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O Colecionador de Estádios da MLB




Era uma daquelas noites iguais a qualquer outra: meu filho Pedro, querendo assistir desenho, lutando para dormir, querendo brincar e fazer “atividade”, enfim, criando todos os percalços necessários para não ir para seu quarto.

Dentes escovados, ele foi para o quarto e dormiu em segundos, tamanho o cansaço que lhe acometia.

Liguei a televisão e ainda passava o ESPN League. Parei para prestar atenção naquele convidado especial que falava sobre sua paixão por baseball. Achei interessante sua história, percebendo naquele momento que estávamos diante de um colecionador de estádios da MLB (Major League Baseball) chamado Francisco Campos.

Dias depois, negociamos sua entrevista. Minhas primeiras perguntas foram sobre baseball. Ele assim contou o começo da história:

“A minha paixão pelo baseball nasceu quando, procurando um novo esporte para acompanhar, eu resolvi vencer a falta de conhecimento que eu tinha em relação às regras e funcionamento do campeonato que sempre aparecia quando via os jogos passavam na TV.

Encontrei na ESPN uma receptividade muito grande quando, através do Twitter, todas as dúvidas eram respondidas pelos narradores e comentaristas, em especial o Ubiratan Leal, Ari Aguiar e Rômulo Mendonça.

Daí, entendendo melhor o jogo, foi mais fácil gostar e perceber o quanto é inteligente e estratégico esse esporte”.

Eu confesso que, embora tenha curiosidade sobre o Esporte, nunca tive paciência para acompanhar a MLB. Nosso colecionador, pelo contrário, acompanha mais e mais o novo Esporte e, deste modo, surgiu a ideia de conhecer os 30 estádios da MLB:

“Sempre assistindo às transmissões da MLB, eu admirava os estádios quando mostrados naquela tomada aérea, panorâmica e pensava: ‘quando eu for aos EUA vou assistir a um jogo de beisebol in loco e conhecer um desses estádios tão bonitos’.

Mas logo pensei: ‘Puxa, mas são 30, qual vou conhecer’?

Para não ter que escolher, decidi ir em todos e, assim, ter a oportunidade de conhecer bastante os EUA e fazer uma coisa única que acredito, nenhum brasileiro tenha feito até então.

Seria um prato cheio para quem gosta dos esportes americanos e admira o jeito que eles transformam uma partida de beisebol num evento com muito entretenimento de qualidade”.

Naturalmente, ele passou a colecionar artigos de baseball:

“Eu sempre compro algumas coisas nas minhas viagens. Dos itens que eu coleciono, tenho bobbleheads, capacetinhos, flâmulas e certificados de 1ª visita no estádio. Além disso, tenho pelo menos uma camiseta de cada um dos times que visitei, mas essas eu comprei para usar e não guardar, então não sei se poderia incluí-las na coleção”.

Sua meta é terminar a jornada por volta de 2021. Até lá, El Clasico ficará de olho nas próximas etapas do colecionador de estádios da MLB.

Conheça mais a aventura de Francisco Campos pelo Instagram @homerunaviagem e, abaixo, ele nos conta mais sobre seus planos, família e baseball:

– Quantos estádios faltam? Quando será encerrada a jornada, em qual estádio e o por que este será o derradeiro?
“Atualmente faltam 10 estádios. 

No planejamento inicial, a ideia era terminar em 2 anos, já que faço uma viagem para os EUA por ano com esse fim. Porém a etapa que envolve Dallas, Houston, Denver e Phoenix tem as distâncias muito grandes entre as cidades. Como as paisagens do Colorado e do Arizona são muito bonitas, seria bem legal fazer tudo de carro, até mesmo para evitar o gasto extra pelo fato de começar a viagem chegando do Brasil em uma cidade e terminar vindo embora dos EUA de outra.

Para fazer tudo de carro, seria necessário praticamente dirigir um dia, dormir, acordar e dirigir outro dia, o que é muito cansativo. 

Por isso eu decidi (pelo menos até agora), que vou partir a  5ª etapa (Dallas, Houston, Denver e Phoenix) para fazer apenas os dois do Texas e, de quebra, dou uma chegadinha em Atlanta para conhecer o novo estádio dos Braves (quando eu fui era o último ano do Turner Field) e ainda visitar os amigos que fiz em NY quando estive lá para a 3ª etapa.

Assim, a jornada deve terminar em 2021, ficando os estádios da costa oeste para o fim. 

Pretendo deixar por último o Dodger Stadium, por ser bem icônico, ser o maior da Liga e, por ser Los Angeles uma cidade que facilita a volta para o Brasil”.





- Descreva a sua coleção de baseball.
“Eu tenho capacetinhos (aqueles que a gente costuma tomar sorvete no estádio) de todos os times que conheci e pretendo completar. O mesmo vale para as flâmulas e camisetas.

Os certificados eu só fiquei sabendo que isso existia no meu terceiro estádio, portanto não tenho de todos os que visitei, mas isso vai acabar servindo de desculpa para voltar em Toronto e Detroit.

O primeiro item foi uma flâmula do Toronto Blue Jays.

Além disso, eu tenho várias outras coisas avulsas como adesivos, muitos cards e alguns ingressos dos jogos que eu fui.

Não há nada valioso em termos materiais. O maior valor disso tudo é ter histórias para contar e guardar na memória todas as experiências que vivi”.


– Existe algo em especial que gostaria de ter em sua coleção?
“Ah, assim de cabeça não penso em nada que eu gostaria de ter. Talvez um taco autografado por algum jogador”.


– Existe alguma história interessante que queira destacar?
“Puxa, existem várias. Uma muito curiosa foi a da minha visita ao Turner Field.

Cheguei cedo como sempre e, já na hora da entrada, ganhei um Bobblehead do Bobby Cox, ex técnico do Atlanta Braves, como estava programado.

Fui até um quiosque de uma marca de carros para ganhar uma camiseta e preenchendo um questionário, ganhei outro brinde (minha esposa ganhou um voucher para poder fazer um test drive num Camaro e, para isso, ainda ia ganhar 50 dólares). 

Depois que eu concluí a minha rotina no estádio (pegar o certificado de 1ª vez no estádio, comer alguma coisa, comprar uma camiseta, comprar o sorvete para ganhar o capacetinho, a gente resolveu ir para o nosso assento que ficava no nível superior.

Perto da escada rolante que dava acesso aos andares superiores, DO NADA, apareceu um senhor que perguntou se eu e minha esposa estávamos juntos. Diante da minha confirmação, ele falou: ‘Olha, eu preciso de um outro bobblehead do Bobby Cox (ele já estava com dois na mão), pois o meu sobrinho é muito fã dele e não pôde vir. Eu tenho dois ingressos ali no nível mais baixo, perto do Home Plate, na sombra e estou disposto a trocá-los por um de seus Bobbleheads’.

A minha esposa que não liga muito para esses souvenires, concordou em dar um, mas eu fiquei desconfiado… Pedi para ver os ingressos e ele falou: ‘Pode ficar com eles de qualquer forma, eu não vou ver o jogo’. Pensei, ‘bem, se qualquer coisa der errado, a gente volta para os nossos assentos originais’.

Concordei. Entreguei o bobblehead, peguei os ingressos, agradeci e, enquanto abaixava para colocar os ingressos na mochila, o senhor DESAPARECEU…

Ficamos mais desconfiados ainda, mas mesmo assim fomos para o assento do ingresso que ele tinha dado.

A visão era bem bacana, um pouco na diagonal do home plate e muito melhor do que a que a gente teria. 

O jogo foi ótimo. Os Braves jogaram contra os Nationals e ganharam de virada aquele que seria o 7º último jogo antes do time de Atlanta ir para a nova casa. 

O mais legal foi que, depois que o time ganhou a gente ainda ficou um pouco lá sentado para curtir o clima da vitória e, quando decidimos ir embora, com o estádio já quase vazio, a gente viu na fileira de trás um bobblehead igual ao que a gente tinha dado para o dono dos assentos onde assistimos ao jogo. Ainda ficamos um pouco ali esperando alguém aparecer para buscar o souvenir esquecido, mas nada.

Assim, decidimos ficar com ele para eu poder trazer para um amigo aqui no Brasil que torce para os Braves. Ou seja, no fim das contas, ficamos com os ingressos melhores e sem nenhum bobblehead a menos”.

– Sua família o acompanha nestas viagens?
“A minha esposa super apoia essa iniciativa e já foi comigo na 2ª etapa, mas nem sempre pode ir já que é difícil conciliar a agenda dos jogos com a do meu trabalho e com a do trabalho dela. Ela gosta sim de esportes, mas não acompanha muito”.


- Acompanha NFL, NBA ou NHL?
“Acompanhar de verdade mesmo, só a MLB. Muito! Eu sigo a NFL com menos intensidade. NBA, eu vejo alguns jogos. O mesmo a NHL. Aliás, hóquei é ainda um esporte que eu não consegui assistir nos EUA, mas tenho muita vontade”.


- Qual a maior loucura que você já fez para viabilizar a jornada?
“Para viabilizar a jornada, eu já tive que dormir uma noite no aeroporto de Boston para voltar para o Rio em outra noite, em seguida, no aeroporto do Galeão, para conseguir pegar uma promoção de passagens e chegar a tempo de não perder uma época boa no trabalho”.


- Como tem sido a experiência de conhecer os estádios de baseball?
“Ter a oportunidade de fazer essa jornada de conhecer os 30 estádios da MLB tem sido uma experiência absolutamente sensacional em que, além de poder ver os jogos e conhecer os estádios eu ainda conheço pessoas, faço amigos, colho memórias e me divirto MUITO”! 
  

– O que falar da paixão dos brasileiros pelo baseball e pela MLB?
“Eu acho que a paixão dos brasileiros pelo baseball vem crescendo a cada dia e, mesmo que num ritmo mais lento do que a paixão pela NFL, ainda há muito espaço para que mais e mais pessoas passem a gostar desse esporte. Potencial para isso há. 

Acredito que aumentar a divulgação sobre as competições que ocorrem no Brasil e disseminar o conhecimento sobre esse esporte para que as pessoas possam entendê-lo, vai fazer com que o interesse cresça e esse será o ponto de partida para que o baseball se torne tão conhecido e grande quanto a NFL é hoje aqui”. 










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Imagens - Acervo Pessoal

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