A "sorte" do jogador brasileiro não é a mesma do jogador europeu
A sorte segue a coragem. Esse é o nome de um dos livros do
filósofo Mário Sérgio Cortella, onde o autor nos direciona a enxergar a “sorte”
de uma forma diferente, com outro ponto de vista.
Um exemplo bem simples do que estou falando é um jogador de
poker, que estuda e trabalha horas e horas por dia, muitas vezes, vira noites
analisando e estudando cada movimento, cada variável, cada detalhe possível.
Quando ganha milhões de dólares em poucos minutos, é visto como um cara de muita
sorte, “esperto no mal sentido”. Eu discordo. Sou da seguinte teoria: por trás
de um belo jantar existe uma cozinha suja, lugar onde foi palco de guerra.
Somente o anfitrião sabe o preço do sacrifício, do glamour e da glória.
No futebol não é diferente. Cristiano Ronaldo é um jogador de
talento raro, certo? Eu discordo. Eu vejo como um “bom” jogador que foi se
lapidando com o tempo, se reinventando, adaptando-se ao seu corpo. Ele é um
gênio porque resolveu ser gênio, resolveu treinar a tal ponto que o
desenvolvesse a tornar-se um gênio. Ele tem foco, pensa no trabalho todo dia,
busca a alta performance como um maníaco. O resultado final todos nós sabemos.
Messi eu vejo de forma diferente. Possui uma espécie de dom,
vocação, pura genialidade, misturado com dedicação. Mesmo assim, não foi
suficiente para se tornar uma unanimidade, travando uma briga incansável em
premiações com o craque português CR7.
Existe muito trabalho e muita dedicação desses dois fenômenos do
futebol, são verdadeiros exemplos de “sortudos”. Mas vamos analisar os brasileiros...
Diversos jogadores
brasileiros que jogam ou jogaram na Europa, não deram certo por lá, outros são exemplos de dedicação e
disciplina, que consequentemente culminou em sucesso - ou em sorte –, como achar
melhor. Entretanto, o que me chama atenção, é que raramente isso acontece em
solo pátrio, o que vimos por aqui é muita catimba, barganha, e grupinhos que se
formam para derrubar treinadores.
Nos
últimos tempos, aumentou minha impressão de que os jogadores brasileiros, nas
decisões, possuem menos preparo emocional que os europeus. Isso é evidente,
desde o início de algumas partidas, pelo intenso nervosismo, pela falta de
lucidez nas escolhas e por bisonhos erros técnicos.
A ansiedade é benéfica, pois
aumenta a concentração e a vibração dos atletas. Porém, quando excessiva, inibe e
atrapalha.
Uma das razões para essa
insegurança psicológica dos jogadores brasileiros seria a enorme pressão que
sofrem para ganhar, muito maior que a dos europeus, como se os brasileiros
fossem para uma guerra. É ganhar ou morrer.
Para diminuir a
responsabilidade, a transferem para os “supertécnicos”, à espera que eles
tragam soluções mágicas para resolver o jogo.
Há um enorme abismo
de perfis, em relação ao jogador brasileiro para o europeu, os motivos são
vários. Não adianta ter coragem sem estar preparado, é preciso se preparar para
a “sorte” chegar, caso contrário, é suicídio. Quem vence uma guerra, é sempre o
exército que melhor se prepara, o resto é apenas filme de hollywood.
Créditos da imagem: jornal uol / Jasper Juinen
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