Quem será o MVP da Temporada?
O prêmio de MVP da NBA é, no mínimo, curioso. Ao pé da letra, se refere ao Jogador Mais Valioso, mas é geralmente tratado como uma premiação para o melhor jogador da temporada, e, na verdade, se trata de coroar a melhor história - aliada, claro, a uma ótima performance.
Em 2017, por exemplo, em meio a uma incrível e possivelmente superior performance de James Harden, foi dado o prêmio de MVP ao dono do primeiro triple-double de média desde Big O, Russel Westbrook, que, ainda por cima, havia sido abandonado em Oklama City por seu melhor amigo, Kevin Durant.
Do mesmo modo, na última premiação (2018) venceu James Harden, o eterno vice que buscava, enfim, ser reconhecido por suas incríveis performances na Temporada Regular. Acontece que, fora até do Top 3, Westbrook teve, outra vez, uma média de triple-double, mas, diferente da história do ano anterior, esse já não era mais o primeiro desde Big O e Kevin Duarnt já estava em Oakland há mais de um ano.
Sendo assim, a pergunta que fica é... "Qual craque apresentará a melhor história da Temporada 2018/19 da NBA?".
LA-Bron
Após 15 Temporadas na Conferência Leste, LeBron James decidiu ir à Costa Oeste fazer parte da estrelada história da maior franquia da história da NBA, o Los Angeles Lakers. Talvez a maior estrela da história deste esporte em Hollywood? Quer uma história melhor que essa?
O Rei do basquete já tem 4 troféus de MVP, mas, apesar de ser consensualmente reconhecido como o melhor jogador do mundo desde então, já não ganha o prêmio desde 2013. Nós talvez tenhamos simplesmente nos acostumado com sua grandeza, pois há sempre um possível argumento estatístico para dar a James o prêmio de Jogador Mais Valioso da Temporada. É o que o analista Chris Broussard chama de "LeBron Fatigue".
Este ano, contudo, LeBron James está em uma situação totalmente nova. Ele é o líder solitário de um jovem Lakers em Los Angeles, o segundo maior mercado da Liga. Veremos o melhor jogador do mundo na melhor cidade do basquete mundial. Assim, mais do que nunca, todos os olhos da imprensa e dos fãs estarão voltados ao garoto de Akron, e se este for o mesmo de sempre, teremos, certamente, uma resposta à altura.
O Monoselha e o Renascimento dos Pivôs
Já se passaram mais de 10 anos desde que um Big Man foi nomeado Jogador Mais Valioso da NBA pela última vez. O último Pivô¹ a ser MVP foi Dirk Nowitzki em 2007 e, desde então, foram cinco Armadores² e cinco Alas³ premiados com o maior troféu individual do basquete mundial.
Nos Playoffs do ano passado, todavia, Anthony Davis surgiu aos olhos de muitos de nós como o um possível futuro melhor jogador da NBA. Com médias de 30 pontos, 13 rebotes e mais de 2 tocos por jogo ao liderar o New Orleans Pelicans às Semifinais do Oeste, a primeira escolha do Draft de 2012 nos provou que poderemos voltar a ver um Pivô dominar a Liga, algo que não acontece desde que Tim Duncan começou a envelhecer.
Com a revolução das bolas de três e a incrível ascensão de Stephen Curry, James Harden e os demais Ball Handlers², todos nós achamos - e alguns seguem acreditando - que nunca mais teríamos um Pivô dominante o suficiente para ser considerado o melhor da Liga. Estávamos certos de que nunca mais teríamos outro nome adicionado à estrelada lista de Bill Russell, Wilt Chamberlain, Kareem Abdul-Jabbar, Hakeem Olajuwon, Karl Malone, Shaquille O'Neal e Tim Duncan. Não havia mais espaço para os grandes pivôs na NBA, até que Anthony Davis, de um modo diferente de todos essas lendas, mas quase tão dominante quanto, nos provou que é possível. Que ainda há esperança de vermos um dia um Pivô dominando o basquete novamente...
Será essa a Temporada em que esse tabu do basquete moderno será quebrado? O Monoselha diz que sim e nós estaremos aqui para assistir.
O Constante Crescimento da Aberração Grega
Giannis Antetokounmpo faz jus ao seu apelido. Por conta de sua estrutura física (2,21 metros de altura e 2,21 de envergadura), The Greak Freak ("A Aberração Grega", em português) atraiu vários olhares desde que, por meio da 15ª escolha do Draft de 2013, chegou à NBA. Não foi logo de cara, no entanto, que Giannis conquistou a admiração da maioria dos fãs e analistas, pois, diferente de caras como Tim Duncan, LeBron James e Donovan Mitchell, ele não chegou à Liga Norte-Americana preparado para qualidade de basquete.
O grego construiu seu legado na NBA aos poucos. Primeiro, em seu ano de rookie, teve médias de apenas seis pontos e quatro rebotes, enquanto acertava apenas 41% de suas tentativas. Mas como que em um reflexo de seu passado difícil de imigrante nas terras helênicas, Antetokounmpo nunca deixou de trabalhar duro a fim de tornar-se, um dia, um All-Star. Desse modo, na temporada seguinte já foi possível identificar uma boa evolução. Com 12 pontos, 6rebotes e 49%, suas escolhas de arremessos haviam se tornado muito mais inteligentes e já se via flashes da superestrela que viria a ser.
Em seu terceiro ano na Liga, o mostrou outra vez que trabalha como poucos o verão ao melhorar significativamente, pela segunda vez, sua média de pontuação. Ao fim da Temporada 2016/16 Giannis já possuía uma média superior a 16 pontos, 7 rebotes, 4 assistências, 1 roubo de bola e 1 toco por jogo. Foi só no ano seguinte, todavia, que aquilo para que ele havia treinado seria conquistado, uma seleção para o Jogo das Estrelas da NBA. Dominante dos dois lados da quadra, Antetokounmpo teve uma atuação tão marcante que, além do All-Star Game, o rendeu o prêmio de Jogador de Maior Evolução da Temporada (MIP - Most Improved Player Award) e uma seleção para o 2º Time Ideal da NBA. Foram incríveis 22 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 1 roubo de bola e dois tocos por jogo. O objetivo havia sido alcançado, mas seu espírito trabalhador não o deixaria parar por aí.
The Greak Freak voltou a trabalhar no verão e os resultados, como sempre, vieram durante a Temporada. Pelo quarto ano seguido, o Ala grego viu suas médias subirem em quase todas as principais categorias estatísticas ao fazer mais de 26 pontos, pegar 10 tocos e distribuir quase 5 assistências por partida ao mesmo tempo em que convertia 52% de suas tentativas. Resultado: mais uma seleção para o Jogo das Estrelas e para o Time Ideal e a entrada na maioria dos Top 5 da Liga.
No último verão, como de costume, Antetokounmpo treinou duro novamente, o que indica que veremos, outra vez, uma melhora em seu rendimento.
Seria então, o momento de atingir o nível de um MVP?
Bem... A única certeza aqui é que a história do garoto estrangeiro que, em apenas cinco anos, de 6 pontos por jogo tornou-se Jogador mais Valioso e então o MVP da maior Liga de basquete do mundo é bem atraente.
Kawhi está de Volta
Há um ano, Kawhi Leonard era um consenso no Top 3 da NBA. Alguns, ainda, discutiam o fato de ele ser ou não o segundo melhor jogador do mundo, atrás apenas de LeBron James. Em seus últimos três anos saudável, The Klaw acumulou dois prêmios de Defensor do Ano e terminou outras duas vezes entre os três mais votados para MVP. Para muitos, inclusive, ele era o principal candidato a esse prêmio na última Temporada.
Acontece que, para a minha tristeza como torcedor do Spurs, o MVP das Finais de 2014 ficou de fora de quase toda a última Temporada com uma grave e misteriosa lesão, gerando uma imensa confusão nos bastidores de San Antonio que resultou em um pedido para ser trocado.
E, por incrível que pareça, o ano de ausência de Kawhi parece ter feito os fãs e até os analistas esquecerem de sua imensa qualidade. Aquele que antes era um consenso entre os três melhores está fora da maioria das listas de Top 5 atuais.
Aparentemente saudável e de casa nova, Kawhi Leonard tem tudo para voltar a dominar dos dois lados da quadra e, consequente, reconquistar o respeito daqueles que o assistem. Para isso, todavia, ele terá que jogar o melhor basquete de sua carreira sob os olhares de todos os que duvidam de sua capacidade.
Sendo assim, caso Kawhi fizer a sua parte, há uma grande chance do troféu de MVP ir a Toronto. Afinal, poucas histórias são tão fascinantes quanto uma história de volta por cima.
Um é histórico, Dois é repetitivo e Três é Sensacional
A segunda temporada consecutiva de Russel Westbrook com um triple-double de média não impressionou os eleitores como a primeira. Contudo, você já imaginou testemunhar três temporadas seguidas dessa marca impressionante?
A história central estaria garantida, mas ainda seria necessário um diferencial. Para ter chance de receber seu segundo MVP, Westbrook teria que ir além do triple-double e liderar o Oklahoma City Thunder rumo às primeiras posições da fortíssima Conferência Oeste, o que acredito ser possível.
¹ - Pivô: os Big Men são os grandões que jogam na posição 4 (PF) ou 5 (C). Os Pivôs e Ala-Pivôs que tradicionalmente se caracterizam por defender o aro e pontuar no post e no garrafão, mas que modernamente passaram também a arremessar de média distância e da linha de três pontos.
¹ - Pivô: os Big Men são os grandões que jogam na posição 4 (PF) ou 5 (C). Os Pivôs e Ala-Pivôs que tradicionalmente se caracterizam por defender o aro e pontuar no post e no garrafão, mas que modernamente passaram também a arremessar de média distância e da linha de três pontos.
² - Armador: os Ball Handlers são os jogadores da
posição 1 (PG) e 2 (SG) - em exemplos raros, da 3 (SF) também - que jogam “in-ball“, isto é, os que tem como principal
característica conduzir a bola e comandar o ataque. Os Armadores são, em geral, não tão altos e
leves, além de serem quase sempre os mais habilidosos do quinteto titular. Atualmente, inclusive, essa
categoria é a que mais evolui e em alguns anos pode até superar o “reinado” dos
Wings.
³ - Ala: os Wings são os
jogadores tradicionalmente mais versáteis da quadra, de grande envergadura, fortes e altos. Em geral, estão entre os baixos e leves Ball Handlers e os altos
e pesados Big Men. São os Alas, a categoria mais utilizada em um quinteto na NBA, que
normalmente ocupa as posições 2 (SG) e 3 (SF) e algumas vezes também a 4 (PF),
podendo até ocupar as posições 1 (PG) e 5 (C) em casos raros.
Belo texto, e bela análise! Parabéns Paulo Lyra!
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