El Clásico: obsessão europeia

Além ter batizado o nosso site, el clásico tem uma atmosfera diferente de qualquer outro grande confronto no mundo. Os embates políticos, o gigantismo esportivo, a rivalidade Espanha-Catalunha, os personagens impagáveis... o histórico é imenso e cheio de belos - e nem tão belos assim - capítulos escritos ao longo dos anos . Mas hoje vou falar um pouquinho do momento dos dois maiores clubes do futebol mundial, e o que Barcelona e Real Madrid podem oferecer ao maior torneio futebolístico do universo. 

El Clásico: obsessão europeia  

Muitas coisas podem mudar no cenário do futebol europeu. Entram jogadores, saem jogadores, mudam os protagonistas de determinadas ligas e por aí vai. No entando, tem uma coisa que não muda a muito tempo: o favoritismo de Real Madrid e Barcelona quando o assunto é Uefa Champions League. 

Claro que os madridistas levam vantagem no quesito; são 13 conquistas contra 5 do Barcelona. Os blaugranas conquistaram quatro taças entre 2006 e 2015, o mesmo número de taças conquistadas pelos merengues no período, que vem de um histórico tri-campeonato consecutivo. Há uma controversia muito grande em relação às seis primeiras conquistas dos blancos, uma imensa mancha negra pintada nas cores da ditadura franquista. Porém, são "conquistas" reconhecidas pela Uefa, e é isso que vale. 

Vamos entender agora como chegam em questão de elenco as duas maiores forças no futebol mundial na atualidade, para a disputa de mais uma edição da maior competição de futebol do planeta. 

REAL MADRID

O time de Florentino Pérez perdeu a sua grande estrela, Cristiano Ronaldo. Artilheiro das últimas três edições, CR7 é um doutrinador de Champions Legue. O gajo sozinho carrega o mesmo número de conquistas do Barcelona; cinco. Mas não houve acordo entre a diretoria e o português, e Cristiano rumou para a Itália, na busca de conquistar pela velha senhora a taça já tão rotineira para o camisa '7'. 

Além de Cristiano, outra peça fundamental dessas últimas fenomenais três temporadas também se foi: Zinedine Zidane. O francês tinha um imenso domínio sobre o elenco, e teve papel importantíssimo na condução e manutenção do time tricampeão europeu. Zidane foi o homem que convenceu Cristiano Ronaldo de que ele precisaria descansar, para que nos momentos decisivos estivesse nas melhores condições. De fato. Qualquer pessoa que entenda um pouquinho de futebol e acompanhou às últimas edições da liga dos campeões, foi capaz de notar a incrível condição física do CR7 na reta final da competição, um jogo de futebol conduzido como um tabuleiro de xadrez por Zizou. 

Bom, não tem mais Zidane e tampouco Ronaldo. E agora? A pergunta foi feita por muita gente após um início de janela de transferências conturbado pro clube. O  primeiro passo era arrumar um treinador, nem que fosse preciso arruinar a seleção nacional em plena à copa do mundo. Julen Lopetegui foi demitido pela federação espanhola dois dias antes da estreia no mundial, por ter aceitado o convite de Florentino Pérez para dirigir o Real Madrid. A negociação foi feita às costas da federação, que claro, não apreciou nem um pouquinho. Que belo começo, hein? 

Cagada feita, hora de fazer uma análise do elenco. E pelo jeito - até o momento - a direção não acha que Cristiano Ronaldo mereça uma reposição de peso. Até o momento chegaram os goleiros Lunin e Courtois, o lateral direito Odriozola e o brasileiro Vinícius Junior. Neymar e Hazard, por enquanto, apenas nos planos da imprensa madrileña, pois Pérez não parece preocupado. 

Temos que suavizar a questão. O clube perdeu "apenas" Cristiano Ronaldo, mais nenhuma baixa relevante no elenco. Claro que uma baixa do tamanho do português preocupa. Jogadores como Gareth Bale e Benzema, muito criticados por imprensa e torcida, ganharão um papel ainda mais importante dentro do time. Sem contar Isco e Asensio, que se apresentam como as grandes armas de Lopetegui quando o assunto é surpreender o adversário. Lucas Vázquez também é uma opção interessante, sem contar o meio campo, que conta com Casemiro, Modric e Toni Kroos; um trío de respeito. Marcelo, Sérgio Ramos, Varane e Carvajal, formam uma defesa de enorme talento. A proteção de Casemiro permite a quem comanda o Madrid liberar seus dois talentosíssimos laterais, que são providos de qualidades ofensivas de altíssimo nível. 

O Real Madrid tem um time muito forte, apesar de ter perdido força de elenco com a saída Kovasic, que se transferiu para o Chelsea em busca de mais tempo de jogo e, claro, de Cristiano Ronaldo. O banco pode ser um problema? Talvez. Mas, não há como negar a força da camisa e a base forte dos merengues. Sem dúvidas a equipe comandada por Julen Lopetegui dará muito trabalho em mais uma temporada na Uefa Champion League. 

BARCELONA

O Barça conquistou seu último título da competição na temporada 2014/2015, ano em que o trio formado por Messi, Suárez e Neymar arrepiou o futebol europeu com atuações  impressionantes. 

De lá pra cá uma coleção de eliminações nas oitavas de final. Em 2015/16 o algoz foi o Atlético de Madrid, um confronto doméstico que tem sido bem complicado para os blaugranas quando o assunto é competição europeia. Em 16/17, a Juve de Dani Alves foi a responsável por eliminar o Barça, com direito a um sonoro 3 a 0 em Turim. Na última temporada uma desclassificação bizarra. Após vencer por 4 a 1 à Roma em Barcelona, Messi e companhia conseguiram a proeza de sofrer um 3 a 0 improvável no Estádio Olímpico, culminando em mais um vexame histórico. De fato, os últimos três anos não foram fáceis a nível continental para os culés. Pensando nisso, a diretoria parece não poupar esforços pra reforçar o elenco em busca do hexacampeonato. 

A janela de transferências de meados de 2017 não foi nada fácil. A venda de Neymar causou uma inflação absurda no mercado, trazendo uma dificuldade enorme para que o clube conseguisse concretizar negociações. Nessa janela as coisas já parecem um pouco mais calmas. O clube mostrou ter aprendido a vender, arrecadando quase 128 milhões de euros com às vendas de Yerry Mina (Everton-ING), Lucas Digne (Everton-ING), Gerard Deulofeu (Watford-ING), Aleix Vidal (Sevilla-ESP), Marlon (Sassuolo-ITA) e Paulinho (Guanghizou-CHI). Pra se ter uma ideia, dois jogadores (Paulinho e Mina) que deixam o clube apenas uma temporada após serem contratados - no caso de Yerry Mina apenas meia temporada - renderam aos cofres de Josep Maria Bartomeu cerca de 30 milhões de euros a mais do que fora investido inicialmente. Um lucro de 54,8% em apenas um ano. Incrível!

As contratações também foram interessantes. Arthur, meia de imenso talento contratado junto ao Grêmio chega com a responsabilidade de usar a camisa '8' deixada por Andrés Iniesta. O jovem de apenas 22 anos é uma das apostas do clube para o futuro e, quem sabe, para o presente. O zagueiro Clement Lenglet foi outra ótima aquisição. Lenglet, que chega do Sevilla para compor o elenco, já mostrou muita qualidade em seu ex clube, e promete brigar por posição. Arturo Vidal foi a última contratação feita pelo Barcelona até o momento, tendo custado "apenas" 18 milhões de euros. O jogador estava com o vínculo perto do fim com o Bayern de Munique, e em poucos meses poderia assinar um pré-contrato com qualquer clube que tivesse interesse. Por isso os alemães decidiram liberar o chileno por um valor bem abaixo do que valeria em condições normais. Malcom, brasileiro contratado junto ao Bordeaux da França, na minha opinião foi a única contratação "duvidosa" para a temporada, pois não sabemos o que esperar. 

De um modo geral, o Barcelona parece ter reforçado o seu elenco. As contratações serão - ao que tudo indica - de grande valia. Jogadores com pouca utilização deixaram a equipe, o caso de André Gomes, Lucas Digne e Mina. Rafinha voltou de empréstimo junto à Inter de Milão, e parece estar com muita vontade de conquistar um espaço no rodízio. Dembélé fez uma ótima supercopa da Espanha, marcando, inclusive, o gol do título. Philippe Coutinho ainda precisa encontrar o seu melhor posicionamento, o mesmo que apenas Ernesto Valverde parece não enxergar. O brasileiro, que foi o melhor jogador da nossa seleção na copa da Rússia, poderá jogar essa edição da Liga dos campeões com o Barça, já que perdeu o mata-mata da última temporada por ter atuado pelo Liverpool na fase de grupos. Lionel Messi ainda é o pilar desse time, e prometeu na apresentação do elenco no Camp Nou que ele e os companheiros "farão de tudo pra levar a Uefa Champions League de volta para o Camp Nou." Messi, que fez um mundial muito aquém das suas qualidades, tem no Barça o seu porto seguro, e é simplesmente outro jogador quando se veste de azul e grená. 

Por isso tudo, vejo o Barcelona com boas possibilidades de retomar o seu espaço no futebol europeu após quatro anos. A genialidade de Messi, a juventude aliada ao talento de Dembélé e Coutinho, com o apoio de um elenco cheio de boas opções, são fatores que apontam o Barcelona como um dos grandes favoritos à orelhuda 2018/2019. 

Observações finais

Essa é e será sempre a principal competição do futebol europeu, o foco de todos os grandes clubes do velho continente. Barcelona e Real, Real Madrid e Barça, clubes gigantes que dominam a competição nos últimos cinco anos, com ampla vantagem madridista, 4-1. Esse é mais um motivo para essa disputa ser ainda mais acirrada nessa temporada. A saída de Cristiano Ronaldo, a gana barcelonista em quebrar a hegemonia dos blancos, aliada a necessidade do Real Madrid em provar ser capaz de vencer a Champions sem Cristino Ronaldo após 16 anos, são ingredientes que tornam essa disputa um espetáculo imperdível. 

Apontar um favorito entre eles seria um mero chute. O Real vem demonstrando mais competência a nível europeu, e isso é um fato que pende a favor do time da capital. Enquanto isso, o Barcelona tenta recuperar o poder de decisão que marcou os culés no século XXI. Vale a pena ficar ligado na Uefa Champions League 2018/2019, em especial, nos dois maiores clubes do Mundo. 

Títulos:

Real Madrid: 

1956, 1957, 1958, 1959, 1960, 1966, 1998, 2000, 2002, 2014, 2016, 2017 e 2018. (13)

Barcelona:

1992, 2006, 2009, 2011 e 2015. (5)

Créditos das imagens: Uefa.com