elclasico-removebg-preview

News

Clássico não se explica, simplesmente acontece!



Domingo foi dia de clássicos pelo Brasil, um dia que já foi de futebol. Existem atualmente muitas outras opções de lazer, algumas bem mais baratas. Além disso, há um excesso de jogos, e a maioria das pessoas não quer apenas torcer. Quer também entender de esquema tático, assistir um bom espetáculo, sem violência no trajeto para os estádios e durante as partidas sem tumulto, reclamações, cotoveladas, pontapés. Não basta emoção, é necessário jogo limpo e mais talento individual e coletivo.

Quando acesso meu porão da memória, a primeira coisa que me lembro de clássicos regionais é do folclórico Jardel, artilheiro nos anos 90, que teria dito: “Clássico é clássico, e vice-versa”. Acho que escutei essa frase em boa parte da minha infância.

Outra frase famosa é “clássico não tem favorito”. Será? O Palmeiras, mesmo com um time alternativo em alguns jogos, vem conseguindo manter o alto nível. Obviamente, pelo grupo forte que tem, era o favorito contra o Corinthians. Venceu pelo placar mínimo de 1 a 0, uma vitória magra, é verdade, porém, merecida.

Felipão está preocupado. Nas entrevistas, fala sempre que o time ainda não ganhou nada e que o torcedor, eufórico, não deveria seguir a imprensa, que endeusa demais antes da hora e que, depois, critica duramente nas derrotas.

Parte da imprensa, que costuma criticar a troca frequente de treinadores, é a primeira a discutir se o técnico deveria sair por conta de algumas derrotas. Além disso, o hábito de analisar as partidas sempre pelas condutas dos treinadores dá a eles uma exagerada importância.

Times que trocam de técnico costumam também melhorar, por um período variável. Isso ocorre por questões táticas, técnicas, pela mudança das preleções motivadoras ou seria porque os jogadores não aguentavam mais o técnico que saiu? Bom, no Vasco, nada mudou. Saiu treinador e entrou treinador, e o time continua de ladeira abaixo, toda rodada flertando com a zona de rebaixamento. Trocar de técnico nem sempre é sinônimo de mudança.

Domingo foi dia de clássico carioca também. Fluminense e Botafogo, duas equipes que tentam olhar para frente, sonhando com algo melhor, e para trás, preocupados com a turma de baixo. O que se viu foi um jogo muito limitado, com muita vontade e pouca técnica. Resultado final: 1 a 0 para o tricolor carioca, na base da vontade, e nada mais.

Em dia de Gre-nal, tem sempre um tempero especial. O Grêmio, bastante desfalcado, tentou imprimir seu estilo gremista, de troca de passes, de posse de bola e com proteção da defesa, como de costume. Mas, desta vez, não obteve sucesso suficiente superar o Inter. Com muita marcação, pressão em quem está com a bola e contra-ataques rápidos, os colorados venceram o duelo de gigantes do sul. Não contentes, resolveram provocar os Gremistas. Não sou contra provocações, acho até benéfica para o espetáculo – às vezes - futebol está se tornando uma coisa muito chata; no entanto, não posso deixar de considerar o fato de o Grêmio atuar sem os seus três melhores jogadores: kannemann, Maicon e Everton cebolinha. Me pergunto, como seria esse filme com eles em campo?

Desde a adolescência, enxergo o futebol de uma forma diferente, é uma metáfora da vida. É o palco de alegrias e tristezas, de conquistas e tragédias, de paz emocional e de angústia, por causa da finitude das coisas, de momentos surpreendentes, que costumam ser melhores que os planejados, de incertezas e de imprevisibilidade. A bola entra também por acaso. E a alegria ou tristeza, é a mesma.

Gosto também de outro pensamento, o de que, por mais que tentem explicar o que ocorre durante os jogos, principalmente em clássicos, o futebol não explica nada. Acontece.

Créditos da imagem: Lucas Uebel / Globoesporte.com

Nenhum comentário