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Após perder a hegemonia sul-americana para Argentina, o que esperar do nosso basquete feminino?

Após 16 títulos seguidos, o Brasil perde uma final de sul-americano feminino para nossas vizinhas argentinas. após um jogo disputado e bem equilibrado, nossa seleção perdeu na última bola, com lance livre certeiro da excelente armadora Melissa Gretter. Armadora inclusive, que defende o Vera Cruz/Campinas na LBF, foi eleita a MVP da competição, e melhor jogadora da final, merecidamente.

Na verdade, analisar a partida, ou o campeonato como um fato isolado é um erro. Nosso basquete vive hoje uma fase delicada, devido a seguidas gestões tenebrosas, que conseguiram afundar nosso basquete, principalmente nossa seleção feminina.

O Brasil teve uma boa participação, essa que é a verdade, pois, um novo ciclo está sendo iniciado, e o grande objetivo na verdade, foi alcançado, a vaga no pré-olímpico. Cabe agora, à CBB, comissão técnica, atletas e todos os demais envolvidos, olhar para o futuro e trabalhar visando a olimpíada de 2020.

Sobre o sul-americano, gostei da participação brasileira, tivemos algumas jogadoras jovens aparecendo muito bem. Veteranas mostrando que ainda podem ser muito úteis nesse processo de renovação, e uma comissão técnica que se não foi excelente, foi bem melhor do que comissões passadas. Destaque maior para o garrafão brasileiro, nossas pivôs são o ponto alto dessa seleção, com destaque maior para a ala-pivô Clarissa, líder em pontos(18,2 por jogo) e rebotes (11,6 por jogo). Destaco também a nossa pivô Érika, que aos 36 anos, ainda permanece com um bom físico, e mais do que isso, exerceu durante toda a competição um papel de liderança fundamental para o desenvolvimento das mais jovens. Ainda no garrafão, Nádia e Gil tiveram boas participações, sempre vindo do banco, conseguiram dar um bom descanso às nossas pivôs titulares, mantendo o bom nível de atuação e concentração, principalmente defensivamente. A caçula Stephanie teve pouca participação no torneio, mas mostrou personalidade quando acionada, defendendo muito bem, e com boa participação no ataque, mais importante que seus números, foi a experiência adquirida, ela é nossa aposta para o futuro, e deverá herdar a posição cinco da nossa brilhante Érika.

Nas alas, destaque absoluto para a excelente arremessadora Jaque, muito constante durante toda competição, ela é a dona da posição três. Com ótima postura defensiva, chutes certeiros do perímetro e inteligência para aproveitar os espaços, ela foi brilhante durante toda competição, e isso não é novidade, pois a ala vive grande fase, tendo sido a cestinha da última edição da LBF. Gostei muito também da participação da ala Iza Sangalli, jovem, com boa estatura, teve bons minutos em quadra e correspondeu à altura. Possui um bom arremesso, visão de jogo bem interessante, e ótimas infiltrações, vem evoluindo bastante ano a ano, e deve ser importantíssima para nossa seleção daqui para frente. Com apenas 23 anos, ela é uma das promessas do nosso basquetebol. Queria ter visto mais a ala Raphaella Monteiro, que joga em Portugal, teve pouco tempo de quadra, mas deve ganhar mais espaço nas próximas competições. Nossa armação ficou por conta da experiente Babi, que fez uma boa competição, porém na final teve um desempenho abaixo da média. Creio que aqui seja o principal ponto de interrogação, desde Adrianinha, não temos uma armadora sólida e que transmita confiança para o grupo. Tainá fez uma boa competição, na maior parte do tempo atuando em uma formação com duas armadoras, jogando ao lado da Babi, e tendo boa participação nos dois lados da quadra. Porém, creio que a posição da Tainá seja mesmo como combo guard, é ali onde ela rende melhor, e fica mais livre para atacar a cesta, pontuando muito bem.

Agora é olhar para o futuro, trabalhar em cima dos erros e fazer um ótimo planejamento para o pré-olímpico que se aproxima. A Argentina teve seus méritos, e começou a crescer no continente justamente com um forte trabalho na base, com investimento em capacitação de profissionais, e ligas escolares, hoje a seleção argentina conta com excelentes jogadoras, e vive um ótimo momento. Cabe a CBB trabalhar esse fomento ao esporte, apenas dessa forma conseguiremos retomar o topo, e formar novas gerações para devolver os dias de glória para nosso amado basquete feminino. A derrota foi apenas um reflexo de anos e anos de descaso, mas que agora, parece finalmente querer voltar ao caminho das glórias. Acredito em uma classificação para as olimpíadas, e acredito em uma retomada da hegemonia sul-americana, o trabalho de reconstrução já foi iniciado, e o basquete feminino tem tudo para voltar aos seus melhores dias, vamos torcer por isso.

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