Entrevista com Euller, o filho do vento
Hoje, teremos o segundo jogo da semifinal da Libertadores entre Palmeiras e Boca Junior. Na partida de ida, na Bombonera, o verdão não conseguiu segurar os donos da casa, trazendo na mala um amargo 2 a 0 para o adversário. Mas um certo campeão da América em 1999, ainda acredita. O nosso entrevistado de hoje foi um dos grandes nomes daquela decisão disputada no antigo Palestra Itália contra o Deportivo Cali-COL, que acabou sendo decidida nos pênaltis. Euller foi o responsável pela última cobrança do Palmeiras.
Euller Elias de Carvalho, nascido em 15 de março de 1971 em Felixlândia, estado de Minas Gerais. Começou e encerrou a carreira no América-MG, clube pelo qual atuava quando foi apelidado de "o filho do vento". A alcunha que o acompanhou durante toda a jornada como atleta, se faz presente também após ter pendurado as chuteiras. A escolinha de futebol "os filhos do vento" e os projetos sociais que levam o mesmo nome, deixam bem claro o carinho pelo apelido que o deixou famoso.
A primeira passagem do jogador pelo verdão foi em 1997, quando foi contratado junto ao Atlético-MG. Em 1998, o Palmeiras o emprestou ao Verdy Kawasaki do Japão, retornado em 1999 para viver um dos grandes momentos da carreira. A libertadores de 1999 foi a única conquistada pelos paulistas, o que faz daquele elenco o mais importante da história do clube. Mesmo assim, a torcida de Euller é para que os comandados de Felipão - versão 2018 - conquistem a América pela segunda vez.
Confira agora, na íntegra, o nosso papo com Euller, o filho do vento:
1- Para começar, uma lembrança: o que você sentiu no momento em que caminhou para a bola pra cobrar o último pênalti do Palmeiras naquela final de Libertadores em 99?
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Imagem: globo.com |
2- O elenco fez história com o título da Libertadores e isso jamais será esquecido. Mas o você acha que faltou para vencer também o mundial contra o Manchester, levando em conta que vocês fizeram um bom jogo?
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Imagem: globo.com |
3- Após ser campeão da América com o verdão em 1999, você se transfere para o Vasco e participa daquela virada histórica na Mercosul de 2000: fale um pouco daquele jogo, qual era a sensação da equipe após o primeiro tempo? Acredito que o antigo Palestra Itália seja o Estádio mais importante da sua carreira (risos).
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Imagem: sporTV |
Final da Mercosul 2000...
Foi imprevisto para as duas equipes; tanto o Palmeiras terminar o primeiro tempo com 3 a 0, quanto o Vasco virar pra 4 a 3 no segundo tempo e com um jogador a menos. Então, foi algo que marcou a história do futebol, a história do clube e a história do torcedor. Foi muito bacana, um privilégio estar nesse jogo histórico.
4- Entre tantos clubes pelos quais você atuou, você considera o Palmeiras como o mais importante? E como é a sua relação com a torcida?
Eu não posso ser ingrato com nenhum clube. Tive momentos marcantes em todos os clubes: desde o momento em que eu comecei no América, até o momento em que eu terminei no América-MG depois de ter passado por grandes clubes. Um fato que eu tenho como um privilégio muito grande, é de ter jogado em três equipes da qual as três torcidas são torcidas aliadas - Palmeiras, Vasco e Atlético-MG. Você via que não existia confusão, as torcidas vibravam juntos, comemoravam juntos, tinham acessos à arquibancada um do outro... isso pra mim foi muito legal, pois hoje eu tenho o carinho igual das três torcidas.
5- Voltando um pouco mais no tempo, e sendo eu um grande fã do seu futebol, sempre tive curiosidade de saber: quem lhe deu o apelido de “filho do vento”?
O apelido nasceu em Belo Horizonte, quando eu ainda jogava no América-MG. Foi no começo da minha carreira. O Milton Naves da Rádio Itatiaia, ele narrou um gol que eu fiz em velocidade e me chamou de o "filho do vento". O apelido pegou e, graças a Deus, foi algo que fez parte da minha história de maneira muito positiva. Hoje eu tenho projetos com esse nome dentro do futebol, como projetos sociais e escolinhas de futebol. Então, hoje é realmente uma marca registrada.
6- Falando agora de Libertadores 2018: O Palmeiras mudou completamente de patamar no âmbito administrativo, tendo hoje grandes chances de voltar a conquistar a competição mais importante das Américas 19 anos depois. Qual a sua perspectiva para essa reta final e como você enxerga o atual momento do clube?
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Imagem: globo.com |
7- Seleção brasileira: após participar de jogos das eliminatórias e alguns amistosos, você era muito cotado para ser convoca à copa do Mundo de 2002; existe alguma mágoa com o Felipão por não ter sido chamado?
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Imagem: scpalmeiras.com |
8- Após encerrar a carreira em 2011, quais as principais atividades que o “FILHO DO VENTO” se dedica?
Eu conversei com a minha família, e eu combinei de dedicar um tempo pra ficar com eles, pelo menos um período de cinco anos. Mas, nesse tempo, eu aproveitei também pra me preparar pra ser treinador, que é o meu sonho. Então, eu fiz os cursos da CBF Academy, todos eles e também do Cref. Fiz cursos paralelos também, tudo visando estar preparado pra quando eu tiver uma oportunidade de começar a trabalhar. Agora eu estou fazendo o curso da Uefa, e eu espero em breve poder começar. Não sei como, mas Deus vai proporcionar a oportunidade pra eu poder começar.
9- Você sempre foi um jogador moderno para o seu tempo. Você acredita que se encaixaria bem em um grande clube europeu, ou até mesmo na seleção brasileira, hoje em dia?
Por eu ter vivido essa transição do futebol antigo pro futebol moderno, talvez eu poderia me adaptar ao futebol moderno pela velocidade que eu tinha dentro de campo, e isso ser uma exigência hoje. Porém, se perderia muito na questão de recebimento de bola, uma vez que a gente tinha aqueles meias e volantes de passes longos, de lançamentos, que hoje não se tem mais. O futebol hoje é um futebol de transição de linhas, as vezes com ligação direta dos homens de trás para os homens da frente, fazendo com que os meias fiquem perdidos. Digo com todas letras: nós perdemos os meias e com eles a caraterística do futebol brasileiro. Estamos jogando um futebol europeu, tentando nos igualar a eles. Se você prestar atenção, o futebol europeu ainda é carente de jogadores que fazem a diferença, e por isso eles vem buscar esses jogadores aqui no Brasil.
Nós, nas categorias de base, estamos matando o jogador que faz a diferença. Por isso, estamos passando dificuldade na seleção brasileira. Basta você fazer uma simples análise, pegando a quantidade de jogadores que atuavam no Brasil estiveram na última copa em que vencemos, pra quantidade de jogadores da última em que perdemos. São parâmetros que precisam ser analisado. Você falar que "tem que convocar jogador que conheça jogador da Europa", e na hora "H" se esconde e não faz o que tem que fazer. O futebol brasileiro ficou pra trás. Não, o que nós precisamos é ter a característica do futebol brasileiro dentro da seleção, senão nós vamos estar igual a eles, e estando igual a eles, eles vão sair na frente, você pode ter certeza.
10- Pra terminar: um palpite para Palmeiras e Boca?
Acredito no Palmeiras! Com toda certeza o Palmeiras vai passar! Tem mais time, e mesmo com o resultado da primeira partida e mesmo sendo o Boca, acredito que o Palmeiras vá passar.
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