Golden State All Stars: Quando a apelação vira covardia.
Quando Oscar Robertson entrou na luta contra a NBA, para gerar os moldes do que hoje é a Free Agency, para que os atletas tivessem a liberdade e o direito sobre as suas próprias carreiras, ele não sabia o impacto que essa luta teria nos dias de hoje. Negativo. Infelizmente.
Muitos culpam LeBron James pelo início dos super times, quando ele abriu mão do Cleveland Cavaliers para se juntar a Wade e Bosh no Miami Heat. Time que posteriormente, ele deixou após a conquista de dois títulos, afim de se juntar novamente a outras estrelas, dessa vez retornando para Cleveland, se unindo a Kyrie Irving e Kevin Love, para depois de treze anos na liga, conseguir cumprir a sua promessa de dar o primeiro título para o time da cidade que o draftou.
LeBron abriu assim o precedente para que novos super times se formassem. O primeiro deles foi o grande carrasco de LeBron nas últimas quatro finais em que disputou, o Golden State Warriors. O time de Oakland, precisamente montado através de escolhas de Draft, com um elenco repleto de atiradores de elite, entre eles o duas vezes MVP, primeiro eleito de maneira unânime na história da premiação, Stephen Curry. O time que já era surpreendente a ponto de se tornar o melhor time da história da temporada regular, ao quebrar o recorde dos Bulls de Jordan com uma campanha de 73 vitórias em 2016, chocou ao receber há duas temporadas atrás aquele que para muitos é o segundo maior jogador do mundo na atualidade, atrás apenas de LeBron James. Kevin Durant foi muito criticado na ocasião, principalmente na segunda temporada na equipe, quando abriu mão de alguns bons milhões de dólares para que o time não ultrapassasse o teto máximo e mantivesse todo o seu arsenal, podendo assim, conseguir o que se confirmou ao final da temporada 2017/18: o bi-campeonato, o terceiro em quatro anos. Fazendo com que LeBron James voltasse a provar do seu próprio veneno.
Deste modo, surgiram novos elencos de peso, com o intuito de parar o time de Golden State e seus quatro All Stars: Chris Paul se juntou a James Harden em Houston, Carmelo Anthony e Paul George se uniram ao MVP Russel Westbrook em Oklahoma, e dessa forma, fizeram com que para muitos, a final da conferência Oeste da NBA fosse considerada a final antecipada da liga, uma vez que qualquer time do Leste que passase, não seria capaz de parar uma das potências que avançassem do outro lado do continente para a grande final.
Mas nada está tão ruim que não possa piorar. Certo? E após LeBron James anunciar sua ida para o Los Angeles Lakers (desta vez para se juntar a um time não tão estrelado) e os fãs tradicionais começarem a sonhar com um retorno da rivalidade Lakers e Celtics em uma possível final, relembrando o ápice das disputas entre Magic e Bird, a Free Agency prova que nunca estamos de fato prontos para tudo. Os quatro All Stars do Golden State Warriors, viraram cinco. Com o acréscimo de Demarcus Cousins ao elenco, com exceção de Curry (lesionado na ocasião), todos os possíveis titulares para a proxima temporada estavam na seleção americana campeã das Olimpíadas de 2016. Isso mesmo, a melhor equipe dos últimos quatro anos da NBA, se já não bastasse isso, agora é basicamente um Dream Team dentro de um campeonato que teve toda a sua estrutura moldada ao longo dos anos com o intuito de gerar mais equilíbrio entre as equipes.
O fato não deixou de gerar revolta nos fãs da liga. A maioria alegando o óbvio; que a Conferência Leste passou a ser meramente ilustrativa, mesmo com o ótimo elenco dos Celtics, que devido as lesões, ainda não puderam mostrar seu potencial. Talvez o aumento do teto salarial das equipes, concedido pelo comissário Adam Silver, pudesse ter prejudicado esse equilíbrio da liga, mas não, muitos astros estão abrindo mão de salários compatíveis com suas habilidades apenas para se juntarem a equipes com chances de títulos. Provando que não existe mais amor pela camisa ou mesmo o respeito pela liga em si. Apenas um anel importa, indiferente de, se o time que lhe conceda a glória seja um rival de conferência ou o seu algoz em uma final na temporada anterior.
Na NBA de hoje vale tudo para se tornar campeão, até mesmo ir contra quem com amor, mantém vivo todo o esporte: os fãs. E para que a maior liga de basquete do mundo não perca de vez o respeito de quem a sustenta, alguma medida precisa ser tomada, e urgente.
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