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Pep Guardiola e "seus" milhões




Pep Guardiola é um dos treinadores mais vitoriosos do futebol europeu. Tem em seu currículo 7 ligas nacionais, 2 champions league e mais algumas tantas copas nacionais. É também considerado um dos mais revolucionários da função, por implantar um estilo de jogo inovador nos tempos de Barcelona, que até hoje é imitado e comum no mundo inteiro. 

Mas o que chama a atenção também é o DNA "gastador" do comandante, que exige de seus clubes um belo poder financeiro, caso contrário, nada feito. Não que esse seja o - único - motivo das suas glórias, mas, é óbvio que ajuda. É bem mais fácil fazer um time cheio de estrelas funcionar, do que uma equipe com falta do mesmo.  

Primeiros anos como treinador - Barcelona

Em junho de 2008, Guardiola, então treinador do Barça-B foi anunciado pelo presidente 'culé', Joan Laporta, como o mais novo comandante técnico do clube. Logo de cara uma decisão que poucos dentro do Barcelona concordaram: Ronaldinho, um dos grandes ídolos do clube na ocasião, não estava nos planos do treinador catalão. 

Em todo caso, o Gaúcho já havia feito grandes coisas pelo clube azul e grená, e foi vendido ao Milan naquela janela de verão por 25 milhões de euros. Claro que, se você perde um jogador da qualidade do "R10", fica muito evidente a necessidade de reforços. E mesmo que o melhor reforço estivesse dentro de casa, com o ganho de importância de Lionel Messi ao assumir a camisa '10', era necessário trazer mais alguns nomes para fazer com que a equipe ganhasse corpo para que o seu 'pequeno monstro' fosse alimentado. 

A direção desde sempre demonstrou que a confiança seria dada a Guardiola de olhos fechados, o que mais tarde se provaria um acerto histórico. Sete jogadores, e 87,8 milhões de euros a menos nos cofres. Esse foi o ano da chegada de Dani Alves ao Camp Nou, acompanhado do retorno de Gerard Piqué, que havia passado alguns anos no Manchester United. Daniel, por sua vez, foi a contratação mais cara da temporada, chegando por sonoros 29,9 milhões do Sevilla. Até então, o lateral mais caro da história do futebol. 

As caras aquisições deram certo, e o clube conquistou tudo o que disputou naquele  ano - campeonato espanhol, Liga dos Campeões e Copa do Rei. Sendo assim, os quase 90 milhões investidos pareceram nada comparado aos êxitos logrados pela esquadra. 

Em 2009-10 as coisas seguiram da mesma forma, sempre acompanhado por jovens jogadores, grandes nomes chegavam ao clube sem levar muito em consideração o preço. Ibrahimovic foi o grande "esbanjo" da vez. Custando 66,6 milhões de euros (somando o valor de Samuel Eto'o que entrou como troca no negócio), o sueco teria uma passagem relâmpago por Barcelona, marcando 21 gols, em 45 jogos. Muitos dizem  que a personalidade forte do atacante, não bateu  muito bem com o genio nada fácil de Guardiola, o que acarretou em uma saída inesperada em meados de 2010. 

Essa temporada também marcou o primeiro "pedido errado" do técnico, que forçou a diretoria a pagar 25 milhões de euros ao Shaktar Donetski pelo zagueiro Chygrynski, que jamais  entrou em campo em uma partida oficial com a camisa 'culé'. Ao todo foram investidos mais de 110 milhões de euros em contratações; quase 24 milhões acima da temporada anterior. No entanto, apesar do insucesso na Uefa Champions League, os títulos mais uma vez vieram: campeonato espanhol, supercopa da Espanha, supercopa da Uefa e mundial de clubes. 

A janela de verão de 2010 foi um tanto quanto conturbada. A diretoria não gostou nada de perder dinheiro em jogadores como Ibrahimovic e Chygrynski, que deixaram o clube por valores bem inferiores aos que ingressaram um ano antes. Somados, o clube teve um prejuízo de quase 53 milhões de euros com as vendas, já que ninguém aceitou pagar o que Barça pediu. Mas todos sabiam que não adiantaria mantê-los por mais uma temporada, pois na próxima janela os mesmos estariam valendo menos ainda, pois Guardiola não mudaria de ideia. 

Como os gastos e prejuízos com contratações vinham sendo compensados com títulos e muito mais dinheiro entrando, os mandatários do clube catalão seguiram dizendo amém aos desmandos de Pep, que em maio de 2010 anunciou que não tinha interesse em renovar o contrato de duas peças importantes do elenco; Thierry Henry e Rafa Márquez, o que outra vez teve que ser explicado pelo presidente da instituição. 

Em contra partida, as contratações de David Villa (€40M), Javier Mascherano (€19M), Adriano (€9,5M) e Affelay (€3M). Quatro reforços que custaram a bagatela de 71 milhões de euros. Resultado: tricampeonato espanhol, título da Liga dos Campeões e da supercopa da Espanha. Três anos de trabalho, e incríveis dez troféus conquistados. 

A última temporada de Pep no comando do clube contou com apenas dois reforços, não que isso tenha diminuído o valor dos mesmos. Cesc Fábregas e Alexis Sánchez custaram aos cobres blaugranas mais de 75 milhões de euros; mais uma vez números que transformavam o Barcelona em algo muito diferente do que era antes do treinador. Porém, a verdade é que Guardiola sempre soube aproveitar muito bem as peças que teve nas mãos. Mais quatro conquistas: supercopa da Espanha, supercopa da Uefa, copa do Rei e mundial de clubes. O balanço final foi muito positivo. Apesar de um investimento recorde em contratações, quase 346 milhões de euros em quatro anos, foram quatorze títulos no período. Sem contar que o Barcelona assombrava o mundo com um estilo de jogo único que encantou os amantes do futebol. Foi demais! 

Bayern de Munique 

Após um ano sabático morando nos Estados Unidos, Guardiola assume o Bayern de Munique em 24 de junho de 2013. Nas mãos do técnico, um clube que acabara de vencer a tríplice coroa uma temporada antes, e que já dominava o campeonato alemão de modo a deixa-lo monótono e previsível. Por isso, o objetivo era dominar a Europa. 

Foi inegável já na temporada de estreia a mudança de estilo de jogo dos bávaros. De uma equipe que se desfazia da bola com facilidade, pra um time que tinha uma porcentagem absurda de posse da mesma. Apenas duas contratações, nada muito assustador, até porquê, os alemães não costumam largar dinheiro com facilidade sobre a mesa. Thiago, meia que foi promovido das categorias de base do Barça pelo próprio Guardiola, e Mario Götze, uma petição do treinador mesmo antes de Pep assumir a equipe. Pra começar, 62 milhões de euros investidos, e quatro títulos: Liga, copa nacional, supercopa da Uefa e mundial de clubes.

Coincidência ou não, a temporada mais fraca da carreira de Guardiola aconteceu em um ano onde nem sequer 1 euro saiu dos cofres do clube pra contratação de jogadores. Sem títulos em copas, apenas a previsível Bundesliga pôde ser comemorada pelo treinador e seus comandados em 2014-15. 

A temporada 2015-16 era a última de Pep Guardiola no comando do clube bávaro, e a necessidade de uma conquista relevante obrigaram a diretoria a atender alguns pedidos do treinador catalão. Quatro reforços, entre eles Arturo Vidal e Douglas Costa, que juntos somaram mais de 80 milhões de euros. Entretanto, nada de Liga dos campeões. Apenas o campeonato alemão - pra variar - e copa nacional, nada além daquilo que os torcedores do Bayern já estavam acostumados a ganhar todos os anos. 

O Bayern gastou bem menos do que o Barcelona com Guardiola, no entanto, ganhou na mesma proporção em que investiu. Foram 6 títulos, apenas um a nível continental - a supercopa Uefa na temporada de estreia. Os 143 milhões de euros investidos na 'era' Pep Guardiola não foram capazes de trazer o domínio europeu tão sonhado pela diretoria, que depositou no comandante todas a esperanças e não teve o retorno desejado. 

Manchester City

Apesar de ter sido apresentado na Inglaterra apenas em 03 de julho de 2016, a contratação de Guardiola pelo City já estava sacramentada desde fevereiro do mesmo ano, quatro meses antes de terminar o seu contrato com o Bayern. A união perfeita: o clube que queria gastar, com o treinador que queria - e muito - contratar. 

Logo na temporada de estreia, um gasto surreal: 186,9 milhões de euros em contratações de jogadores. Um recorde na história do clube até então. No meio dessas contratações estavam o meia  İlkay Gündoğan e o atacante brasileiro Gabriel Jesus. Mas, o investimento não se converteu em títulos e, pela primeira vez na carreira, Pep terminava uma temporada sem levantar sequer uma taça. 

Seria normal treinador e diretoria frearem o ímpeto na hora de contratar na temporada seguinte, porém, o que se viu foi mais uma vez o recorde do clube ser quebrado. Mais de 285 milhões de euros em contratações. Contando com uma inflação feroz no mercado devido a contratação de Neymar pelo PSG junto ao Barcelona, o clube pagou €65 milhões no zagueiro espanhol Laporte, e 50,6 milhões de euros no lateral direito Walker; valores considerados astronômicos em se tratando de jogadores de defesa. 

Mas, dessa vez a temporada não passaria em branco. O título incontestável na difícil premier league, e a conquista da copa da liga inglesa, deixaram claro o quanto o trabalho ainda poderia render frutos. Pensando nisso, a direção do clube decidiu seduzir o técnico a renovar por mais duas temporadas além do vínculo inicial, adiando de junho de 2019, para junho de 2021 o fim do contrato de Guardiola. Os valores salariais não foram divulgados. 

Pep Guardiola é um gênio - na minha opinião. Treinador que gosta da bola, aprecia e exige o espetáculo. Ao longo dos anos tem aprimorado sua forma de trabalhar. No Barcelona ganhou tudo o que era possível ganhar, encantou o mundo com um estilo diferente, dominador, não existem adjetivos que sejam capazes de expressar o que aquilo significou para o futebol. No Bayern as coisas não foram como o esperado, apesar da adoração da imprensa alemã, que tem em sua maioria a certeza de que o clube bávaro jamais apresentou um futebol tão vistoso quanto o visto na 'era' Guardiola. No Manchester City o buraco é mais embaixo - desportivamente falando. Não é tão simples dominar os campeonatos domésticos, a disputa é mais acirrada. Por isso as mudanças, por isso já não se vê no time de Guardiola aquele toque de bola exagerado na intermediária adversária; Pep está mudando, se adaptando as situações que aparecem no caminho. 

O que não muda é a necessidade de reforçar pontos específicos dos quais o mestre acredita ser importante fazê-lo. Ao ser perguntado por um repórter inglês - do qual não encontrei o nome - sobre os valores pagos pelos jogadores de defesa nessa última temporada, Guardiola respondeu: "quando você precisa de determinado jogador para uma determinada posição, ou você paga, ou você paga, o preço é o de menos". A posição que Pep Guardiola se colocou no mundo do futebol o permite escolher, e a escolha será sempre por quem tem condições de manter os mimos daquele que pra muitos é o maior treinador da história desse esporte. Os clubes de Guardiola até hoje investiram juntos 1,2 bilhões de euros sob seu comando, somando mais de 20 títulos. É grana que sai, troféu que entra. 




Crédito das imagens:

Foto 1: Carlos Moraes (cadena Ser, com edição de elclasicosports.com).
Foto 2: Júlio Montagñes (Site oficial do FC Barcelona). 
Foto 3: Júlio Montagñes (Site oficial do FC Barcelona).
Foto 4: Craig Broug (levepic.com).

Foto 5: Site oficial do Manchester City (fotógrafo não divulgado).
Foto 6: Site oficial do Manchester City (fotógrafo não divulgado).



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