O Hospício de Brizolla Junior
Outro
dia, conversava com o amigo Luiz Chaves do El Clasico Sports e lhe disse que tínhamos
a obrigação de contar histórias. Falando de NBA, NFL ou do jogo dos meninos lá
na rua João Moura, nós deveríamos contar histórias.
Ao
ler as respostas de José Carlos Brizolla Junior, consultor de Relações
Empresariais em São José dos Campos (SP), pela primeira vez, pensei em não
contar uma história e deixa-la ser narrada na íntegra pelo nosso colecionador,
mas a sua loucura me chamou atenção:
Mas a maior loucura
mesmo acredito ser as coleções em si. Manter organizado, limpo, guardado e
preservado por décadas! A maioria dos itens estão lá, mas não são vistos,
folheados, manuseados, lidos ou olhados há muito tempo, apenas estão lá por
capricho e loucura minha, com a esperança de um dia deixar para alguém
continuar a colecionar, como minha filha. Mas não tenho muita fé nisso...
Acredito que o foco
das minhas coleções é distração mesmo, fazer algo por prazer de fazer, guardar,
arrumar, manter completo e organizado dentro do possível. Gosto disso, beirando
o TOC, admito. Sou cuidadoso e muito ciumento com minhas coleções, em especial
pelas de Revista Placar e miniaturas de motocicletas”.
Na
minha opinião, a revista Placar não é mais como era antigamente. Por isso, a
árdua loucura de Brizolla é o esforço para manter viva a chama do que era
aquela revista nas décadas de 70 e 80:
“Minha única coleção
que tem divulgação é a de revistas Placar, através do perfil @collectorplacar
no Instagram. É uma página sem fins lucrativos, de um acervo particular,
voltado para a divulgação de capas antigas da revista para colecionadores,
leitores e admiradores da arte no futebol”.
Com
certeza, o mundo seria muito melhor se tivéssemos mais loucos como Brizolla
Junior.
Conheça mais o Hospício
de Brizolla Junior:
- Quais são
suas coleções?
“Desde criança gosto
de colecionar as coisas. Lembro-me de minha primeira coleção, de gibis... tive
mais de 400, entre Turma da Monica, Liga da Justiça, Homem-Aranha, Super-Man,
Os Trapalhões, Tartarugas Ninjas, Batman e por aí vai. Depois colecionei
tampinhas de garrafas, santinhos de políticos, notas de dinheiro, bolsas de
futebol e revistas Playboy. Essas coleções não tenho mais, com o tempo me
desfiz delas, mas tenho outras hoje em dia: a Revista Placar, álbuns de
figurinhas, Cards do futebol italiano, maços de cigarros, miniaturas de
motocicletas e moedas”.
– Revista Placar
“Sou torcedor do São
Paulo FC e da Seleção Brasileira, além do futebol como um todo, como um
esporte.
Por isso, a revista
Placar entrou cedo em minha vida. Como sempre fui amante do futebol e acompanho
desde criança, desenvolvi uma paixão pelo esporte em si, independente de time
ou seleção. Gosto do futebol bonito, bem jogado, aquele jogão, emoção, a arte
envolvida no contexto geral, desde uma fotografia ao drible desconcertante.
Minha primeira edição
foi uma edição especial da conquista do título de campeão Mundial de 1992 pelo
São Paulo FC contra o Milan da Itália, edição de dezembro de 1992 e muito bem guardada até hoje. Daí para
frente não parei mais... comecei comprando nas bancas uma a uma, depois me
tornei assinante da editora Abril, voltei a comprar em banca novamente por um
longo período, assinei de novo por anos, cancelei minha assinatura e atualmente
compro novamente em banca de jornal todo mês. Não sei quantas edições tenho
guardado, mas são muitas, são pesadas, ocupam espaço e já briguei com outras
pessoas por causa delas. Mantenho um perfil no Instagram, sem fins lucrativos,
para a divulgação de capas antigas para outros colecionadores, entusiastas da
revista e admiradores da arte no futebol.
– Álbuns de Figurinhas
“Tenho vários. Alguns
da época de criança, como o Ping-Pong Amazônia de 1991, onde as figurinhas eram
encontradas dentro das embalagens de chiclete e eram sobre os animais e plantas
da floresta. Tenho um álbum de Heróis da Marvel, de super-heróis e seus vilões.
Tenho também dois álbuns do futebol italiano, temporadas 92/93 e 93/94,
realmente italianos, com algumas figurinhas de tecido e outras holográficas.
Álbuns de Copa do Mundo tenho vários, de várias Copas... 94, 98, 2010, 2014,
2018. E ainda tenho figurinhas da Copa do Mundo do chiclete Ping-Pong, Copas de
1986 e 1990.
– Cards
Futebol Italiano
– Miniaturas
Motos
- Moedas
- Outros
“Agora Cards do
futebol italiano, maços de cigarros, miniaturas de motocicletas e moedas são
coleções que tenho, mas que não dou tanta atenção quanto as outras.
Cards do futebol
italiano tenho uma caixa cheia, não sei precisar quantos, mas são muitos, que
comprava na época que colecionava os álbuns do futebol italiano, nas mesmas
temporadas 92/93 e 93/94, além de ter alguns do futebol brasileiro também.
Maços de cigarros
tenho uma pasta com muitas marcas e me lembro de gostar muito desta coleção,
pois eu e todos meus amigos de infância colecionávamos. Era uma febre e ainda
hoje tenho uns raros.
Miniaturas de
motocicletas se deve à minha paixão por Harley-Davidson. Tenho 23 miniaturas
destas motos, onde 12 estão emolduradas e penduradas na parede de meu
apartamento e as outras aguardando o momento certo de ter o mesmo destino,
junto com outros objetos que possuo ligados a esse tema, Harley-Davidson, como
perfume, lata de cerveja, broche, baralho...
E moedas, tenho muitas
de diversos países e de diversas épocas. Algumas ganhadas, outras achadas, umas
trocadas ou compradas, estão todas guardadas e também as tenho desde sempre.
Comecei à guarda-las na infância e até hoje de vez em quando acrescento mais
uma na coleção”.
- Você teve incentivo de alguém ou começou a colecionar por conta própria?
“Não me lembro de ter
um incentivo específico de alguém pelo colecionismo, nem ao certo o porquê de
sempre gostar de colecionar as coisas. O mais próximo disso que me recordo foi
uma tia minha que por alguns anos deu de presente uma assinatura de gibis da
Editora Abril, onde eu e meu irmão recebíamos cinco gibis por mês em casa,
ajudando assim na minha coleção de gibis. Mas sempre gostei de colecionar e sou
muito cuidadoso e detalhista com isso, não sei precisar ao certo com que idade,
mas me recordo de 11 ou 12 anos estar colecionando minhas primeiras revistas e
pastas com recortes de jornais esportivos da época”.
–
Tem um número aproximado dos itens do seu acervo?
“Não tenho um número
exato dos itens das coleções. Nunca tive esse dado, mas aproximadamente tenho
230 edições da Revista Placar, uns 10 álbuns de figurinhas, algo próximo de 400
cards, uns 100 maços de cigarros, umas 60 moedas e 23 miniaturas de
motocicletas”.


– Qual o item mais valioso da sua coleção? Algum destaque
em especial? Relíquia?
“Todos são valiosos,
afinal de contas são minhas coleções e nelas está contido partes e memórias de
minha vida, cada uma com seu valor.
Mas tenho edições da
revista Placar de 1969, maços de cigarros que não existem mais, raros.
Figurinhas antigas. Moedas ainda mais antigas, como algumas do século XIX.
Cards realmente italianos difíceis de achar aqui no Brasil. O que considero
relíquia são três itens: uma camisa de futebol, dois bilhetes de loteria
esportiva e quatro gibis.
Sou são-paulino e
tenho diversas camisas do clube, mas tenho uma camisa em especial que está
enquadrada e colocada na parede da sala de meu apartamento. Está inteira
autografada, frente e verso, por jogadores do São Paulo FC e Guarani FC, de
Campinas, dentre eles Zetti, Telê Santana, Caio, Junior Baiano, Sierra,
Palhinha, Adilson, Doriva, Djalminha, Amoroso, Luisão, Carlos Alberto Silva,
entre outros... Camisa essa de 1994, da época da IBF como patrocinador do São
Paulo FC, que consegui indo a um jogo entre os clubes pelas quartas-de-final do
Campeonato Brasileiro daquele ano, onde o Guarani ganhou o jogo por 4 x 2 e
consegui acesso aos dois vestiários, por isso os autógrafos.
No mesmo dia do fato,
peguei a camisa, abri a costura dela e tempos depois enquadrei a frente e as
costas dela, eternizando este momento.
Já quanto aos gibis,
são quatro exemplares antigos e difíceis de achar – Turma da Mônica n° 01 de maio/1970
pela Editora Globo, o Incrível Homem-Aranha nº 10 de julho/1990 pela Editora
Abril Jovem, A Liga da Justiça nº 03 de março/1989 pela Editora Abril e Batman
nº 06 de fevereiro/1988 pela Editora Abril”.
“Nada em especial,
apenas os itens faltantes, como por exemplo, algumas edições da Revista Placar
que não tenho ainda”.
- O que é ser colecionador?
“Colecionador para mim é ser um apaixonado por algo
que lhe traga prazer e satisfação em ter ou fazer. Não importa de que se trata
a coleção, seu tamanho, preço ou origem, mas sim o valor que ela representa
para quem o coleciona, o sentimento, lembrança proporcionada, além de ser um
agente de aproximação de pessoas, afinal de contas não importa o que você
coleciona, sempre tem alguém que também coleciona a mesma coisa, por mais
bizarra, estranha, exótica ou rara que ela seja”.
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Imagens - Acervo Pessoal
Excelente matéria!! Precisamos mesmo de muito mais loucos como este. A paixão por eternizar memórias. Muito bom, parabéns!
ResponderExcluirExcelente matéria!! Precisamos mesmo de muitos loucos como este. A paixão por eternizar memórias. Muito bom, parabéns!
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