Um livro de cabeceira chamado Brasil
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A saga do Hexa começou na Copa
das Confederações de 2013. Num sábado perdido daquele ano, saímos, Camilla,
aquela que viraria a musa da Copa de 2014, e eu, para vermos o jogo de abertura
entre Brasil e Japão em Brasília.
Duas semanas depois, nosso
destino foi o novo Maracanã, para testemunhar o triunfo de nossa Seleção sobre
a Espanha. Soou um canto, que sempre me incomodou: “O Campeão voltou!!”,
enquanto eu me perguntava – e ainda me pergunto – se realmente ele teria voltado.
No ano seguinte, a Copa das
Copas. Ainda não éramos três, mas Pedro, nosso Pedrinho, já estava lá, notícia
esta que tivemos em 01/07/2014, dia que vimos a Argentina superar a Suíça nas
Oitavas de Final, aqui no Itaquerão.
Passamos pela Croácia, Chile e
Colômbia, sempre lá torcendo nas Arenas construídas/reformadas com verba
pública. Não fomos ao 7x1, mas não me canso de dizer, e ainda acredito, que se
estivéssemos lá o Brasil não sairia derrotado, pois torcedor que é torcedor
sempre acredita que é a sua superstição que ganha ou perde jogos.
Nestes anos de Esporte jamais vi,
presencialmente, o Brasil perder qualquer jogo, mas isso só serve para aqueles
que acreditam, embora, mesmo aqueles que não creem, vivam repetindo alguma
mandinga que deu certo.
Vivemos a Copa do Mundo em nosso
País sem esquecer dos problemas que passamos por culpa sua, nossa e de todos os
brasileiros que aqui vivem.
Veio 2016 e com ela a companhia
do Pedrinho na caminhada do Ouro Olímpico. Do jogo de abertura novamente em
Brasília à coincidência da final no Maracanã, com o sofrimento ao estilo
Corinthians do último pênalti convertido. Zeramos o jogo. Penta nas Copas;
campeão nos Jogos Olímpicos.
Chegou a Copa do Mundo de 2018 na
Rússia.
Tenho parcas lembranças da Copa de
1982, eu era alguns meses mais velho do que o Pedro na sua primeira Copa; mas
me lembro perfeitamente da Copa de 1986 e de ter descido para chutar uma bola
com meu irmão – este sim com a idade do Pedro à época – após os jogos, mesmo
após a derrota para a França.
Honestamente, tenho certeza,
ainda não sabia a dimensão de uma derrota da Seleção Brasileira numa Copa do
Mundo. Mas eu estava lá, imitando Sócrates, Zico, Careca, outros época...
Tentei criar uma Copa lúdica para
o Pedro.
Me lembrei muito do filme “A Vida
é Bela” nestas três semanas que se passaram. Eu e a agora Musa da Copa e das
Olímpiadas fizemos de tudo para que o pequeno rapaz passasse por um verdadeiro conto
de fadas de Charles Perrault que o fizesse lembrar da sua primeira Copa;
talvez mais eu, mas juntos, criamos a rotina de encher balões, pintar o rosto e
colocar nossa camisa do Brasil nos dias dos jogos. Colocar bandeirinhas e a
bandeira do Brasil na sacada. Decorar a sala. Gritar gol do “Brasiiilll”
na janela, repetindo o som já tradicional do “Vai Corinthians!!” para
provocar os vizinhos.
Ontem, eu, numa verdadeira
angústia, sentado em cima da bola do ouro olímpico de 2016, via o jogo num
canto da sala; Pedro, dentro da sua euforia, no meio dos amigos que aqui se
encontravam, pegou a sua bola e se sentou ao meu lado.
Do alto dos seus três anos e
quatro meses, sabiamente, esperava que algo acontecesse, um lance, um gol, um
lance de genialidade. Queria meu colo, embora fosse eu que estivesse
precisando. Queria gritar na janela, porém, do outro lado, tinha um goleiro com
roupas negras, um verdadeiro gigante defensor do castelo belga.
Tal qual seu pai em 1986,
Pedrinho ainda não tinha a dimensão do tamanho da derrota da Seleção Brasileira
numa Copa do Mundo.
O jogo acabou e o resultado todos
sabemos. Pedrinho pegou a bola dele e a chutou para mim. Eu devolvi. Ele correu
atrás. Derrubamos alguns porta-retratos. A mãe dele reclamou. A tristeza e a
conversa na sala continuaram.
Eu queria estar numa redoma.
Apenas chutando uma bola. Eu e Pedro. Pedro e eu. Quem sabe numa verdadeira
Arena de Copa do Mundo. Em nosso país. Em outro. Quem sabe em outro Planeta Terra
ou mesmo em outro momento de construção histórica. Trocando passes. Uma
tabelinha até o gol. O gol de uma Nação. O gol dos nossos Sonhos.
Embora não tenhamos tido uma Copa
dos Sonhos, foi um sonho de Copa. Não me canso de repetir, não se trata
meramente de um Esporte.
Temos nossos problemas, daqui
alguns meses teremos eleições e a responsabilidade de mudar o País em prol dos
nossos pedrinhos.
Afinal, são por esses pedrinhos
que devemos lutar, independente das cores de nossos times políticos. Dias
atrás, vi fotos dos meninos da amiga Daniella chorando após a derrota da
Alemanha, com certeza, também choraram ontem nos braços de seus pais
germano-brasileiros. Escutei o choro do filho do meu vizinho. Horas depois,
também soube que nosso afilhado Lucas também estava triste. Enquanto uns
adultos xingavam, nossas crianças não acreditavam.
Este capítulo de nossas vidas
ainda não acabou.
Que as lágrimas de 2022 sejam de
alegria com o Hexa no nosso peito.
Que tenhamos em 2022 um Brasil
melhor do que temos hoje.
A próxima luta é mudar este País.
Por nossas crianças, não podemos demorar para escrever e terminar este livro.
Porque não se trata meramente de um Esporte.
PS.: Essa não é uma Carta, nem
poderia ser. É mais uma crônica, uma crônica de nossas vidas. Verdadeira carta
escreveu o jornalista Marcelo Barreto, da SporTV para seu filho, também Pedro.
Eu, você, todos nós as escreveríamos, quiçá com outras vírgulas, para nossos
Pedros, Josés, Heloísas, Lucas, Bernardos, Felipes, Rodrigos, Julias, Théos,
Alices, Olívias, Marias, Wendersons e muitos outros.
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