As estalactites do futebol brasileiro
Que
o nosso futebol brasileiro é uma caverna gelada e sombria, isso não é novidade
para ninguém. Além da natureza escura, temos em solo pátrio outros fatores que
podem ser fatais, como as “estalactites” do futebol brasileiro.
Treinadores
ultrapassados, CBF, corrupção, clubes mal administrados, palcos dos espetáculos
em péssimas condições e, principalmente, o jornalismo sensacionalista. Estes
são apenas algumas das estalactites que machucam ainda mais uma ferida que já
está aberta.
A mídia
possui um poder anômalo. A comunicação é uma grande ferramenta, tem uma força
muito poderosa na sociedade podendo influenciar as pessoas, construindo ou
desconstruindo a imagem de um profissional. É importante lembrar que aqui no Brasil,
temos um índice muito alto de baixa escolaridade, o que consequentemente cresce
o numero de pessoas que são facilmente manipuladas pelos veículos de
comunicação.
A
fragmentação da informação pela mídia é algo comum, seleciona imagens
esportivas e as interpreta para nós, propõe a construção de um novo modelo, do
que é esporte.
Alguns
jornalistas esportivos possuem “óculos especiais”, a partir dos quais veem
certas coisas e não outras; eles operam uma seleção e construção do que é
selecionado. Os diferentes meios de comunicação estão sempre prontos para
glorificar os “heróis” ou massacrar os “vilões” ao final de cada jogo, entre
eles, os treinadores.
Treinadores
podem ser de fato vilões, principalmente os antigos e ultrapassados; que em
minha opinião, não entendem que o relógio futebolístico já passou para muitos, a
estratégia que deu certo ontem, hoje, já foi descoberta.
Os treinadores
são endeusados e, depois, duramente criticados.
Surgem diagnósticos
equivocados e perfeitas soluções. Dá-se grande importância a coisas banais,
como as de que, um treinador sorria pouco e não tomava cafezinho com os
dirigentes, fruto da péssima gama de comentaristas que atua nos veículos de
comunicação – obviamente não são todos -.
O calendário e a
desorganização do futebol brasileiro contribuem para o atraso. A CBF e os
parceiros comerciais, por interesses políticos e financeiros, não querem mudar
a caótica situação.
Fico feliz em ver
alguns de nossos craques brilhando na Europa, me parece que encontraram a saída
da caverna. Quando os vejo jogando, percebo além de talento, sequelas de ex-moradores de uma caverna tenebrosa, em cada simulação de Neymar, em cada chilique de Vinícius Jr, em cada “malandragem” de Gabriel Jesus...
O “pais do futebol”
precisa entender que apenas talento divino não basta, a
construção/desenvolvimento de um craque, começa de dentro pra fora, na
construção de princípios e valores. Isso não se trata apenas de futebol.
Tenho um sentimento
de medo, talvez os deuses do futebol estejam zangados com a nossa terra
Papagalli. Será que fizemos alguma coisa de errado?
Créditos da imagem: Revista mundo estranho / Abril
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