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A troca que criou uma dinastia




Se existe uma manobra na NFL extremamente importante para se montar um elenco competitivo, essa manobra se chama Draft. Ali grandes times são montados, pois se você tiver um general manager competente, ele saberá garimpar talentos vindo do College Football que poderá futuramente ser a cara de uma franquia por anos. Mas existe outros movimentos que são importantes e que as vezes acaba sendo um pouco subestimado, a troca por jogadores é um bom exemplo disto. 

Esse método nem sempre sai como o esperado, assim como o draft, mas se o time souber utilizá-lo bem, poderá ser de suma importância para uma franquia. E hoje falaremos simplesmente da maior troca da história da NFL, uma troca que ficou famosa por ser o gatilho que montou a dinastia do Dallas Cowboys no início dos 90.

A temporada de 1989 estava ainda em seu início, mas a franquia do Texas não vinha fazendo um bom início de campeonato. Mas um jogador se destacava nesse time, o running back Herschel Walker. Tanto que chamou a atenção do Minnesota Vikings que estava disposto a pagar um alto preço para contar com os serviços desse jogador.




Atualmente é simplesmente inimaginável você fazer uma troca com os termos que mencionarei a seguir, por um running back. Contextualizando, no final da década de oitenta, running back era uma das posições mais nobres do esporte, já que os times tinham um enorme apelo pelo jogo terrestre.

Herschel Walker estava no seu quarto ano na liga e já tinha corrido para 3,424 jardas e anotado 26 touchdowns, números excelentes, que o colocaram como um dos melhores da liga. Mas ele não tinha uma equipe a sua altura, e estava fadado a carregar esse fraco time nas costas. Até que o treinador Jimmy Johnson do Dallas Cowboys teve uma ideia ousada, trocar o seu melhor jogador e tentar capitalizar novos talentos com essa negociação. 

Johnson colocou Walker no mercado e ficou a espera de proposta pelo jogador, e como era de ser esperar, várias franquias se interessaram. Desde do Atlanta Falcons, Cleveland Browns e até o New York Giants eterno rival de Dallas. Mas a proposta mais tentadora veio de Minnesota, que acreditava que Walker seria a peça que faltava para a franquia alçar voos mais altos. 

A proposta de Cleveland não era ruim, mas os o dono dos Cowboys Jerry Jones acreditava que conseguiria mais, e usou essa proposta dos Browns como poder de barganha para negociar com os Vikings. O prazo dado por uma resposta da franquia de Minnesota foi de seis dias, caso o contrário eles iriam aceitar a proposta dos Browns. 

Bem, os Vikings acabaram cedendo e o acordo foi firmado no dia 12 de outubro de 1989. Os Cowboys acabaram cedendo Herschel Walker e mais três escolhas de Draft, e receberam em troca cinco jogadores, mais três escolhas de drafts além de uma escolha condicional por cada um destes cinco jogadores de Minnesota. A princípio parece ser meio confuso, então vou detalhar bem essa troca para ficar de fácil compreensão.




Vikings receberam: Herschel Walker, uma escolha de 3° rodada em 1990, uma escolha de 10° rodada em 1990 e uma escolha de 3° rodada em 1991.

Cowboys receberam: os LB Jesse Solomon e David Howard, CB Issic Holt, RB Darrin Nelson, DE Alex Stewart, uma escolha de primeira rodada em 1990, uma escolha de 6°rodada em 1990. Além das escolhas condicionais que eles ganhariam caso cortassem esses jogadores : Salomon ( 1°rodada de 1991), Howard ( 2° rodada de 1991), Holt ( 1° rodada de 1992), Nelson ( 2° rodada de 1992) e Stewart ( 3° rodada de 1992).

Essa troca era irrecusável, mas ficou ainda mais lucrativa para os Cowboys, pois Darrin Nelson se recusou a jogar pela a equipe e foi imediatamente trocado por uma escolha de 5° rodada com o San Diego Charges. Essa escolha foi automaticamente enviada para os Vikings que tiveram que ceder uma escolha de 2° rodada no ano de 1992 como tinha sido acordado em caso de corte do atleta.

Na verdade ao analisarmos friamente, não parece ser um negócio assim tão espetacular para Dallas, mas o mais interessante veio a seguir, e isso sim fez essa troca se tornar a maior de todos os tempos, já que o treinador Johnson desde do princípio não estava interessado nos jogadores que recebeu e sim nas escolhas de Draft que poderia capitalizar através deles.




Sendo assim Johnson dispensou Stewart em novembro daquele ano e já dava amostra que poderia fazer o mesmo com os demais jogadores ou então trocá-los com outras franquias que poderiam herdar então essas escolhas.Isso acabou gerando uma grande repercussão na época, Johnson foi muito criticado e considerando por muitos desleal, a própria rede de TV ESPN chegou a rotular essa troca como uma das mais desiguais de todos os tempos. E foi a partir daí e destas trocas que os Cowboys formaram uma verdadeira dinastia no início da década de noventa. Jogadores como Emmitt Smith, Darren Woodson e Russell Maryland vieram através destas trocas para ganharem os Super Bowls XXVII, XXVIII e XXX.

Já pelo lado de Minnesota as coisas não saíram como imaginaram. Eles nunca chegaram num Super Bowl e Herschel Walker não foi nem de perto o jogador que era em Dallas, jogando assim apenas três temporadas pelos Vikings. Ainda teve uma passagem pelo Philadelphia Eagles e New York Giants até encerrar a carreira em 1997, curiosamente pelo Dallas Cowboys que o contratou em seus dois últimos anos de profissional.




Geralmente dizemos que o futebol americano nos encanta muito por ser bem parecido com um jogo de xadrez em campo, mas esse xadrez vai muito além do campo, com general managers e treinadores sempre a espera de dar um xeque mate, seja no Draft, na Free Agency ou mesmo numa troca que pode mudar a história de uma franquia para sempre.

Créditos das imagens: nfl.com, USA Today, espn.com

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