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Do Soccer ao Football



Oito de março de dois mil e nove. Sol escaldante em Presidente Prudente (SP). Quarenta e sete minutos do segundo tempo, escanteio cobrado, bola na cabeça de Ronaldo e é GOOOOLLLL!! GOOOOLLL do Corinthians, gol de empate contra o Palmeiras. O goleiro Bruno não pôde fazer nada.  

Treze de agosto de dois mil e oito. Copa Sul Americana, o Vasco da Gama recebe o Palmeiras, ambos com times “alternativos”. No gol do Palmeiras, Bruno faz sua primeira partida oficial no profissional aos 23 anos, porém não evita a derrota de seu time pelo placar de 3x1.

Onze de julho de 2012, comandados por Felipão, o Palmeiras conquista pela segunda vez a Copa do Brasil. Bruno é eleito o melhor goleiro da competição. Ainda no gramado, ao receber o troféu pela conquista pessoal, decide homenagear o antigo companheiro Marcos.

No mesmo ano, em dezembro, o clube amargou o segundo rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro com Bruno defendendo a meta do Verdão.

São momentos marcantes, tristes ou felizes, mas especiais na vida deste goleiro.

Revelado nas categorias de base da Sociedade Esportiva Palmeiras, Bruno Cortez Cardoso, ou simplesmente Bruno, era mais um dos goleiros promissores da Academia que lutou para suceder Marcos, pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira em 2002.

Com curtas passagens pela Portuguesa de Desportos (SP) em 2011 e Santa Cruz (PE) em 2015, ambas por empréstimo, Bruno encerrou sua história no clube Palestrino ao final de seu contrato após o retorno de Pernambuco, deixando uma emocionada carta aos seus torcedores.

Convidado pelo mesmo Ronaldo “Fenômeno” para jogar nos EUA, aceitou o desafio e foi defender as metas do Fort Lauderdale Strikers FC.

Em fevereiro deste ano, um susto. A Escola na Flórida (EUA) - onde sua filha estudava - foi alvo dos tiros de um daqueles loucos que vemos pela Televisão, deixando toda a família apreensiva.


Com residência em terras norte-americanas, Bruno Cortez Cardoso nos contou um pouco de sua paixão pela NFL, torcida pelo Indianapolis Colts e o que anda fazendo na Flórida (EUA):

1 – O que você está fazendo nos Estados Unidos? 

“Eu estou aqui nos Estados Unidos há dois anos e meio. Vim para cá em 2016 pra jogar pelo Strikers, joguei, quase chegamos nas finais. Perdemos para o NY Cosmos de Marcos Senna e Raúl (espanhol) nas semifinais.

Eu tinha mais um ano de contrato garantido ano passado, mas aí os donos do clube acabaram falindo e devem dinheiro para todo mundo aqui  - inclusive pra mim, hospitais, fornecedores... todo mundo. E acabaram perdendo os “naming rights” para um credor. Então não existe mais o Strikers hoje. 

Como eu sabia ao fim de 2016 que isso poderia acontecer, fui me preparando, pois eu sabia que poderia não jogar. Dei entrada no Green Card, que estou esperando até hoje, pois o processo está mais demorado do que nunca.

Eu estava esperando receber e fiquei com medo de assinar e jogar em outro lugar, sabendo que eles não teriam mais a obrigação de me pagar nada. O que não adiantou nada, pois ainda me devem dinheiro.  Então comecei a me preparar. Tirei minha licença de treinador de goleiros, fiz os cursos e tirei a licença de treinador daqui... de soccer, a "licença B".




Comecei a atuar na área, bem discretamente. No primeiro momento, fechei com um menino para dar aulas particulares. Depois, com um clube aqui de Boca Raton, para ser o treinador de goleiro das meninas. Aí eu fui aparecendo, meu nome foi ficando mais forte aqui. Hoje eu tenho muitos contatos para treinador de goleiros. Eu comecei na Lynn (a trabalhar como treinador de goleiros), é uma Faculdade de segunda divisão, mas, pelo tamanho, ela é muito melhor do que muitos times da Primeira Divisão.

O campeonato começa nesta semana e somos o segundo ranqueado. É uma divisão muito forte. Vai ser uma experiência bem legal. E esse é um mercado onde eu quero estar presente. É muito legal essa parte dos Estados Unidos de faculdade e esportes, tudo junto! 




Eu também estou como treinador em um time sub-17 de Miramar, treinador mesmo. Começou na época que eu estava tirando minha licença. Eu comecei como treinador de goleiros do time, depois auxiliar técnico, e acabei assumindo como treinador. Estou gostando muito, fui com eles pro Brasil fazer uma pré-temporada, levei ele no Palmeiras... e é isso que eu estou fazendo aqui. E esperando novas oportunidades. Até tive convites para voltar a jogar no Brasil, mas não me interessaram, porque eram oportunidades para jogar apenas quatro meses durante o Paulistão.” 








2 - Como está sendo a experiência profissional nos Estados Unidos?

“Jogar nos Estados Unidos foi muito legal, é uma experiência totalmente diferente. O futebol está em  um nível muito inferior do que no Brasil, mas foi muito bom. É uma cultura diferente, nos dias de jogos você acorda em casa, ao lado da sua família. Isso foi muito estranho no começo. Eu fui sempre acostumado a nos dias de jogos ir para hotel, concentração, mas foi muito, muito legal!

Os americanos gostam muito de futebol aqui. Tem uma torcida bem legal aqui em Fort Lauderdale. Claro, mas o nível ainda está muito abaixo, tem muito o que melhorar. Questão financeira, questão estrutural... não a Major League, eu falo das divisões inferiores, a Major League está crescendo muito. Mas eu gostei muito, tanto é que eu gostaria de continuar aqui. Talvez não mais como jogador, pois para jogar agora eu preciso do Green Card, mas trabalhando como eu estou, evoluindo cada vez mais. Como eu falei antes, eu estou com moral aqui como treinador de goleiros, meu nome está crescendo devagar, então é um mercado que me atrai bastante. E continuar aqui até mesmo pela qualidade de vida”. 

3 - No lugar que você está agora (Lynn  Knights / Lynn Athletics), a prática do futebol americano é tradicional? 

“Na faculdade que estou hoje, eles não tem futebol americano. E isso é bom e é ruim. É bom porque dessa forma o futebol/soccer acaba sendo o principal esporte da faculdade e recebendo o maior investimento. Se você analisar, (no futebol) tem um treinador, um auxiliar técnico e um treinador de goleiros, que eles me contrataram. Já o Baseball, na mesma faculdade, tem um treinador só. Então é até "bom" não ter o futebol americano, pois o principal esporte da faculdade acaba sendo o futebol. E como eu falei; é uma faculdade super forte no futebol, muito tradicional. E é ruim, porqu eu gostaria muito de estar presente nesse ambiente de "college football", que eu acho super legal também, já fui em jogos e tudo mais. O nível está cada vez melhor. O pessoal até discute isso aqui: já não dá mais para chamar de amador, com todas as oportunidades que eles tem, as instalações, já podemos dizer que são profissionais. Não dá mais pra chamar de amador”.


4 - O que pode nos falar sobre a cultura norte-americana de atrelar educação e prática de Esportes desde os primeiros anos de idade da criança

“Essa cultura americana com nos esportes (aliado à educação) é... mais uma vez... é boa e é ruim. É boa por quê? Você tem uma educação, a criança desde os quatro, cinco anos já tem a opção de praticar todos os Esportes, na escola nos clubes, em todo lugar. Mas todos, todos mesmo.

No Brasil, é futebol, futebol, futebol, futebol, futebol... Aqui não.  E aí ela vai crescendo e vai atrelando o Estudo com o Esporte, vai crescendo. E se quiser e tiver qualidade de se tornar um atleta de alto nível, vai ter todas as oportunidades. Essa é uma cultura muito legal, que eu gosto bastante, incentivando muito meus filhos a fazerem isso. E é ruim para o meu lado, o lado do futebol, porque isso acaba atrapalhando um pouquinho a formação do jogador de futebol.

Se você pegar os times de futebol americano, basquete, baseball, os jogadores são todos formados na faculdade. Nenhum time das ligas profissionais tem categoria de base, todos são formados na universidade. O futebol não é nem o segundo esporte do país. Assim, os times da Major League são obrigados a ter a categoria de base, que aqui se chama academy. A formação não se dá mais na faculdade e a mesma acaba "atrapalhando" um pouco, porque a formação teria que ser nos clubes, né?

Mas mesmo assim, continua sendo maravilhoso. Porque aquele jogador que tiver futuro vai para frente e, quem não tiver, pelo menos sai com um diploma universitário. Então, eu valorizo muito isso, e acredito que deveria ser copiado não só no Brasil, mas no resto do mundo”. 






5 - O que esperar dessa temporada da NFL?

“Eu acho que essa temporada vai ser uma das mais equilibradas dos últimos anos. Muitos times que foram muito mal ano passado se reforçaram bem, draftaram corretamente. Eu acho que a gente vai ter muitas surpresas. Times que perderam jogadores importantes estão voltando. Eu acho que, se fosse apostar num campeão, eu iria no Minnesota (Vikings).

É um time que mostrou no  ano passado que estava pronto e que estava a um QB do Super Bowl. Não que seja o meu preferido, mas esse ano pelo menos contratou alguém descente, melhor do o que estava  ano passado e eu acho que é o que está mais pronto para chegar nas finais e ganhar. 

Também acho que o meu Indianápolis Colts pode surpreender. Ninguém está acreditando muito... mesmo com o Andrew Luck voltando, um elenco jovem, reformulação... mas com o Luck a gente sabe que dez vitórias são possíveis, a qualquer momento. Então, eu vou apostar. E até uma surpresinha extra com o Cleveland (Browns). Eu gostei do draft da franquia, das peças que foram compondo o elenco, eu acho que pode até brigar por uma classificação, difícil, mas pode brigar”.





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Imagens - Acervo Pessoal

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