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Entrevista com Danrlei, ídolo do Grêmio



Todo clube de futebol tem seus ídolos, aqueles jogadores dignos de respeito eterno. O Grêmio de Foot-ball Porto Alegrense não é diferente. O tricolor gaúcho é gigante, um dos clubes mais vitoriosos do nosso futebol. Na sala de troféus, nada menos do que três Libertadores da América, 2 campeonatos brasileiros e 5 copas do Brasil; sem contar o mundial de clubes de 1983 e as demais taças espalhadas pelos anos de sua rica história.  

Nas dez temporadas em que defendeu o 'imortal', Danrlei colecionou conquistas; foram dezenove taças entre 1993 e 2003. Entre esses títulos, 1 campeonato brasileiro, 1 Libertadores e 3 copas do Brasil; uma marca que o coloca no altar dos heróis tricolores. Mesmo com tudo isso, o ex-goleiro não teve uma saída digna de seu currículo. Ao final de 2003 o clube passava por uma reformulação administrativa e desportiva, e, no meio disso, jogadores como Danrlei, Roger e Tinga não tiveram seus contratos renovados. Em nossa entrevista, Danrlei garante que "não existe nenhum tipo de ressentimento", mas que se pudesse ter escolhido "nunca teria deixado o clube". 


imagem: IG Esportes
Após fazer história no clube do coração, o ex-jogador passou por Fluminense-RJ, Atlético-MG, Beira Mar-POR, São José-RS e Remo-PA, até encerrar a carreira no Brasil de Pelotas-RS em 2009. 

Em 2011, Danrlei ingressou na política sendo o quarto candidato mais votado e eleito Deputado federal pelo Rio Grande do Sul com mais de 170 mil votos. Segundo o mesmo, "a torcida gremista teve muito a ver com isso". Como entrevistador, até tentei falar sobre política com o ex-goleiro, que com muita elegância preferiu não se manifestar. 

Confira agora, na íntegra, a nossa entrevista com Danrlei, ídolo da história do Grêmio: 



1 - Como foi o seu início no Grêmio? Você sempre quis ser goleiro, ou atuou em outras posições em algum momento? Sempre foi gremista?

Bom, o meu início foi igual início de qualquer outro atleta. Começando na base com 14 anos, subindo fase por fase... normal. E eu  cheguei a jogar vôlei, basquete, mas  nunca joguei em outra posição. E sim, nasci gremista, sempre fui gremista, é algo que eu trago desde o início. Eu peguei uma fase muito boa grêmio, campeão do mundo  e todo mais.

4 – As quartas de finais da Libertadores de 1995, entre Palmeiras e Grêmio, talvez tenha sido o mata-mata mais impressionante da história. Como foi não estar em campo naquele segundo jogo e, de longe, ver o Palmeiras chegar perto de empatar o confronto? 

Imagem: Gazeta Pass
Não estar no segundo jogo Grêmio e Palmeiras foi uma das maiores tristezas que eu tive na minha carreira. O que eu mais queria era ter podido jogar  aquele jogo. Infelizmente não deu, mas o importante  é que a gente passou. Obviamente eu não esperava que seria daquela forma, pois a gente imaginava que seria mais tranquilo. Mas as coisas no Grêmio são assim (emocionantes) e o importante é que deu certo, né?! Ficar em casa vendo pela televisão foi a pior coisa, foi horrível, pois nenhum atleta gosta de ficar de fora. 

3 – Como é a sua relação com os torcedores do Grêmio hoje em dia? Você se ressente por não ter encerrado a carreira no clube? Afinal, você é o maior da história do tricolor nessa posição. 

Minha relação com torcida do Grêmio é a melhor possível. Tanto que eu sei  e acredito que hoje eu estar como deputado federal se deve muito isso, à torcida do Grêmio. 

E não me ressentido com nada, porque se dependesse de mim eu nunca teria saído do Grêmio, se dependesse de mim eu ficaria a minha vida inteira, encerraria minha carreira no Grêmio. Não ter ficado foi uma decisão e uma vontade dos dirigentes que estavam lá naquele momento e eu respeito isso. Eles (dirigentes) tem todo direito. Então, faz parte da vida, a vida quis que fosse dessa forma. Óbvio que se fosse para escolher, como eu falei, não teria saído nunca. E mais, eu teria terminado a minha carreira no Grêmio,  ficaria a vida inteira.

4 - Após 10 anos no tricolor gaúcho, onde você conquistou inúmeros e importantíssimos títulos, você deixa o clube ao final de 2003. Sei que foi uma saída conturbada. Como aconteceu, existe alguma mágoa?

Imagem: globoesporte.com
Eu acho que a última pergunta praticamente respondeu essa. Foi uma decisão, uma vontade dos dirigentes daquele ano, junto com o treinador (Adilson Batista), de trocar atletas. Saímos eu, o Roger, Tinga  e mais alguns jogadores. Ele tiveram uma filosofia diferente da que existia no clube e acharam - e quiseram -  trocar. É um direito de todos os dirigentes que estão no clube no momento. E como eu falei, não tem ressentimento com o clube nem com ninguém, é do futebol!  Óbvio que se eu pudesse ter escolhido eu nunca teria saído, minha vontade era ficar. Mas quem estava no comando do clube naquele tempo tomou a  decisão e escolheu assim.  Faz parte do futebol, paciência.

5 – Dentre tantos títulos, existe um que você considere como o mais importante?

Acho que todo título é importante, até para a história do clube, e poder ter participado e ter ganho ao todo em 10 anos como titular do Grêmio, 19 títulos... todos são importantes para mim. Mas claro, a Libertadores é um título que é importante para qualquer atleta sul-americano e para mim não é diferente. Também tem o brasileiro (1996), mas eu coloco a Libertadores como principal.

6 - Você parou de jogar em 2009, desde então você se dedica à alguma atividade relacionada ao futebol? 

Bom, eu sempre vou me dedicar e trabalhar pelo futebol. Parei de jogar mas continuo praticando esporte. A minha dedicação é para que o esporte seja cada vez mais forte, para que os nossos filhos, netos, nossas crianças aqui no estado e no país, possam ter muito mais oportunidade junto ao esporte. Com certeza eu quero isso!

7 – Como você encara esse momento do Grêmio? A volta dos títulos, o estilo de jogo moderno... Qual a parcela do Renato Gaúcho nisso tudo? E o rebaixamento do Inter em 2016, deixou esse momento ainda mais saboroso? (risos) 

Imagem: globoesporte.com
O momento do Grêmio é maravilhoso nesses últimos anos. A volta dos títulos, a forma de jogar... tudo isso tem como grande responsável  o Renato. Ele conseguiu colocar na cabeça dos atletas as ideias dele, aquilo que ele gostaria. Os jogadores são importantes,  porque são inteligentes e estão vestindo a camisa do Grêmio realmente de coração. E quando o atleta veste a camisa do clube com coração, com força, a tendência  é que as coisas deem certo sempre. 

Eu acho que questão do rebaixamento do Internacional... bom, questões de outro clube eu prefiro não comentar. Óbvio que qualquer gremista, e eu como gremista, gostei... porque até então eles se achavam superiores por nunca terem caído, o que não é verdade, a superioridade está nos títulos e não em um rebaixamento a mais ou a menos. O que vale é o número de títulos conquistados e o merecimento. E como eu falei, em 10 anos consegui 19 títulos, e isso é o que conta. Ter um momento ruim, uma queda, isso aí  faz parte. Mas para nós gremistas foi importante sim, teve um gostinho bom (risos).

8 – Como você enxerga o atual momento do futebol brasileiro? Tanto na questão administrativa, quanto desportiva – nível de jogo e tudo mais.

O atual momento do futebol brasileiro é de mudanças, de uma transição, principalmente na parte administrativa. Os clubes estão tendo cada vez mais que manter 100% em dia suas obrigações, e isso é importante. Acho que a gente está cada vez mais perto do que acontece na Europa, nesse sentido.

Tecnicamente também acho que a gente está numa transição boa, de um futebol  que muitas vezes aqui no país - ainda mais para nós - é mais aguerrido, agora se vê mais toque de bola... acho isso muito para o nosso futebol, acho que é um momento bom. Acredito que o nível vai crescer cada vez mais, óbvio que é difícil ainda a gente brigar com futebol europeu, principalmente na questão de salários e manutenção de atletas aqui no país, mas acredito que cada vez mais estamos tendo atletas de alto nível.

9- Pra terminar: um palpite para a atual edição da Libertadores?

Essa Libertadores eu acho que é uma das mais empolgantes e de maior peso na história. Quatro grandes clubes, e  eu acho que não existe para uma Libertadores onde tem quatro clubes desse nível. um que esteja à frente, melhor,  pior ou que mereça mais. Agora é uma questão mesmo de qual equipe vai estar melhor psicologicamente e entender da melhor forma os jogos. Eu acho que não tem favorito, qualquer um hoje tem a mesma capacidade e condição de ganhar. Exatamente por isso, porque todos têm camisa, todos têm grandes jogadores e eu vou torcer para que seja o nosso Grêmio. Minha parte eu vou fazer, que é torcer muito, ir no estádio e gritar para que o nosso Grêmio possa ser campeão de novo.


Imagem: uol.com


Vale lembrar que hoje, a partir das 21:45 (Brasília), o tricolor entra em campo para enfrentar o River Plate no Estádio Monumental de Nuñes. A partida é válida pelo jogo de ida das semifinais da Libertadores.  



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