Kawhi
não voltaria a tempo da estreia.
Em verdade, o Ala só jogaria mais nove jogos com o
uniforme do Spurs, pois durante quase toda a Temporada Regular, tentando
voltar às quadras, se viu em contraste com a equipe médica da organização. Ainda não se
sabia, mas em 13 de janeiro de 2018 Kawhi jogava sua última partida pela franquia que o trouxera para a NBA.
Polêmicas e razões – as quais ainda hoje são incertas - à parte, sabe-se que Leonard não queria mais jogar pelo Spurs e, portanto, pediria para
ser trocado ainda antes do início da Temporada seguinte. Ele queria voltar para
Los Angeles, sua casa, mas só o Toronto Raptors estava disposto a apostar tudo
em apenas um ano de seus serviços.
O restante dessa história nós já sabemos.
O restante dessa história nós já sabemos.
Depois de uma temporada regular repleta de críticas por parte da mídia estadunidense e marcada pelo Load Menagement³ - o queridinho dos críticos -, Kawhi fez uma das melhores performances em Pós-Temporadas de todos os tempos e, como já sabemos, liderou todo o Canadá às primeiras Finais da NBA na história do país.
Nas semi-finais de Conferência, converteu um dos arremessos mais incríveis que o basquete já viu diante do 76ers, isto é, o único game-winning buzzer-beatter¹ em jogo 7 da história da NBA. Já nas Finais do Leste, o camisa 2 viu o favorito Milwaukee Bucks de Giannis Antetokounmpo abir 2-0 antes de assumir a marcação sobre o MVP e liderar o Toronto Raptors a quatro triunfos consecutivos e consequentemente às primeiras Finais de sua história.
Assumindo a liderança de ambos os lados da quadra, Kawhi Leonard entregara ao Raptors o Título do Leste, a maior conquista de sua história. Mas ele ainda não estava satisfeito, pois restava o objetivo final...
Mesmo sem Kevin Durant, o Golden State Warriors dos Splash Brothers, três vezes campeões nos últimos quatro anos, chegou às Finais com amplo favoritismo após varrer o Portland Trail Blazers de Lillard e McCollum nas Finais do Oeste. No entanto, do outro lado da quadra estaria justamente o homem que derrubara a dinastia anterior, isto é, o Big Three de Miami.
Após os dois primeiros jogos em Toronto, a série estava empatada em 1-1 e com os dois confrontos seguintes acontecendo na Califórnia muitos já decretavam o quarto título da dinastia do Warriors. Em resposta, o técnico do Raptors, Nick Nurse, voltou-se para os seus jogadores no vestiário na tentativa de encorajá-los para a quase impossível tarefa de bater Curry e companhia e disse: "tudo o que temos que fazer é vencer um [lá em Oakland]", mas o que ninguém esperava aconteceu. O homem mais silencioso de toda a NBA o interrompeu, levantando a voz:
"F*da-se! Vamos ganhar os dois!"Foi o que aconteceu.
Como sabemos, motivados pelas palavras de seu Rei, os nortenhos do Raptors foram à Califórnia e surpreenderam o mundo do basquete ao abrir 3 a 1 e mudar de vez o momentum da série final.
Eles ainda viriam a perder o jogo seguinte para só vencer no jogo 6, de volta ao estado natal do MVP.
Aos 27 anos, Kawhi foi selecionado MVP das Finais pela segunda vez em sua carreira ao acumular uma média de 28.5 pontos, 9.8 rebotes, 4.2 assistências, 2 roubos de bola e 1.2 tocos por partida nos seis jogos que levaram o maior título do basquete mundial ao Canadá pela primeira vez.
Nos Playoffs como um todo, seus números foram ainda mais impressionantes. Em verdade, Leonard tornou-se o terceiro maior pontuador da história em uma única Pós-Temporada, com 732 pontos, atrás apenas de Michael Jordan (759 pontos em 1992) e LeBron James (748 pontos em 2018).
Tão jovem, o Klaw já carrega inúmeros recordes, mas talvez o maior deles seja um dos menos comentados. Kawhi Leonard é o jogador com o maior aproveitamento de vitórias em toda a história da NBA, acima de nomes como Michael Jordan, Magic Johnson, LeBron James, Larry Bird, Tim Duncan e todas as outras lendas do basquete.
Antes do início da Temporada 2019/20, o Top 3 está assim:
- Kawhi Leonard: 352-115(75.4%)
- Magic Johnson: 670-236 (74.0%)
- Larry Bird: 660-237 (73.6%)
- Enfim, no Topo da NBA
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Media Day (instagram.com/clippers) |
Há quem diga que Kawhi não se contentara em ser apenas o Rei do Norte e, por conta disso, se mudou para Los Angeles, juntando-se ao Clippers, a fim de reivindicar o título de Rei da NBA, o qual pertence àquele homem que veste a 23 pelo irmão rico da cidade.
No entanto, a verdade é que o filho de Mark Leonard só queria voltar à sua cidade natal - com um time competitivo, claro. Com o objetivo principal de estar mais próximo de sua família, o agora homem da Califórnia voltou à LA no topo de sua carreira e trouxe Paul George consigo, iniciando uma nova tendência na NBA: os All-Star Duos.
O Klaw poderia ter escolhido juntar-se a LeBron e Anthony Davis na mesma cidade, formando, assim, um time - pelo menos no papel - ainda mais imbatível do que fora o Golden State Warriors de Curry, Durant, Green, Thompson e Iguodala. Afinal, teríamos três dos oito maiores jogadores do mundo em um único time. Contudo, para a surpresa da mídia mundial, o MVP das Finais escolheu o irmão pobre de Los Angeles.
A motivação de sua ida para a Costa Oeste, no entanto, não nega o fato de que, jogando na mesma cidade do Rei, o próximo passo para Kawhi, individualmente, é justamente tentar destroná-lo - principalmente enquanto o outro membro do Top 3, Kevin Durant, permanece machucado. Fora de quadra, o legítimo herdeiro ao trono da NBA já provou o seu poder de superstar ao fazer todos esperarem a sua decisão e com ela, como que num truque de mágica, alterar significativamente os rumos da Liga, agora mais equilibrada do que estivera nos últimos dez anos.
Dentro de quadra, contudo, a saga continua, pois nomes como Antetokounpo, Durant e até Harden e Curry certamente sentem-se dignos do trono do basquete e de LeBron James nunca poderemos duvidar. Mas o fato é que, adentrando à Temporada da 2019/20 da NBA, não há nada mais justo que designar Kawhi Leonard, filho de Mark, cavaleiro do Texas e Rei do Norte como o legítimo herdeiro ao trono hoje ocupado por LeBron.
Vocabulário da NBA:
¹ DPOY é a sigla para "Defensive Player Of the Year", que em português significa "Defensor do Ano".
² California Mr. Basketball é um prêmio anual concedido aos melhores jogadores de basquete do Ensino Médio da Califórnia.
³ Sweet 16 da NCAA é uma espécie de fase final do mais alto escalão do basquete universitário nos Estados Unidos que serve como uma espécie de semi-final regional e antecede o Elite Eight e o Final Four.
¹ A média de 14.5 pontos de diferença do San Antonio Spurs diante do Miami Heat em 2014 é a maior margem de vitória da história das Finais da NBA.
² 50-40-90 club é um termo utilizado para se referir ao seleto grupo de jogadores na história da NBA a ter temporadas com aproveitamento de pelo menos 50% nos arremessos de quadra, 40% nas bolas de três pontos e 90% nos lances livres ao mesmo tempo.
³ Load Menagement é como ficou chamada a estratégia de poupar Kawhi durante a Temporada Regular em jogos específicos, como, por exemplo, quando havia jogos em duas noites consecutivas, a fim de mantê-lo saudável para os Playoffs.
¹ Game-winning buzzer-beatter é uma expressão em inglês que se refere ao arremesso no estouro do cronômetro que vence uma partida.
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