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No dia da consciência negra, o futebol "só agradece"



Celebramos nesta terça-feira (20) os 323 anos da morte de Zumbi dos Palmares. Já existe no país uma tradição de promover, ao longo desta semana ou deste mês, reflexões sobre a questão racial.

Em dez anos, quadruplicou a presença de negros no sistema de ensino superior, foram revistos os conteúdos didáticos sobre a história do negro no Brasil e teve início o reconhecimento dos territórios quilombolas. Hoje temos no Brasil uma geração de jovens negros mais escolarizados, que conhecem e têm orgulho da sua história e demandam por futuro mais igualitário.

A manutenção da igualdade racial deve ser meta de qualquer governo comprometido com o futuro do país, que tem mais de 50% de negros na sua população. Não é mimimi muito menos “vitimismo”. Trata-se de justiça.

No futebol, é impossível contar a trajetória de sucesso da modalidade sem falar de jogadores negros. Os africanos e seus descendentes que estão se espalham pelo planeta foram, são e continuarão sendo alguns dos protagonistas do esporte mais popular do mundo.
Vou citar apenas 5 jogadores que, na minha opinião, marcaram e mudaram a história do futebol; e serão insubstituíveis:


Pelé: Simplesmente porque é Pelé. Eleito o maior atleta do século passado pelo Comitê Olímpico Internacional, é o maior de todos os tempos – na opinião de muitos -  e foi figura essencial no processo que levou a modalidade a se tornar febre na África e na Ásia. É também o único futebolista que conquistou três Copas do Mundo (1958, 1962 e 1970).

Garrincha: Ganhou uma Copa praticamente “sozinho”. Mané Garrincha dispensa apresentações, mas entrou de vez para a história ao assumir a liderança da seleção brasileira na Copa-1962 depois de uma contusão de Pelé e levá-la ao bicampeonato mundial. Apelidado de “Anjo de Pernas Tortas”, devido ao formato pouco usual dos seus membros inferiores, era o rei do drible pela ponta direita. Morreu aos 49 anos em decorrência do alcoolismo.

George Weah: Ele foi o primeiro (e até hoje único) africano a ganhar o prêmio da Fifa de melhor jogador do mundo. A consagração do atacante liberiano se deu em 1995, ano em que defendeu o Paris Saint-Germain e o Milan e derrotou Maldini e Klinsmann na eleição. Após falhar no objetivo de levar seu país pela primeira vez a uma Copa do Mundo, George Weah entrou para a política. Em 2005, concorreu à presidência da Libéria, mas foi derrotado.

Eusébio: Fez a Europa passar a olhar para a África como celeiro de talentos. Eusébio não foi o primeiro africano a vestir a camisa de uma seleção europeia, mas certamente foi quem o fez com mais brilho, abrindo as portas para que essa se tornasse uma prática comum na atualidade. Nascido em Moçambique, então uma colônia portuguesa, fez história com a camisa do Benfica e colocou a terra que hoje é de Cristiano Ronaldo no mapa do futebol mundial com o terceiro lugar na copa de 1966.

Dener: Como Vascaíno que sou, - primeiro clube aceitar negros no Brasil -  não posso deixar de lembra deste craque, que teve a vida interrompida por uma tragédia de trânsito. Dener unia habilidade, velocidade e ousadia. Me pergunto, onde Dener estaria no mundo do futebol, se estivesse entre nós. Essa pergunta, sempre vai estar na minha cabeça.

Esses jogadores tiveram uma carreira de sucesso e, encheram os olhos do povo. Seus talentos foram reconhecidos e aplaudidos, sem precisar esticar o cabelo, nem estar bem vestido. Reconhecidos apenas por seus talentos. O esporte proporciona isso, é emocionante!

Atualmente, ainda não é possível dizer que o futebol se viu livre do racismo. No entanto, é evidente o reconhecimento da participação do negro no desenvolvimento do futebol.

 A luta de hoje, enfim, é fazer mudar conceitos retrógrados e inaceitáveis, despoluir e desembotar mentes, amansar e colocar amor, solidariedade e fraternidade nos corações. É virar mentalidades e transformar nossa riqueza da diversidade racial na energia criadora para produzir mais, realizar mais, pacificar mais, fazer mais e melhor. Um mundo melhor para todos, com o respeito à dignidade da pessoa humana acima tudo. 

Créditos da imagem: Site esportefera.com.br














Um comentário:

  1. Parabéns Rômulo!!!
    Texto perfeito
    Análise perfeita.
    Vc é um cara muito inteligente
    Concordo plenamente com tudo que li. Show

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