Road to Road 2 – O "flashback" da NHL
O ano de 2014 representou um divisor de águas para nós,
Camilla e eu. Pedro já se encaminhava para alegrar nossa casa, por isso,
decidimos que ele merecia o nosso esforço para comprar o seu enxoval em terras
americanas. Diante das dicas iniciais dadas no primeiro texto desta série,
montamos nosso roteiro com o calendário dos Esportes Americanos em mãos,
decidindo por comprar nossos ingressos pela Ticketmaster.
Era novembro e, sim, possível, assistir ao Miami Dolphins
numa noite de quinta-feira (famosa Thursday Night Football). Possível,
mas o receio de que o vôo de chegada à Miami, imigração, locação de carro, se
perder na estrada e etc nos fez desistir desta empreitada. Eu me lembro de
passar em frente do Sun Life Stadium exatamente às 21:25 hs e falar
para minha esposa, Camilla: “Nós deveríamos ter comprado os ingressos.”
Por isso, em viagens como estas, cuja frequência não é justamente aquela que
nos permitiria ir de forma costumeira, sempre arrisque. Não tenha medo. Compre
seu ingresso, pois eu sei, imagino que sim, que, mesmo que tivéssemos chegado
mais tarde ao jogo do Miami Dolphins, teria sido uma experiência fantástica.
Passamos pelo iluminado Sun Life Stadium (hoje, Hard
Rock Stadium), seguimos caminho pelas estradas da Flórida e chegamos em
Sunrise, cidade próxima e conhecida por ter um famoso Outlet, mas também por
ser o local onde o Florida Panthers recebe os seus adversários.
Por coincidência, ficamos hospedados no mesmo hotel onde
estavam os jogadores do NY Islanders que jogariam no BB&T Center contra
nossos amigos Panthers.
No dia seguinte, fomos cedo para o jogo, já pensando naquele
trânsito que haveria nas proximidades. De posse do nosso tíquete de estacionamento,
paramos o carro dentro do BB&T Center. Do lado de fora, pude ver que tudo
era muito organizado e que o receio de que houvesse algum congestionamento não
passava de preocupação de quem costuma ir nos jogos de futebol aqui no Brasil.
Mais do que isso, vi que existia um bolsão de estacionamento gratuito em frente
ao ginásio e que não havia razões para ter medo de ter o carro riscado ou
roubado. Tudo funcionava como deveria ser: organizado e com segurança.
Nos dirigimos ao portão de entrada. Em frente ao ginásio,
crianças se divertiam em diversas atividades pré-jogo. Havia música com DJs e
famílias, muitas famílias se preparando para entrar.
Independente do seu medo de ser tudo parecido com os eventos
esportivos no Brasil, vale a dica de chegar cedo com no mínimo uma hora de
antecedência ao início do jogo. Isso te permitirá participar das atividades
pré-jogo, “passear” pelas Arenas, tirar fotos, fazer bagunça pelos corredores,
ir nas lojas oficiais, comer um hot-dog e tomar um refrigerante.
Logo na entrada, uma loja com produtos do Florida Panthers e
aqui trago mais um conselho: Se ver algo numa destas lojas que lhe interesse, não
pense duas vezes. Compre. Se for caro, analise as finanças, mas não tenha a
esperança de que poderá encontrar aquele produto em outro lugar e mais barato.
Você não vai achar. Se achar, vai ser parecido, mas nunca igual ao que você viu
na loja oficial do ginásio. No meu caso, vi e não comprei uma Jersey do Florida
Panthers e me arrependo até hoje. Sai com um puck, mas sem a Jersey para
minha coleção.
Você perceberá que existem muitos idosos trabalhando nos
dias de jogos da NHL, NBA, NFL, etc... e isso nos chamou atenção. Eles te
atendem na lanchonete, nos corredores, nos setores onde você assistirá ao jogo,
sempre com muito orgulho da função e tarefa que estão exercendo.
Aliás, lugar marcado é lugar marcado. Se seu assento é o A3,
não pense em sentar no B4. Não pense em esperar começar o jogo e tentar sentar
num lugar melhor, porque você passará pelo constrangimento de ser colocado no
lugar correto. Vale como dica, mas principalmente como ser educado e respeitar
os seus limites e o do próximo.
Eu destaco toda a cerimônia pré jogo, incluindo o culto ao
Hino e Bandeira nacionais que envolve todos os torcedores em uníssona voz e
demonstração de patriotismo.
Quem já assistiu aos jogos da NHL pela ESPN Brasil ou mesmo
jogou uma partida de hóquei no gelo nos X-Box da vida, sabe que a intensidade
dos jogadores é enorme, com muita velocidade e até violência em alguns
momentos. Multiplique tudo isso pela emoção de estar naquele local, onde aquela
sensação de frio na barriga aumenta e, em muito, por conta do gelo que torna a
áurea do local numa verdadeira arena de gladiadores sobre patins. É isso que
você sentirá.
Como estávamos grávidos, decidi que teríamos diversas
comemorações durante nossa viagem. Uma delas, homenagear a futura mãe. A
questão seria como fazer isso e eu te respondo: internet, e-mail e o site
oficial do Florida Panthers. No planejamento pré viagem, entrei em contato com
o clube por e-mail, não me lembro se Departamento de Marketing ou Atendimento
ao Torcedor, contei-lhes o que queria fazer e fizemos em conjunto: “Não
saia dos seus lugares”, foi o recado dado, “no intervalo do
primeiro para o segundo quarto, nosso mascote Stanley fará uma surpresa”.
No horário marcado, lá veio Stanley e seus assistentes com
uma sacola de presentes e um buquê de flores. A esposa-futura mãe não entendia
nada, mas o seu coração pulsou mais forte e se emocionou.
Após um início avassalador do NY Islanders, o Flórida
Panthers se recuperou, levando o jogo para a prorrogação.
O jogo havia esquentado e quase derretido o gelo.
Empate mantido, a decisão foi para os pênaltis deles (Shootouts),
onde o time visitante levou a melhor. No meio de nós e da torcida dos Panthers,
destacava-se um único indivíduo com a camisa do jogador John Tavares dos
Islanders. Em todas as suas comemorações e gritos, não foi hostilizado em
nenhuma vez, saindo sozinho, mas triunfante ao final do jogo.
Partida encerrada, saímos de nossos lugares, descemos as
escadas do BB&T Center e fomos em direção ao estacionamento. As lojas ainda
estavam cheias, mas naquele momento eu ainda não tinha me atentado para o
futuro arrependimento que eu sentiria por não ter comprado aquela Jersey dos
Panthers.
Do lado de fora, tudo organizado. Carros e torcedores a pé
indo embora, como se fosse mais uma noite tranquila em Sunrise, Flórida.
Em poucos minutos, estávamos no hotel, Camilla com seus
presentes; Pedrinho na barriga da mãe com seu Stanley de pelúcia o esperando e
eu, com meu puck e o futuro que já nos unia.
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